Thanks, Kal

By Alelubets

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*CONCLUÍDA* Amber, executiva do Vale do Silício, deixa o paraíso da tecnologia na Califórnia para abrir seu c... More

Capítulo 1 - Good vibes
Capítulo 2 - Brincando com fogo
Capítulo 3 - Amigos?
Capítulo 4 - Pleasure delayer
Capítulo 5 - Homem de aço
Capítulo 6 - Knights of Honor
Capítulo 7 - Bendito sorvete
Capítulo 8 - Such a tease (18+)
Capítulo 9 - Tantas perguntas...
Capítulo 10 - Diante do espelho (18+)
Capítulo 11 - Como uma rainha
Capítulo 12 - Feito com carinho
Capítulo 13 - Tiramisù (18+)
Capítulo 14 - Outro nível
Capítulo 15 - Damas primeiro (18+)
Capítulo 16 - The one
Capítulo 17 - Press tour
Capítulo 18 - Algo novo (18+)
Capítulo 19 - Nosso lugar
Capítulo 20 - Red carpet
Capítulo 21 - Ficção x realidade
Capítulo 22 - Precisamos conversar
Capítulo 23 - Coração Gelado
Capítulo 24 - Paris (+18)
Capítulo 25 - Compromissos
Capítulo 26 - Meu calcanhar de Aquiles
Capítulo 27 - Surpresa!
Capítulo 28 - Mykonos (parte 1)
Capítulo 29 - Mykonos (parte 2)
Capítulo 30 - Café, trabalho e Jimmy Kimmel
Capítulo 31 - #tbt
Capítulo 32 - Contra o tempo
Capítulo 33 - Seguindo em frente
Capítulo 34 - Café, pizza e rock'n'roll
Capítulo 35 - Quem é esse cara?
Capítulo 36 - Se beber, não beije
Capítulo 37 - Ele me beijou
Capítulo 38 - Assumindo riscos
Capítulo 39 - O que nós somos agora?
Capítulo 40 - This is us
Capítulo 42 - Vinho, fogo e Al Green
Capítulo 43 - Fish and chips
Capítulo 44 - Segunda temporada
Depoimentos TK

Capítulo 41 - Perigosamente melhor

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By Alelubets

Londres, Inglaterra

Junho de 2019

Amber

No outro dia de manhã, despertei bem cedo e decidi levar Kal para uma caminhada. Imaginei que, com a situação de Henry, ninguém estava se atentando à necessidade do bichinho. Enquanto eu tentava ajustar a coleira, ele pulava fazendo festa e tornava a tarefa ainda mais desafiadora.

Para minha surpresa, Marianne já estava de volta quando retornei do passeio. Esperei que ela não me julgasse imprudente por deixar Henry em casa sozinho. E pelo visto, nem se incomodou. Foi apenas amável e me agradeceu pela disponibilidade.

- E então, vocês dois... - ela inclinou a cabeça na direção que Henry estava.

Fingi que não estava entendendo, só para que ela concluísse a pergunta.

- Conseguiram conversar?

- Sim. Um pouco. - respondi, insatisfeita.

- Parece que não foi como gostaria. - ela deduziu.

- Nada como o tempo para ajustar as coisas, não é? - tentei dar fim ao assunto. - Vou fazer café. Me acompanha na cozinha?

- Claro. Faço os ovos.

Logo após o café da manhã, fui para casa. Aquelas 24h tinham sido sem igual. Como se fôssemos estranhos perdidos em um outro tempo, tentando encontrar o portal que nos resgataria para a vida atual.

Aquela semana passou voando e a única coisa que me fazia sofrer em câmera lenta era esbarrar com Gabriel, no mínimo, duas vezes por dia, lembrando que Henry não sabia sobre o beijo. Eu queria contar, mas aquele não parecia ser o momento ideal. Ficarmos bem de novo era meu objetivo e, por ora, colocar uma pedra no meu próprio caminho não seria inteligente. Precisaríamos fazer ajustes, com conversa honesta em pequenas e constantes doses para sarar.

