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Quando fala o amor, a voz de todos
os deuses deixa o céu embriagado
de harmonia.
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Termino de limpar as feridas nos braços de Bella e os apoio ao lado de seu corpo, sentindo a pele pálida parecer cada vez mais fria e mais dura, como se se tornasse aos poucos mármore. A madrugada que se seguiu depois do parto e da loucura com os lobos foi a noite mais tranquila que tive desde o começo de toda essa confusão.
Quando me deitei na cama, apenas desmaiei de exaustão. Meu corpo e mente pediam cansaço, então foi um bálsamo dormir. Quando acordei, descobri que Jacob tinha ido falar com os anciões da tribo, estabelecer seu posto como alfa e deixar suas ordens bem claras. Ninguém tocaria em Renesmee.
Suspiro, um sorriso idiota e apaixonado surgindo em minha boca ao lembrar de ontem. De como Jacob assumiu a liderança para proteger a mim e a minha família, e depois, quando me abraçou, e eu fui inundada por seus sentimentos. Amor, o mais puro e gostoso de ser sentido. Um amor que desejei por tanto tempo receber, e minha imaginação nunca chegou perto de como é a sensação de ser amada.
Mesmo que Jacob não tenha falado em palavras, sentir o que ele sentia me fazia satisfeita. Saber que ele me amava como eu o amava, e toda a dor e confusão ficou para trás. Agora, o futuro parecia promissor ao seu lado.
— Sonhando acordada? — A voz de Edward me tira dos meus pensamentos e levanto os olhos para ele. Já limpo, e sem todo aquele sangue, ele parecia ser o mesmo pateta de sempre. Suas sobrancelhas se curvam, em sarcasmo, enquanto seus dedos parecem ansiosos enquanto rodam a aliança de casamento no dedo anelar esquerdo.
Reviro os olhos, jogando o pano manchado de vermelho que estava usando para limpar as feridas de Bella de volta na vasilha com água. Levanto do banco que estava.
— Charlie está se dando bem com Nessie? — Pergunto, desviando o assunto.
Charlie tinha chegado há pouco mais de meia-hora, para ficar com Bella, e fora surpreendido por tudo o que aconteceu. O mandei para a sala, ficar com Renesmee e Rosalie, enquanto eu e Alice arrumávamos Bella, limpando o cômodo e ela, trocando as roupas dela e tudo o mais. Não queria que Charlie visse Bella na situação que estava antes.
— Ela parece gostar bastante do bigode dele. — Dou uma risada baixa com a fala de Edward. — Eu gostaria de me desculpar com você. São tantas coisas, que não sei por qual começar a pedir perdão. Me desculpe, Ada.
— Você já pagou por suas culpas, Edward. — Dou de ombros. — Me desculpe por ontem, também. Pelo que falei. Não era a hora, mas eu estava... desolada com a perda de Bella. E você era o culpado mais perto.
— Está tudo bem.
Assinto. Ando até a porta e fico na frente dele, esperando que continue a falar porque ele parecia querer dizer algo, mas no fim ele apenas vai para o lado, liberando a porta e deixando que eu passe.
— Você não me chama por apelidos desde que tudo começou. — Ele diz, de repente, e me viro para ele com as sobrancelhas franzidas. — Os apelidos. Nosferatu, Sininho... Você simplesmente parou com eles.
Tombo a cabeça para o lado, olhando-o com atenção.
— Gosta de ser zoado, Tinker Bell?
Ele sorri, parecendo mais leve.
— Por você, é sempre um prazer.
Balanço a cabeça com seu atrevimento e sorrio, dando as costas para ele e continuo a andar. Deixo a bacia com a água suja de sangue e o pano no banheiro e vou até a sala, encontrando Charlie babando horrores em Renesmee.
Minha sobrinha parecia cada vez mais... crescida. Como se um dia fosse meses em sua pequena vidinha de bebê monstrinho. Agora, ao invés de parecer um recém-nascido, ela parecia uma bebê de no mínimo seis meses, com a gengiva querendo rasgar para os dentinhos da parte de baixo saírem.
— Tragam um babador para esse homem, senão vamos nadar em baba de vovô babão logo mais. — Brinco, chamando a atenção de papai, que olha repreensor para mim.
Ele se levanta e os bracinhos ávidos de Nessie se estendem na minha direção, as mãozinhas abrindo e fechando. Não consigo resistir, indo até ela e a pegando do colo de papai, que me olha como se eu acabasse de ter traído ele e roubado seu bem mais precioso. Mas Charlie se recupera rápido, voltando a pose de pai preocupado.
