HATE | yeonbin

By _JenoJam_

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Yeonjun, filho de Kim Taehyung, é um garoto muito amoroso e atencioso com tudo e todos, mas sua personalidade... More

[prologue] - HATE
1. capítulo
2. capítulo
3. capítulo
4. capítulo
5. capítulo
6. capítulo
7. capítulo
8. capítulo
9. capítulo
10. capítulo
11. capítulo
12. capítulo
13. capítulo
14. capítulo
15. capítulo
16. capítulo
17. capítulo
18. capítulo
19. capítulo
20. capítulo
21. capítulo
22. capítulo
23. capítulo
25. capítulo
26. capítulo

24. capítulo

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By _JenoJam_

Olha só quem já
está de volta! Não
deu nem tempo de
sentir saudades, não é?

Esperamos que gostem
desse capítulo, e cuidado
com os ânimos!!

Ah, e não esqueçam, agora
temos uma conta no twt
para facilitar a comunicação
entre nós, Whizzy, e vocês,
leitores/nossos queridos
taxistas. Basta nos seguir
na @whyyeonjun <3

Nos vemos lá no final 😝

-ˋˏ✄┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈

Keeho corria pela quadra, com seu tênis rinchando nas suas jogadas. Yoon tinha seu cabelo azul agora, como os meus. Ele ligeiramente passa a bola para Theo, o garoto um pouco mais alto que si, destacando no jogo pelo seu cabelo rosa. Hyunjin consegue roubar a bola do time adversário, sorrindo desdenhoso, e ao olhar para a arquibancada, a bola some de sua mão. Hwang olha em volta, e só encontra a grande esfera laranja quando ela atravessa o aro do seu lado da quadra.

Soul acaba de fazer uma cesta de dois pontos, colocando seu time na liderança.

Deixo um riso nervoso escapar.

— Ele achou mesmo que esses garotos não estariam melhores que ano passado, para o idiota se exibir? — murmuro para mim, apertando meus dedos.

— Eles eram ruins ano passado? ­— Felix indaga, para a minha surpresa. Acabo desviando meus olhos para o ruivo.

— Um pouco, foi até que fácil vencer deles. — comento, simples. — Mas como todo mundo, eles também cobiçam pela vitória. Não são burros para desistirem de treinar com vigor. É óbvio que se o capitão do New Rules continuar vacilando, nosso time pode perder.

De canto, vejo o australiano me encarar apreensivo enquanto Jeon, sentado entre nós, tinha as sobrancelhas franzidas, encarando a quadra. Ele mordia seu polegar, aflito.

Volto a assistir o jogo, e Kai por sorte pegou a bola. Huening dá dois passos em direção ao meio da quadra, arremessando a esfera em sua mão, mudando o placar. Estávamos a um ponto na frente, mas isso não quer dizer nada no início do primeiro quarto...

Eles precisam se reerguer urgente.

O primeiro tempo terminou 12X10 para o adversário. A diferença de dois pontos ainda deu inícios e fim nesses dez minutos, porém não é algo de se preocupar muito, visto quê outros três tempos estão por vir.

Bom, tudo daria certo se o segundo quarto não tivesse começado com Hyunjin tentando ser o centro de tudo, roubando e perdendo bola a todo momento, fazendo com que o jogo não fosse para frente em ambos os lados, impossibilitando o NR de virar o placar. Jiung marcava diversas cestas, e mesmo com as habilidades dos meninos do time da casa era impossível o conter sem a colaboração de todos na quadra.

Hwang havia roubado a bola mais uma vez, e estava próximo ao aro e aproveitaria que Intak havia saído do garrafão, mas Jongseob o impede de arremessar. Só restavam duas alternativas, fugir ou partir para o 'mano a mano'. Porém tinha um detalhe do qual o líder do time havia esquecido: ninguém passa pelo Kim. Então, em um ato descuidado de Hyunjin, sua bola é roubada e levada ao outro lado da quadra. Com um curto passe para Keeho, a bola é atirada numa curva impressionante e o som estridente do apito toca. Ponto e fim de mais um quarto.

O RESET estava muito forte no ataque, mas nosso time tinha um buraco na defesa, já que um dos jogadores só pensava em si mesmo. Taehyun capitava os ataques e tentava os impedir a todo momento, mas Hyunjin prestava atenção em si e sempre intercepta mais rápido no local. A habilidade de Kang estava servindo como um alarme para o Hwang, e isso começava a afundar todos eles.

