On The Island

Por morgadol

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Uma ilha deserta e ensolarada, com vegetação luxuriante e banhada por um mar cristalino pode ser o cenário de... Más

Capítulo 2 - Cheeseburger.
Capítulo 3 - Tom castanho.
Capítulo 4 - Ilha e lembranças.
Capítulo 5 - Fruta-pão.
Capítulo 6 - Fogo e lago.
Capítulo 7 - Coisa azul.
Capítulo 8 - Antidiarreico.
Capítulo 9 - Jimmy Buffett.
Capítulo 10 - John.
Capítulo 11 - Vazio.
Capítulo 12 - Mala.
Capítulo 13 - Conversas.
Capítulo 14 - Torta de chocolate.
Capítulo 15 - Camiseta do REO Speedwagon
Capítulo 16 - Esqueleto.
Capítulo 17 - Tudo em ordem.
Capítulo 18 - Oportunista.
Capítulo 19 - Emma.
Capítulo 20 - Mordida.
Capítulo 21 - Loção de bebê.
Capítulo 22 - Tique-taque.
Capítulo 23 - Água-viva.
Capítulo 24 - Soneca.
Capítulo 25 - Dirty dancing.
Capítulo 26 - Golfinhos.
Capítulo 27 - Vinte segundos.
Capítulo 28 - Ensinando.
Capítulo 29 - Galinha.
Capítulo 30 - Flores.
Capítulo 31 - Feliz aniversário.
Capítulo 32 - Lolo.
Capítulo 33 - Sangue.
Capítulo 34 - Na floresta.
Capítulo 35 - Onda.
Capítulo 36 - Lauren.
Capítulo 37 - Lutar.
Capítulo 38 - Encontrá-la.
Capítulo 39 - Meia-volta.
Capítulo 40 - Tsunami.
Capítulo 41 - Nós duas.
Capítulo 42 - Matéria.
Capítulo 43 - Avião.
Capítulo 44 - Câmeras e flashes.
Capítulo 45 - Ideia minha.
Capítulo 46 - Pessoa certa.
Capítulo 47 - Esgotada.
Capítulo 48 - Alguns compromissos.
Capítulo 49 - Mani.
Capítulo 50 - Cabelos
Capítulo 51 - Festa.
Capítulo 52 - Feliz ano-novo.
Capítulo 53 - Mãe.
Capítulo 54 - Jantar e entrevista.
Capítulo 55 - Universidade.
Capítulo 56 - Garota.
Capítulo 57 - Vinho
Capítulo 58 - Cinema.
Capítulo 59 - Parque.
Capítulo 60 - Esperando.
Capítulo 61- Bo.
Capítulo 62 - Band-Aid.
Capítulo 63 - Preocupada.
Capítulo 64 - Anel.
Capítulo 65 - Vende-se.
Capítulo 66 - Abrigo e Promessa.
Capítulo 67 - Sim.
Capítulo 68 - Sra. Jauregui.
Capítulo 69 - Velhos tempos.
Capítulo 70 - Epílogo.

Capítulo 1 - Hidroavião.

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Por morgadol

Camila

Junho de 2001


Eu tinha trinta anos quando o hidroavião no qual Lauren Jauregui e eu estávamos viajando caiu no Oceano Índico. Lauren tinha dezoito anos e estava três meses em remissão de um linfoma de Hodgkin. O nome do piloto era John, mas ele morreu antes de atingirmos a água.

Meu namorado, Austin, me levou até o aeroporto, embora ele fosse o terceiro na lista das pessoas que eu gostaria que me levassem, atrás da minha mãe e da minha irmã, Sofia. Atravessamos a multidão, puxando malas pesadas com rodinhas, e fiquei pensando se todos em Chicago tinham decidido voar para algum lugar naquele dia. Quando finalmente chegamos ao guichê da US Airways, o atendente do check-in sorriu, etiquetou minha bagagem e me entregou o cartão de embarque.