***

No sábado seguinte, Marianne tinha voltado para casa em Jersey e Cora ficou com a missão de ajudar Henry nas rotinas de casa.

Novamente, cheguei antes dele acordar e preparei ovos, suco, panquecas, café e torrada. Procurando não fazer barulho, arrumamos a mesa do café da manhã sob a cobertura no quintal.

Por volta das 7h da manhã, Henry ainda dormia e Jimmy e Ralph chegaram para os cuidados médicos usuais e sessão de fisioterapia respiratória e local, para reabilitar o tornozelo lesionado.

- Estou vendo que Sr. Cavill vai sair um pouco da caverna hoje. - disse Ralph.

- Sim, vai ser bom pegar um pouco de sol, não acha? - perguntei.

- Dona Amber, eu tento. Mas ele nunca quer sair de casa. - reclamou Ralph.

- Sei... Ele está muito incomodado com essa situação. Henry é ativo, sabe?. Deve ser estranho para ele depender de outras pessoas para fazer coisas simples.

- E anda um pouco mal-humorado também. - Ralph falou em voz baixa, levando a mão à boca, como se me contasse um segredo.

Eu ri e tentei defender.

- Acho que está preocupado com a recuperação.

- É compreensível. Já tive pacientes muito mais difíceis do que ele.

- Fico com dó de acordá-lo... - falei olhando para o lado de dentro da casa.

- Se isso ajudar, acho que ele prefere ver seu rosto ao acordar e não o nosso. - brincou, olhando para Jimmy.

- Vamos lá. - eu disse.

Ao lado da cama, observei Henry dormir serenamente por uns segundos, com sua respiração profunda e lenta enchendo o peito e as linhas do seu rosto suavizadas pelo relaxamento que o descanso dava. O vento que agitou a cortina fez com que entrasse mais claridade no ambiente e Henry se mexeu incomodado com a luz do sol no rosto. Os meninos nos deram um pouco de privacidade naquele momento. Aproveitei para tocar sua mão na intenção de ajudá-lo a despertar. Antes de abrir os olhos, ele deu um longo suspiro.

- Amber! - disse preguiçosamente.

- Bom dia! Eu disse que viria e você não acreditou.

- Imaginei que você quisesse fugir, depois da última semana. Não a culparia, se fizesse.

- De jeito nenhum! Não tenho motivos pra isso. Os meninos estão aqui e concordamos que faria bem pra você pegar um pouco de sol. Vamos?

Henry ainda estava sonolento, enquanto se dava conta de que não estávamos sozinhos na sala.

- Vai ser bom mudar um pouco de ambiente, Sr. Cavill. - disse Jimmy.

Depois que ele despertou, ainda não podia se apoiar com os pés no chão, então se deslocou pela casa de muletas, inevitavelmente sendo corrigido por Jimmy ao se apoiar mais de um lado do que do outro. Sem dúvidas, as sessões de fisioterapia estavam acelerando sua recuperação.

Esperei Henry à mesa na área externa para tomar o café da manhã que preparei para nós dois. Ele se sentou com aparência fresca, uma mistura da fragrância de shower gel de menta da Korres com enxaguante bucal.

- Como está se sentindo hoje? - perguntei.

- Melhor agora. - olhou rapidamente em volta. - Boa ideia ter saído um pouco de casa.

- Você tem um quintal grande e o dia está lindo. Pensei 'por que não?'.

- E como você está se sentindo gastando seus finais de semana comigo? - ele questionou, servindo café em minha xícara.

- Você brinca com isso, mas não faz ideia do quanto eu me sinto grata por tê-lo aqui e... - procurei a palavra certa - por poder ficar com você.

Ele riu discretamente e também se serviu de café, aceitando minha resposta.