A situação estava pior, o New Rules perdia por uma diferença de doze pontos agora. Todos estavam no vestiário, provavelmente discutindo sobre novas estratégias nesse intervalo maior de descanso. Minhas pernas balançavam constantemente.

— Desse jeito eles vão cair fora — Felix diz, as mãos esfregando seu rosto.

Sem pensar, estou concordando com ele. New Rules não vai ter nenhuma chance se continuar desse jeito. Hyunjin precisava de algum choque de realidade ou tudo estaria acabado com sua individualidade.

— Licença, estou passando! — uma voz reconhecível se aproxima aonde estou, logo sinto um cutucão no meu ombro.

Giro na direção da pessoa.

— É você — digo, sorrindo contido.

— Sou eu mesma — Ryujin rola os olhos, se ajeitando para sentar ao meu lado.

Soobin e Felix acenam ao vê-la, ela retribui em seguida.

— Yeonjun, aquele infeliz está colocando tudo a perder! — grunhe, visivelmente irritada. Não posso dizer que estou diferente.

— Eu sei — concordo, suspirando.

— Yoongi tinha que arrancá-lo do jogo. — a Shim sugere.

— Infelizmente, ele não pode por ser jogador da base.

— Odeio isso! — quase grita, frustrada. — Sorte daquele babaca que não estou na quadra para chutar ele.

— E você seria expulsa — argumento.

— Se você ainda fosse o líder... — Ela começa, mas a corto:

— Eu não sou mais, porra! — vocifero, o sangue nos meus ouvidos rugindo. — Eles terão que conseguir com ou sem mim.

Ryujin morde o canto da bochecha, sei que ela está brava pelo jogo e comigo. Foda-se, não quero que o problema do New Rules seja de eu não ser mais líder. Quando me substituíram, escolheram Hyunjin para ser o novo líder. Agora a culpa do time fracassar será minha?

— Se acalma, cara — Felix intervém.

Dou uma risada com escárnio.

— Como vou me acalmar? Vocês não fazem ideia do quão importante esse campeonato é para o nosso time, e perder estando próximos da final poderia fazer aqueles garotos desistirem do caralho de seus sonhos. — emendo, as palavras pesando junto com a minha voz rouca de ódio. — Assim como desisti dos meus — concluí essa parte, tentando não vacilar. Eu não vou deixá-los desistir.

O time volta para a quadra, e Beomgyu mais uma vez se senta no banco. Ele havia ficado fora no segundo quarto para poder usar sua finta no final do jogo, sem esgotar suas energias, mas se ficasse agora, a situação do placar poderia ser irreversível. Ainda revoltado com Hyunjin se preparando para jogar mais uma vez, me levanto em um rompante.

— BEOMGYU! — grito para ele, saindo meio abafado pelo barulho da torcida. — Está esperando o quê?

Park detecta meu chamado, certamente atordoado e confuso, e faço um dois com a mão. Ele parece pensar, mas depois seu rosto começa a suavizar quando capita o significado. Beom chama seu pai — e técnico — e diz algo para ele, que concorda e chama Hyunjin. O garoto protesta e começa a discutir com o técnico, mas este nem se importa, chamando Mingi e dando duas batidinhas no ombro de Beomgyu, que em seguida retiram seus coletes de reserva.

Jeongin olhava a cena, ele parecia ter entendido o recado também, então cutuca Minho ao seu lado, aparentemente o pedindo para ir ao banco.

— O que você fez? — Ryunjin indaga, receosa.

— Pedi para alterar a posição, agora vai ser marcação por zona 2-1-2. — respondo-a, apertando os olhos. Me sentando novamente e apoiando o queixo em minhas mãos entrelaçadas.

— Para de bancar o espertão e diz o que significa isso — Soobin se intromete, me olhando de soslaio. Desconfiado.

Devolvo o olhar.

— Está me perguntando isso mesmo? — balanço a cabeça com sarcasmo. — Ninguém mandou não prestar atenção nas aulas de Educação Física.

— Estou falando sério — diz, bufando.

Sei que ele está sendo sincero. Afinal, Soobin é desatento com esportes e isso não é novidade.

— 2-1-2 é quando têm três jogadores no garrafão, um de cada lado da cesta e um em frente. Os dois restantes ficam na linha da cesta de três pontos. É uma formação de defesa — Felix responde por mim. Fico pasmo pelo ruivo saber,  no entanto pego seu celular no flagra. Esperto, mas nem tanto.