— Obrigado, Srta. Cabello. Já fiz seu check-in para Malé. Tenha uma boa viagem.

Enfiei meu cartão de embarque na bolsa e virei para me despedir de Austin.

— Obrigada por me trazer.

— Eu acompanho você, Camila.

— Não precisa — falei, balançando a cabeça.

Ele hesitou.

— Mas eu quero.

Arrastamos os pés em silêncio, seguindo a turba dos passageiros que avançava lentamente. No portão, Austin perguntou:

— Como ela é?

— Magra e jovem.

Esquadrinhei a multidão e sorri quando avistei Lauren, porque agora sua cabeça estava coberta por cabelos castanho curtos. Acenei, e ela me respondeu com um movimento de cabeça enquanto a garota sentada ao lado dela a cutucava nas costelas com o cotovelo.

— Quem é a outra? — perguntou John.

— Acho que é uma amiga dela, Normani.

Esparramada na cadeira, Lauren vestia-se diferente da maioria das garotas de dezoito anos:

Camisetas, bermudas esportivas largas e compridas e tênis com cadarços desamarrados. Uma mochila azul-marinho estava no chão aos pés de Lauren.

— Tem certeza de que quer fazer isso? — perguntou Austin.

Ele enfiou as mãos nos bolsos de trás e fitou o carpete surrado do aeroporto bem, um de nós tem que fazer alguma coisa.

— Tenho.

— Por favor, não tome nenhuma decisão antes de voltar.

Vindo da parte dele, era um pedido no mínimo irônico, mas achei melhor não tocar no assunto.

— Eu disse que não iria tomar.

Mas, na verdade, só havia mesmo uma opção. Eu só decidira adiá-la até o fim do verão.

Austin colocou os braços em volta da minha cintura e me beijou, por muitos segundos a mais do que deveria fazê-lo em público. Constrangida, me afastei. Pelo canto do olho, percebi que Lauren e Normani observavam tudo.

— Amo você — disse ele.

Fiz que sim com a cabeça.

— Eu sei.

Resignado, ele pegou minha mala de mão e pendurou a alça no meu ombro.

— Boa viagem, meu amor. Ligue quando chegar.

— Tudo bem.

Austin foi embora, e fiquei observando até que a multidão o engolisse; então, alisei a frente da minha saia e andei até as garotas. Elas foram baixando o olhar enquanto eu me aproximava.

— Oi, Lauren. Você está ótima. Pronta para ir?

Seus olhos verdes encontraram os meus brevemente.

— Claro.

Ela tinha ganhado peso, e seu rosto pálido contínua o mesmo. Usava aparelho odontológico, fato que eu não notara antes, e tinha uma pequena cicatriz no queixo.

— Oi, sou Camila — apresentei-me para a garota sentada ao lado de Lauren. — Você deve ser Normani. Como foi sua festa?

Ela deu uma olhadela para Lauren, confusa.

— Hum, foi legal.

Puxei meu celular e verifiquei a hora.

— Já volto, Lauren. Vou checar nosso voo.

Enquanto eu me afastava, ouvi Normani dizer:

— Sua babá é uma gata.

— Ela é minha tutora, idiota.

Não dei importância àquelas palavras. Eu era professora de ensino médio e considerava os ocasionais comentários de garotos e garotas com hormônios em ebulição um risco profissional razoavelmente benigno.

Depois de confirmar que ainda estávamos na hora, voltei e me sentei na cadeira vazia ao lado de Lauren.

— Normani foi embora?

— Foi. A mãe dela se cansou de ficar dando voltas no aeroporto. Ela não queria que ela entrasse com a gente.

— Quer comer alguma coisa?

Ela negou com um aceno de cabeça.

— Não estou com fome.

Ficamos sentadas em um silêncio constrangedor até a hora do embarque. Lauren me seguiu pelo corredor estreito até nossos assentos na primeira classe.

— Quer ficar na janela? — perguntei.

Lauren deu de ombros.

— Claro. Obrigada.