- E, fisicamente, já se sente melhor? - perguntei.

- Sim. A fisioterapia tem ajudado com a respiração e aqui em cima já não dói tanto. - disse, passando a mão no peito. - Mas o tornozelo incomoda. Assim que estiver liberado, com certeza vou dar valor por pisar com os dois pés no chão.

- Eu imagino seu incômodo. Como fica o trabalho sem você? - ousei tocar no assunto que lhe causava certa ansiedade.

- Infelizmente, algumas cenas não podem ser gravadas sem mim, mas a produção vai adiantar o que pode com o restante do elenco. Eu devo levar algumas semanas para retornar. Não sei ao certo.

- Isso o deixa apreensivo?

- Ah, bem... Deixa. - ele disse, com um pontinha de insegurança, dando de ombros.

- Acidentes podem acontecer e a culpa não é sua, Henry. Você já fez diversas cenas perigosas e nada de grave aconteceu. Vejo que sua recuperação está sendo rápida. Sua equipe aqui está fazendo um ótimo trabalho. Aproveite esse tempo pra descansar. - aconselhei.

- Posso estar cansado de descansar à essa altura? - disse Henry, desanimado.

- Você fica bonito até quando está irritado. - provoquei, olhando para ele com mais atenção.

Henry sorriu e balançou a cabeça, sem conseguir sustentar a reclamação.

Ficamos quietos por um tempo, dando pequenos goles no café e observando Kal brincar sozinho no gramado.

- Lembra de quando nos encontramos pela primeira vez na calçada e Kal decidiu brincar com Jackie? - apelei para a recordação.

- Sim, nós queríamos sair do lugar e eles não se mexiam, só queriam farejar um ao outro. - Henry acrescentou.

- Fico feliz que os dois tenham feito isso. Eu nunca teria parado para notar o cara lindo que estava escondido debaixo da aba daquele boné.

Eu estava flertando com meu próprio namorado. Sim, à essa altura, eu já tinha apagado da memória o fato de que fui eu quem quis terminar e ficar longe do amor da minha vida. Só queria que ele ainda considerasse o mesmo.

- Talvez... poderíamos ter nos encontrado no pub, no mercado, no veterinário.

- E você sempre tão educado e certinho. - continuei recordando. - Coisas de homem inglês... Na Califórnia, tanto homens como mulheres têm um approach mais... ousado, eu diria. Levei um tempo para entender seu ritmo.

- Por que você está se lembrando disso agora? - ele perguntou, passando manteiga na torrada.

- Porque eu sinto falta de nós dois...

Seus músculos faciais retesaram.

- Nós estamos aqui.

- Muitas coisas mudaram, Henry. Estamos cautelosos um com o outro. O que nós somos agora? O que restou da gente depois de tantas interferências? - interroguei, sem que ele tivesse obrigação de responder.

- Eu não consigo dizer com clareza, mas... Ainda gosto de ter você por perto, mesmo me sentindo estranho. Eu não sei o que é certo dizer agora.

- Você ainda gosta de mim? Eu acho que isso seria um começo.

- Eu amo você, Amber.

- Podemos começar daí! - eu respondi, tentando fazer graça.

- E você?

- Bem, eu pensei muito durante esse tempo em que ficamos separados, Henry. Eu amo minha vida com você, fazer planos, ficar juntos. E a parte que eu não gosto você sabe bem qual é, mas me apeguei a coisas tão insignificantes no caminho. Só pude me dar conta da sorte que tive ao esbarrar em você naquele bendito dia, quando corri o risco de perdê-lo. Esse acidente me fez perceber isso. - meus olhos marejados. - Eu amo você também, Henry.

Quis olhar bem dentro dos seus olhos e absorver tudo o que ele estava sentindo. Sem dúvidas, Henry ficou mexido com o que eu disse. Passou a língua no lábio inferior, quase disse alguma coisa, mas se conteve.