— Vai começar de novo! — A Shin avisa e prestamos atenção para a quadra outra vez.

O novo tempo começa. RESET se assusta com tamanha mudança no time, mas não se deixa abalar totalmente. O terceiro quarto foi passando e aos poucos a diferença no placar foi diminuindo, até empatar.

Dou um grito quando o sinal de fim de tempo toca. Beomgyu me olha, acenando e me jogando um beijo, como se fosse uma celebridade, e na hora nem me importo e retribuo. Me sinto estranhamente observado, como se alguém me encarasse profundamente após esse ato, mas decido relevar.

— Uau, isso realmente fez muita diferença. Como o técnico não pensou nisso antes? — Felix diz, pensativo. — Yeonjun?

— O que foi? — pergunto, seco.

— Eu estava falando com você.

Cruzo os braços, irritado. Ele não consegue ficar quieto por alguns minutos, meu Deus!

— Querendo ou não, Hyunjin joga bem, só não sabe usar isso ao seu favor, muito menos ao do time.

— Hmm. E o que isso tem a ver com a decisão do técnico? — ele rebate outra pergunta.

— A confiança em que Hwang acordaria para a vida e voltasse a jogar sem querer se exibir como um pavão — respondo, e Ryujin inclina para frente, gargalhando histericamente. A sigo junto e Felix cumprime os lábios. Soobin apenas finge não ouvir.

— Ou talvez um galo — a Shin estufa o peito, imitando a ave e solto um riso.

— O jogo está voltando, prestem atenção! — Jeon resmunga do meu lado.

– Que bicho te mordeu, hein? Você anda muito estressadinho — o ruivo estuda o rosto de Soobin.

— Você está enganado, estou normal. — diz, por fim.

Finjo não escutar os dois, mas Soobin  falando está normal chega a ser cômico. Nossos pais não estão normais. Eu e ele não estamos normais. Nada naquela merda de casa está normal. Não posso tirar a razão dele em deixar tudo virar uma bola de neve e esquecer que existem vários problemas rodeando nossa família, porque é muitos difícil lidar com eles, e mentir que as coisas não estão fora do lugar é a melhor opção. Em breve pode acontecer ainda pior, mas enquanto ainda conseguimos puxar essa corda para longe das pessoas importantes, podemos jogar tudo em um vulcão até que algum dia entre em erupção.

Retiro esses devaneios depravados e apenas foco no agora, em meu time.

O último tempo acabou com uma grande virada, esta que foi comemorada por todos, principalmente por mim. Beomgyu e Hueningkai trabalharam melhores do que nunca juntos, e Kai fazia incontáveis cestas. Foi uma coisa maravilhosa de se presenciar conforme a torcida reverberava em gritos triunfantes.

Corri arquibancada abaixo, pulando com cuidado para a quadra. Paro em seguida, a respiração extrapolada. Vou em direção aos garotos da New Rules, eles estão girando em círculos, todos juntos comemorando a tão merecida vitória. Yoongi repara em mim e me puxa para entrar na roda com eles. 

— Vocês conseguiram — sussurro, segurando o ombro de Beomgyu e Taehyun, ambos sorrindo genuínos. Kai quase tropeça ao me abraçar fortemente. Não deixo de sentir gratidão por eles ainda reconhecerem minha felicidade pelo nosso time. — Você foi muito bem! — dou um tapinha suas costas, quando ele se afasta.

— Obrigado, Yeon! — sorri caloroso.

Mais pessoas se aproximam da quadra e vejo as meninas da líder de torcida comemorando eufóricas. Se o New Rules ganhasse, se apresentariam nos próximos dois jogos. Com certeza estavam ansiosas para mostrarem as acrobacias que estão ensaiando.

Dentre elas está Yuna e Chaeryeong, estavam uniformizadas e os cabelos cheio de fitinhas. Entretanto, apenas Yuna vai ao nosso encalço. Penso que ela corre até mim, mas a Shin envolve os braços finos em Kai, minimamente.

— Você arrasou nas cestas, Kaizinho. — Yuna elogia, beijando as bochechas coradas do caçula.

Kai abre a boca para dizer algo, mas a garota se desvencilha do abraço e com um último sorriso segue novamente para onde sua amiga está conversando com outras garotas. Meu amigo a segue com o olhar meio atônito e depois passa as mãos nas bochechas onde a Shin o beijou.