Eu me afastei e esperei até que ela estivesse sentada, e então afivelei meu cinto de segurança ao lado dela. Ela tirou um CD player portátil da mochila e colocou os fones de ouvido. Era sua maneira sutil de me dizer que não estava interessada em conversar. Tirei um livro da minha mala de mão, o piloto decolou, e deixamos Chicago para trás.

✈️

As coisas começaram a dar errado na Alemanha. Deveria ter levado pouco mais de dezoito horas para voarmos de Chicago até Malé — capital das Maldivas —, porém, depois de problemas mecânicos e atrasos por conta do clima, acabamos passando o restante do dia e metade da noite no aeroporto Internacional de Frankfurt, esperando que a companhia aérea nos realocasse. Finalmente, depois de termos sido confirmados no voo seguinte, Lauren e eu nos vimos sentadas em cadeiras duras de plástico às três horas da madrugada. Ela esfregou os olhos.

Apontei para uma fileira de cadeiras vazias.

— Pode deitar se quiser.

— Estou bem — disse ela, controlando um bocejo.

— Só vamos partir daqui a muitas horas. Você devia tentar dormir.

— E você? Não está cansada?

Eu estava exausta, mas Lauren provavelmente precisava descansar mais do que eu.

— Estou bem. Vá em frente.

— Tem certeza?

— Absoluta.

— Tudo bem. — Ela sorriu timidamente. — Obrigada. — Esticou-se nas cadeiras e caiu no sono imediatamente.

Olhei pela janela e observei os aviões que pousavam e decolavam, as luzes vermelhas piscando no céu noturno. O ar-condicionado gelado me causava arrepios nos braços, e, como eu vestia saia e blusa sem mangas, tremia de frio. Em um banheiro próximo, troquei a roupa por jeans e uma camiseta de mangas compridas que trouxera na mala de mão. Depois, comprei um café. Quando voltei a me sentar ao lado de Lauren, abri meu livro e fiquei lendo até o momento de acordá-la, três horas depois, quando chamaram nosso voo.

Houve mais atrasos depois de chegarmos ao Sri Lanka — dessa vez devido à escassez de tripulação —, e, quando aterrissamos no Aeroporto Internacional de Malé, a casa alugada pelos Jauregui para o verão ainda ficava a duas horas via hidroavião, e eu estava acordada havia trinta horas. Minhas têmporas latejavam e meus olhos, secos e ardendo, queimavam. Quando disseram que não havia reservas para nós, pisquei para afastar as lágrimas.

— Mas tenho o código de confirmação — expliquei para o atendente do check-in, deslizando o pedaço de papel pelo balcão. — Atualizei nossa reserva antes de sairmos do Sri Lanka. Dois assentos. Lauren Jauregui e Camila Cabello. Pode olhar novamente, por favor?

O atendente verificou no computador.

 — Desculpe-me — disse ele. — Seus nomes não estão na lista. O hidroavião está cheio.

 — E o próximo voo?

 — Vai escurecer logo. Hidroaviões não voam depois do pôr do sol. — Percebendo minha expressão desolada, ele me lançou um olhar solidário, digitou algo no computador e pegou o telefone.

 — Vou ver o que posso fazer.

 — Obrigada.

 Lauren e eu entramos em uma pequena loja de presentes, e comprei duas garrafas de água.

 — Você quer uma?

 — Não, obrigado.

 — Por que não coloca na sua mochila? — sugeri, entregando uma garrafa para ela. — Você pode querer mais tarde.

 Tirei um frasco de analgésico da bolsa, joguei dois comprimidos na mão e engoli com a água.

 Nós nos sentamos em um banco, e liguei para a mãe de Lauren, Clara, para avisar que não nos esperasse antes da manhã seguinte.

 — Pode ser que eles consigam outro voo, mas acho que não vamos viajar hoje à noite. Os hidroaviões não voam depois de escurecer, então talvez tenhamos que passar a noite no aeroporto.

 — Sinto muito, Camila. Você deve estar exausta — disse ela.