- Não temos que tomar nenhuma decisão. Você tem outras coisas com que se preocupar agora. - eu disse.

Ele ergueu os olhos, que estavam perdidos pelo chão, enquanto refletia.

- Podemos tentar, se você quiser. Nós pensamos e repensamos à distância por muito tempo e não parece estar funcionando.

Eu assenti com a cabeça e não soube onde pôr as mãos e os braços. Ficar distante de Henry depois daquela declaração era, no mínimo, estranho. Henry envolveu minha mão entre as suas e deu um beijo no dorso, inclinando-se ao meu encontro com cuidado. Mais próxima, acariciei seu rosto, admirando a luz do sol fazendo um efeito que câmera nenhuma seria capaz de capturar.

Nossos lábios se tocaram em uma sequência não planejada e natural. Suficiente para sentirmos a presença, a respiração e o calor um do outro em um toque demorado, calmo e cheio de carinho. Aquele parecia o melhor lugar para estar. Não consigo dizer por quanto tempo ficamos perdidos naquele beijo. Lembro apenas que a empregada precisou nos interromper para avisar sobre sua ida ao mercado e, rapidamente, tivemos que nos recompor.

Depois que Cora saiu, sem fazer ideia do que tinha atrapalhado, Henry deu uma risada e recostou-se na cadeira, logo mudando para uma expressão de incômodo.

- Nunca pensei que um beijo pudesse ser fisicamente doloroso. Acho que vou precisar reforçar o analgésico depois dessa.

- Ooh, Love hurts. - tirei sarro cantando um trecho da música da banda Nazareth.

- Você fez falta. - ele admitiu, tentando se manter durão, mas seus olhos brilhavam.

Ainda naquele dia, Chuck fez uma visita surpresa, que rendeu algumas horas de risada e boa conversa. Henry ficou mais animado com notícias do andamento das gravações sem sua participação naquele momento. Seu maior receio era interromper o trabalho de centenas de pessoas envolvidas na produção e deixá-las à mercê de sua recuperação.

Quando Chuck foi embora, Henry entrou no quarto de hóspedes e demorou um instante. Então, achei ter ouvido o barulho de chuveiro.

- Henry? Tudo bem aí? - eu gritei, da sala.

- Sim, eu só vim tomar um banho. - ele respondeu.

- Precisa de ajuda para alguma coisa?

- Tudo bem. Melhor fazer isso sozinho. - ele disse, soando como se tivesse um sorriso no rosto.

Aproveitando seu momento de autonomia, fui à cozinha preparar um chá e procurei em minha bolsa algum remédio que me livrasse de cólicas mortais e dor de cabeça. Encontrei uma bolsa térmica no freezer e pus no micro-ondas para aquecer. De um jeito ou de outro, aquela agonia tinha que aliviar.

Liguei a tevê só para ter algum ruído na sala. Quando Henry voltou do banho, me encontrou deitada no sofá e concentrada na respiração para me distrair da dor, com a bolsa térmica sobre a barriga. As atividades ao longo do dia me distraíram do meu sofrimento no início do ciclo.

- Ambs, o que houve? Você está bem? - ele perguntou, preocupado.

- Estou bem, estou aqui morrendo aos poucos. - fiz drama.

- Agora eu que pergunto: posso fazer alguma coisa?

- Fique aqui comigo. - respondi.

- Um banho quente te faria sentir melhor? A ducha do meu quarto é melhor do que a do quarto de hóspedes.

- Ah, boa ideia. Acho que vai ajudar.

- As toalhas ficam no armário lá em cima, você sabe.

Peguei minha necessaire na bolsa e fiz conforme ele sugeriu. Tomei a liberdade de pegar emprestada uma de suas camisas e shorts de pijama.

- Espero que não se importe. - Desci as escadas, me justificando.

- Problema nenhum. Você fica muito melhor que eu com a minha roupa. - ele disse, tentando se levantar, com apoio nas muletas.