— Posso ver Bella agora?
Molho os lábios, ajeitando Nessie no meu colo enquanto ela se aconchega em meu corpo quente. Ela parecia gostar disso, já que todos os Cullen eram trocados no momento que eu aparecia em sua frente. Confesso que, como a tia babona que descobri ser, fico toda rendida por ser a pessoa favorita da minha sobrinha.
— Pode sim, pai. — Mas antes que ele vá, levo minha mão para o rosto dele. — Não se preocupe por ela estar imóvel. Ou parecer pronta para o velório. Carlisle disse que é a morfina, mas ela logo vai acordar.
— Como uma vampira. — Ele ainda parecia estar raciocinando toda aquela conversa, então as palavras saíram descrentes de sua boca.
Assinto.
— Como uma vampira.
Ele assente, imitando meu gesto, e logo vai para o quarto que acabei de sair.
O celular em meu bolso vibra e o pego com um pouco de dificuldade, tentando segurar Renesmee com uma mão só. Desbloqueio a tela e vejo uma mensagem de Jacob. Rosalie vem ao meu socorro, percebendo que estou penando para mexer no celular e ficar com a bebê no colo, e pega Nessie, saindo da sala com a criança.
"O Velho Quil insiste que Nessie é uma ameaça. Você pode trazer ela aqui, junto de algum Cullen? Só para esfregar na cara daquele velho ranzinza que a bebê é só um bebê".
O celular treme novamente antes que eu possa responder, e mais uma mensagem chega.
"Também vou fazer uma reunião com a matilha. Será importante te ter ao meu lado".
— Eu posso ir com você e levar Renesmee. — Edward diz, adentrando a sala com a filha no colo. — Confio em você e Jacob, sei que não vão deixar que façam mal à Renesmee, mas quero estar por perto.
— Tudo bem.
Depois de arrumar a bolsa com algumas roupas da bebê - que Alice fora até Seattle comprar, já que iria virar o assunto da cidade algum Cullen ou até eu mesma comprando roupas infantis - e de Charlie ir para a delegacia, Edward e eu fomos até seu carro, logo pegando a estrada para a reserva. O caminho é silencioso, e Renesmee estava se mostrando uma bebê calma e observadora, já que seus olhos ficaram presos na paisagem do carro durante todo o percurso. Quando enfim Edward estaciona em frente a casa de Billy, onde os outros velhos do conselho estavam, Jacob sai pela porta, parecendo exausto. Com toda a certeza, tinha ouvido merda desde manhã.
Saio do carro, ajustando Nessie no canguru enquanto Edward pega a bolsa com algumas coisas que a bebê precisaria. Diferente da dieta dela na barriga de Bella, eu estava socando mais leite do que sangue para ela tomar, mesmo que a pequena presinhas não tenha gostado tanto assim. E, como descobrimos, o intestino funcionava muito bem, já que ela encheu uma fralda poucas horas depois de nascer.
— As coisas estão tão ruins assim? — Faço careta, vendo a expressão de Jacob. Ele nega, se inclinando na minha direção e me dando um selinho rápido.
— Estava mais cedo, mas meu pai ficou do meu lado, o que deu uma aliviada na discussão. Eles só querem ter certeza de que Nessie não é perigosa.
Como se fosse chamada por Jacob, minha sobrinha levanta o rosto para encarar ele. Os olhos escuros dela, tão parecidos com os de Bella, encaram Jake como se quisesse falar algo. Entendendo o que ela quer, Jake se abaixa, pegando a mãozinha da bebê e colocando em sua bochecha.
O dom de Nessie foi uma surpresa. Edward foi quem descobriu, quando ela o contou que gostava de ouvir a voz dele ainda na barriga. Depois, eu fui a próxima a ser alvo do dom da monstrinha, que me mostrou o quanto se sentia confortável quando eu estava perto, para manter Bella quente ou até mesmo ela. No fim, eu apenas ri, me sentindo um aquecedor para as novas mulheres Cullen.
— O que ela te disse? — Pergunto curiosa, olhando para Jacob quando ele soltou uma risada.
Deixando a mão de Nessie, ele volta seus olhos para mim, rindo.
— Seu pai teve um papo sério com ela, dizendo que só pode namorar depois dos trinta, e que precisa ser um humano. Algo como "já estou cansado desse papo de namorado sobrenatural". — Jake imita a voz de Charlie, e eu gargalho, já que ele levou o dedo até o buso, imitando um bigode.