 — Está tudo bem. Vamos chegar aí amanhã, com certeza. — Cobri o telefone com a mão. — Quer falar com sua mãe? — Lauren fez careta e negou com a cabeça.

 Reparei no atendente do check-in acenando para mim. Ele sorria.

 — Clara, ouça, acho que talvez... — E então a ligação caiu.

 Coloquei o telefone de volta na bolsa e me aproximei do balcão, apreensiva.

 — Um piloto de um voo fretado pode levar vocês até a ilha — disse o atendente. — Os passageiros que ele deveria levar tiveram um atraso no Sri Lanka e só vão chegar amanhã.

 Sorri, aliviada.

— Que maravilha! Obrigada por encontrar um voo para nós. Agradeço de verdade. — Tentei ligar para os pais da Lauren de novo, mas meu celular estava sem sinal. Minha esperança era conseguir ligar quando chegássemos à ilha.

 — Está pronto, Lauren?

— Estou — respondeu ela, pegando a mochila.

Um micro-ônibus nos levou para o terminal de táxi aéreo. O atendente fez nosso check-in no balcão e saímos.

O clima das Maldivas me lembrava o da sauna a vapor da academia de ginástica que eu frequentava. Imediatamente, gotas de suor brotaram na minha testa e na minha nuca. O jeans e a camiseta de mangas compridas mantinham o ar quente e úmido na minha pele, e desejei ter trocado a roupa novamente por outra mais fresca.

O calor é tão sufocante assim o tempo todo?

Um funcionário do aeroporto estava no cais perto de um hidroavião que oscilava suavemente na superfície da água. Ele fez um sinal para nós. Quando Lauren e eu o alcançamos, ele abriu a porta, e então baixamos a cabeça e subimos a bordo do avião. O piloto estava sentado e sorriu com a boca cheia de cheeseburger.

— Oi, eu sou o John. — Ele acabou de mastigar e engoliu. — Espero que não se importem se eu terminar meu jantar.

Ele parecia ter cinquenta e tantos anos e estava tão acima do peso que mal cabia no assento do piloto. Usava bermuda cargo e a camiseta tie-dye mais larga que eu já vira. Estava descalço. Gotas de suor salpicavam seu lábio superior e sua testa. Comeu o último pedaço do cheeseburger e enxugou o rosto com o guardanapo.

— Sou Camila, e essa é Lauren. — apresentei-nos, sorrindo e estendendo a mão para cumprimentá-lo. — E é claro que não nos importamos.

O DHC-6 Twin Otter tinha lugar para dez pessoas e cheirava a mofo e combustível de avião.

Lauren afivelou o cinto de segurança e ficou olhando pela janela. Eu me sentei do outro lado do corredor na mesma fileira que ela, coloquei a bolsa e a mala de mão embaixo do banco e esfreguei os olhos. John ligou os motores. O barulho sufocava a voz dele, mas, quando ele virou a cabeça, percebi que seus lábios se moviam enquanto ele se comunicava com alguém pelo rádio. Ele nos levou para longe do píer, ganhou velocidade e levantamos voo. Amaldiçoei minha incapacidade de dormir em aviões. Sempre invejei aqueles que desmaiavam no minuto em que o avião decolava e não acordavam até que o trem de pouso tocasse a pista.

Tentei cochilar, mas a luz do sol entrando pela janela e meu relógio biológico confuso não permitiram que eu relaxasse. Quando desisti e abri os olhos, deparei com Lauren me encarando. Se a expressão em seu rosto e o calor no meu significavam alguma coisa, nós duas ficamos constrangidas. Ela se virou, ajeitou a mochila sob a cabeça e adormeceu alguns minutos depois. Sem conseguir descansar, desafivelei meu cinto de segurança e fui perguntar a John quanto tempo demoraria até que pousássemos.

OBRA ORIGINAL DE Tracey Garvis Graves.

Linfoma ou Doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático, conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células através do corpo.

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