- Onde você vai? Fique sentado aí.

- Ia procurar alguma coisa para você na cozinha. Tomou algum analgésico? Sei lá, algum remédio?

- Sim. Vou melhorar logo. Sente aqui, por favor. - falei, deitando no sofá, na mesma posição de antes.

Apoiei a cabeça em seu colo, suas pernas erguidas sobre um pufe, e recebi toda a sua atenção.

- Queria poder passar esse seu incômodo pra mim. - ele disse, tirando o prendedor do meu cabelo e penteando os fios com as mãos.

- Vamos ficar cada um com sua cota de dor, não é? Não está tão mal assim, depois do banho.

Peguei sua mão para dar um beijo e senti o calor de seu antebraço sobre meu peito. Posso ter sentido uma ligeira saudade do seu peso sobre mim.

- Vamos falar sobre outra coisa. Como está sua semana de cuidados? - perguntei.

- Não muito diferente do que você viu hoje com Cora, Jimmy e Ralph. Marianne já foi liberada da função de enfermeira, cozinheira e governanta. - ele riu. - A cada quinze dias, vou ao hospital para fazer acompanhamento e exames. Nada demais.

- Agora é só não ficar zanzando pela casa e fazer fisioterapia. - completei.

- Isso. - ele concordou, com seus dedos entrelaçados aos meus, repousando sobre minha barriga. Sua mão quentinha era muito melhor do que a bolsa térmica.

- Bom, se precisar de algo à noite, posso passar aqui. De repente, trazer algo do mercado ou farmácia. Vou estar na minha rota para casa. Não teria nenhum problema.

Ele deu um sorriso contido ao me ouvir falar.

- Obrigado. Não seria nada mal te ver todo dia.

- Desculpe, senhor. Pode repetir? Há duas semanas você ficava se coçando todo por eu estar aqui.

Meu espanto me levou a sentar, deixando a bolsa térmica cair no chão.

Ele riu da reação.

- Eu estava incomodado, sim e... não estávamos bem...

- E agora, estamos? - perguntei.

- Estamos trabalhando nisso.

- Você é durão, hein, Cavill! - provoquei, tirando dele um sorriso.

- Quer continuar assistindo aquela série? - o filho da mãe desconversou.

- Não é má ideia.

Henry pegou o controle no braço do sofá e retomamos do último episódio assistido de This is us.

Estávamos tentando ficar no controle, querendo agir de forma consciente. Mas muitas das vezes, paixão e razão ficam em lados opostos e eu sentia falta de liberar aquela paixão sem medo, poder dizer que o amo olhando nos olhos, sem calcular os efeitos. Acontece que, depois de ver um lado que não tínhamos conhecido um do outro, de indiferença e orgulho, nosso receio era compreensível. Não desconfiava dele, mas daria os próximos passos com mais cautela.

Depois de assistirmos a alguns episódios quietinhos, trocando pequenos gestos carinhosos como cafuné, beijo na mão e mexidinhas no lóbulo da orelha, Henry quis saber se eu já me sentia bem para dividir uma garrafa de vinho. Depois de tanto tempo sem beber nada, imaginei que ele quisesse isso mais que eu. Peguei uns copos próprios para vinho no armário e os servi pela metade de merlot.

Sentei novamente ao seu lado, me recolhendo com os joelhos na altura do peito, servindo de apoio para segurar o copo. Refletindo sobre autocontrole, me senti à vontade para perguntar.

- Henry, por que você desistiu de ficar junto na noite que dormi aqui? Não tinha vinte minutos que eu tinha me sentado ao seu lado, foi pedido seu... eu fiquei muito confusa.

- Você não imagina? - ele perguntou.

- Não. Primeiro, foi o momento jogando videogame, me ignorando completamente, e depois aquilo. Você estava me testando? - Olhei para ele, intrigada.