— Vamos entrar, antes que eu seja expulso daqui. — Edward diz, quebrando o clima leve. Olho ao redor, vendo os vizinhos olharem feio para Edward. Mesmo os que não sabiam que o sobrenatural de fato é real, ainda tinham um pé para trás com os Cullen, por causa das lendas que circulam pela reserva.
Assinto, e logo adentramos a casa. O primeiro que vejo é Billy, sentado no espaço entre os sofás, e logo ao seu lado está Sue, Velho Quil e Sam.
— Nunca vi tanto velho junto. Vão se juntar para tricotar ou para falar mal dos outros? — Comento sarcástica, recebendo um olhar nada bom do avô de Quil, que nunca foi meu fã.
— Não faça troças, garota. O assunto é sério. — E, bufando, ele continua a frase murmurando para si mesmo: — Esses lobos de hoje em dia não servem para nada.
— Esses lobos de hoje em dia servem pelo menos para escutar o que está dizendo, Matusalém. — Levanto a sobrancelha para ele, que tem a decência de parecer constrangido.
— Essa é a menina? — Sue pergunta, tentando animar o lugar. Ela se levanta, vindo até mim. — Parece apenas uma bebezinha fofa. Mas não devia ser mais nova?
Edward, atrás de mim, é quem responde a pergunta.
— Ela cresce muito rápido. A gravidez durou pouco tempo, cerca de um mês, e não sabíamos que isso continuaria depois do nascimento. — O rosto sério encara a todos na sala, em especial Sam, que parece carrancudo ainda sentado no sofá. — Ela se alimenta tanto de sangue, quanto de comida humana. Ela não tem a mesma necessidade que eu e minha família.
— Bem, isso é ótimo, não? — Billy diz, empurrando sua cadeira até mim. — Não teremos uma criancinha de presas mordendo pescoços por aí. E Bella?
— Inerte. A morfina está fazendo com que o corpo fique parado, mas podemos ver os sinais da transformação nela. — Edward responde novamente, e todos na sala assentem. — Ela não será um problema. Vamos a ajudar com a adaptação.
— Como podem ver, não tem com o que se preocupar. — Jake diz, sua mão pousando no meu ombro.
— Ainda. — Velho Quil faz uma ressalva, sua voz fazendo meu corpo tremer de raiva. Velho filho da puta.
— A única pessoa que é capaz de ver o futuro, Ateara, é Alice Cullen pelo que eu sei. Ou você acabou ganhando vidência com a velhice? Por favor, pode me dizer os números vencedores da loteria?
— Ada, por favor... — Billy tenta intervir.
— Billy, esse homem está vendo que não tem com o que se preocupar, e mesmo assim fica procurando problemas. Ele não está se preocupando com o bem da tribo, só com a droga do preconceito dele!
— Você tinha esse mesmo preconceito antes. — A voz de Sam finalmente é ouvida. — Jacob também. Mas se bandearam para o lado inimigo.
— E desde quando apoiar família é ir para o lado inimigo, Sam? — Rosno para ele, e no meu colo Nessie se mexe, inquieta. — Se você não cuida dos seus, eu cuido dos meus.
Aquilo o atinge como um tiro direto no peito, fazendo-o murchar e ficar novamente na dele. Os machucados, pelo jeito, já tinham se curado, mas sua honra tinha ido para o lixo, junto com seu posto de alfa.
A reunião se encerrou, com Velho Quil sendo vencido por Sue e Billy, que ficaram ao nosso lado. Olhei agradecida para Sue, e depois para Billy, expondo em palavras logo depois que Ateara e Uley foram embora.
— Obrigada por nos ajudarem nessa.
— Você estão certos. São outros tempos, outras pessoas. Os Cullen sempre se mostraram diferentes dos outros, e agora que estamos certos de que não há nenhuma ameaça, está tudo bem. — Tia Sue diz, colocando a mão no meu rosto e sorri.
Inesperadamente, quem corta o clima meloso é Billy, que olha para mim e Jake com uma cara enigmática.
— Gosto de ver vocês dois juntos com uma criança. — Ele diz, chamando a atenção de todos. — Façam bebês fofos, eu preciso de netos.
*×*
[ n o t a s ]
olá olá minha gente. como vocês estão?
aqui estou eu com mais um capítulo, e já com Internet o suficiente para poder escrever pelo computador e postar!
espero que tenham gostado do capítulo de hoje, e aos poucos as coisas vão se ajeitando, para logo depois se revirarem todas com os malditos casacas vermelhas!
beijinhos e até o próximo!