Entorto os lábios, rindo de seu rosto ruborizado de vergonha.

— Oi, Yeonjun — diz alguém atrás de mim. Giro os calcanhares, depressa.

— Como vai, Jeongin? — cumprimento, um pouco surpreso.

— Muito bem pelo New Rules ganhar — sorri, timidamente. Eu deixo um sorriso descansar por meus lábios. Ele olha para um canto meio acanhado, e acompanhado seu olhar junto. Vejo o líder da New Rules com seu grupo de amigos babacas, onde acidentalmente Jeongin mesmo sendo o oposto de seus amigos.

Ele enterra suas mãos no short, me olhando outra vez.

— Sei que vai parecer estranho para você, mas obrigado por nos apoiar sempre, Yeonjun — Jeongin diz, baixo. Quase inaudível eu diria.

— Meu coração é do New Rules, sempre será.

Jeongin assente, sorrindo.

Depois ele acena para mim, e depois faz o mesmo para Kai que agora tem a companhia de Taehyun e Beomgyu. Yang volta para onde ele veio, quieto e receoso.

— O que ele queria? — Gyu pergunta, indo perto de mim.

— Ele apenas me agradeceu por apoiar o NR.

— Pelo menos ele não é igual os idiotas de seu grupo — Taehyun diz.

— Jeongin nunca foi como eles — o caçula comenta.

— Tem razão.

Beomgyu me encara.

— Sobre o jogo de hoje, sério, valeu pela ajuda, Yeon — sussurra em meu ouvido.

— Ajuda? — Taehyun indaga.

— Pelo apoio, apenas isso — sorrio disfarçado.

Um apito é soprado, voltando a atenção para o meio da quadra. Era hora dos times se cumprimentarem e agradecerem pela partida. Após isso me surpreendo com Keeho vindo até mim.

— Hey, Yeonjun! Quanto tempo... — ele aperta minha mão. Fico confuso assim como os meninos, mas eles me deixam a sós com o jogador do time adversário.

— Realmente — coço a nuca. — Como está?

— Não muito bem após a derrota — diz, dando de ombros. — mas também estou curioso sobre algo...

— O que seria? — questiono.

— Por que você não joga mais? — A pergunta me atinge em cheio e meu estômago se embrulhar em agonia. Minha língua fica petrificada, impedindo de minha voz sair. Keeho nota meu desconforto e eu me odeio por demonstrar. — Eu disse algo errado? — enruga a testa.

— Claro que não — tento não gaguejar. —  É que eu saí do time. Acho que não sirvo para isso... — minto, meu pulso acelerado.

Ele arregala os olhos.

— Você só pode estar zoando, Kim Yeonjun — brinca, como eu tivesse contado uma piada sem graça. — Cara,  você é o melhor jogador que eu conheço! Parece que tem motivos para parar de jogar, mas acredito que no fundo sente falta disso tudo — Yoon comenta com um sorriso ameno. — Sabe, se você tiver uma chance de voltar, agarre ela, sei que não irá se arrepender – diz por fim, dando um aperto em meu ombro esquerdo e sumindo de vista.

Fico estático no lugar.

[...]

Já era o horário de saída, o New Rules ficaria por mais um período na escola, em uma mini reunião para organizar sua ida ao alojamento. Não consegui me despedir dos meninos. Apenas mandei mensagem para Gyu, avisando que fui embora da escola, apenas para ele não encher o saco dizendo que não avisei.

A fala de Keeho não saía da minha cabeça. Agora ela lateja de dor. Eu não tenho chances de voltar, não posso entrar no time assim, no meio de um campeonato. Além disso, nem tenho forças para isso, estou enferrujado, faz tempo que não pego uma bola para jogar.

Estou muito travado, talvez até ultrapassado.

Jogar um pouco não faria mal, faria?

Quando menos percebo, estou em meu skate, seguindo rumo a uma praça pública qualquer, localizada longe da escola e de casa. Ela era pequena, cheia de árvores serpenteando enquanto ajudava a sombrear a área. No centro tinha uma quadra de concreto. Uma quadra de basquete de rua.

Como um choque térmico, minhas pernas começam a andar para perto daquela quadra. Cedo a essa sensação eletrizante dentro de mim. Quadras assim lembravam meu início no esporte, onde o tio Min brincava comigo e Beomgyu. Éramos apenas crianças, mas essa paixão ardente pelo basquete apenas aumentou gradativamente.