- Não dá, Ambs. Você me provoca até quando não tem intenção. Não consigo não sentir nada perto de você. - ele confessou.

Eu também não conseguia, mesmo com muito esforço, como naquela noite no pub.

- Foi só você segurar minha mão pra eu ver que não ia dar certo. - ele admitiu.

Ao relembrar o momento, um sorriso ameaçou se formar no meu rosto e Henry interferiu no meu flashback.

- Eu queria beijar você. - ele afirmou.

Mordi meu lábio inferior de forma inconsciente ao ouvir Henry. Talvez impaciente para pagar aquela dívida?

- E porque não beijou? - indaguei.

- Estava me sentindo frustrado, não tinha certeza se você tinha vindo me ver por pena ou porque ainda sentia alguma coisa. Falar sobre isso não é algo que eu goste.

- Henry, eu sei. - Deixei o copo na mesa de centro e coloquei as mãos frias no seu rosto, trazendo seu olhar mais perto do que qualquer outra vez, depois do nosso reencontro. - Eu entendo que falar sobre o que a gente sente não seja sempre algo confortável, mas por que você não tenta.

- Eu nunca quis magoar você, Ambs.

Meu coração derreteu diante dos seus olhos de gatinho do Shrek. O beijo que demos foi tão necessário quanto respirar. Aquela pausa na conversa não me deixou dúvidas quanto à sua verdade.

- Passamos por tanta coisa... Eu sei que você pode estar com medo por diversos motivos. Eu também estou. Não sabemos qual será a nossa próxima dificuldade, mas para falar a verdade, nunca soubemos. Nunca estivemos prontos. - eu disse.

Ele assentiu.

- Reconheço que tenho que elaborar algumas questões pessoais. Quero que nosso relacionamento dê certo. Digo, se você quiser continuar nosso namoro. - eu sugeri.

- Se eu quiser? Nunca pensei em desistir da gente, amor. - Fazia tanto tempo que ele não me chamava assim! Eu sabia que significava muito.

Ele se aproximou para provocar o beijo e eu sabia que aquele movimento poderia lhe causar dor em seguida. Então, o impedi com minha mão em seu peito e ele me olhou confuso, procurando o que havia feito errado.

- O que foi? - ele perguntou.

- Pensei em uma forma que não cause incômodo pra você. - eu disse, com sorriso malicioso. Então, passei uma perna para o outro lado, me sentando em seu colo.

Henry pressionou os lábios, pensando no que dizer e observei seu pomo de adão subir e descer, engolindo em seco.

- Melhor assim? - ousei perguntar.

- Perigosamente melhor.

Abracei-o pelo pescoço, tomando cuidado de não pressionar seu corpo com o meu, como estávamos acostumados a fazer, nas áreas machucadas. A forma com que suas mãos me acariciavam as costas durante o beijo, tornavam o cuidado mais desafiador.

Henry desceu o toque firme para os meus quadris, pressionando contra o dele e percebi que minha intenção de apenas brincar ficou séria demais depois de alguns beijos. Trocamos olhares sem saber o que fazer. Embora concordássemos que o momento estava incrível, ficamos preocupados com a dinâmica de tudo.

Quando nos apartamos um pouco, Henry me olhou com paixão. O fogo ainda existia e estava lá nos seus olhos, em um tom escuro de azul.

- Amor, precisamos parar... Hoje não. - eu supliquei.

Ele distribuía beijos pelo meu pescoço e colo e eu detestava ser desmancha-prazeres. Levantei de seu colo abruptamente, notando os efeitos da minha provocação.

- Como podemos fazer isso dar certo? - ele perguntou.

- Eu sei como.

A solução que eu tinha para transar 'naqueles dias' não combinava com um tornozelo quebrado e mobilidade reduzida. Eu conhecia bem o caminho para satisfazer seu desejo com carinhos e beijos, empregando dedicação extra, dadas as condições que não nos favoreceram naquela noite.

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