Com o skate embaixo do braço, abro o pequeno portal feito de grades trançadas da quadra. Havia um banco ali, estava vazia. A praça tinha um senhor passeando com seu cachorro, no entanto, era só eu que estava aqui dentro dessa quadra. Me sento no banco, encarando o céu ensolarado, os raios violetas do sol ficando cálido.

A brisa leve bate contra meu rosto, bagunçando meus fios azuis. Fecho os olhos e deixo as emoções correrem livres nas minhas veias. Eu apenas inspirava e expirava, provando dessa paz interna nesse momento. É difícil me sentir assim com tanta coisa na cabeça.

Não sei quanto tempo se passou, eu acordo do meu transe com algo tocando meu pé. Era uma bola. Uma bola de basquete.

Sobressalto do banco.

— O que isso faz aqui? — franzi a testa, olhando o recinto. Ninguém avista. — Acho que perderam essa bola.

— Tenho certeza que não — ouço alguém dizer atrás de mim, colocando as mãos em meus ombros.

Levo outro susto, norteado.

— Keeho! Está querendo me matar, caralho? — sibilo, aliviado. Ele vestia roupas diferentes de quando nos vimos mais cedo, agora, sem seu uniforme, o garoto usava uma camiseta vermelha, um short branco e uma faixa na testa, da mesma cor.

Ele solta uma risada, achando graça ao me ver assim.

— Desculpe, não pude perder essa oportunidade — comenta, tampando a boca, mas sei que está escondendo outra risada. — Enfim, o que faz aqui? Pelo que eu sei está longe de sua escola, essa praça é ao lado da NEMOMADE.

— Eu também não sei o que faço aqui, segui sem rumo e cheguei a este lugar — respondo, tentando não ficar alterado. Eu queria tanto ficar sozinho que mal pensei direito quando cheguei nessa praça vazia. — Está fazendo o que aqui, cara?

— Esvaziar as sombras da minha vida — falou, dando de ombros. Assinto, concordando com ele. Sei como se sente. — Será que é alguma mania de líder pintar o cabelo de azul? — ele sorri, mostrando levemente sua gengiva e fecha seus olhos, os deixando iguais aos de um gato.

— Não sou mais capitão — comento, rindo distraidamente.

— Para mim você sempre será, Yeonjun. Não consigo acreditar que você deu essa mancada de desistir da sua posição. Ou melhor, do New Rules. — ele suspira, pegando a grande bola e a girando na ponta de seu dedo como se não pesasse nada.

— Eu não teria tanta certeza, Yoon. — retruco, forçando para sair riso soprado, reprimindo minhas mágoas.

— Eu raramente erro análises de sentimentos. Só que com você não é assim. Não quero dizer que seja transparente com suas emoções, pelo contrário, você é bem difícil de entender. Entretanto, a sua maior fraqueza o impede de esconder suas dores. New Rules ainda mexe com você, mesmo que evite — ele para de girar a bola e passa a brincar com ela, passando das costas da mão esquerda, até a sua direita, fazendo a esfera laranja seguir um caminho entra seus braços e a parte de trás de seu pescoço.

— Você é algum psicólogo? — brinco de sua observação sobre mim.

— Não. Mas minha mãe é. Me ensinou sobre a linguagem corporal, então acabei aprendendo. — ele repuxa os lábios. — Testei em você.

— Como assim?

— Vai parecer esquisito... — começa. — Desde quando éramos mais jovens, um dia o vi jogando basquete na rua, junto com Beomgyu e seu técnico, que aliás, como se conhecem a tanto tempo? — pergunta, estreitando os olhos.

— Ele é um dos pais de Beomgyu — respondo-o.

— Certo. Agora que você mencionou faz sentido, eles tem até a mesma cor de cabelo... — ele diz e a bola de basquete contorna o seu pescoço, frente e trás, se divertindo. — Retomando... sempre o notei desde então, observava vocês de longe, especialmente você. Não ache que sou algum psicopata, maníaco ou algo do tipo — ele levanta a mão, se rendendo de brincadeira. — Sabe, meus pais sempre me obrigaram a ir para uma escola de futebol, joguei futebol por anos na minha vida, só que não curti muito — mencionou, agora girando a bola em seu pé, fazendo embaixadinhas.

Como ele conseguia? Aquela bola era bem pesada. Volto a me sentar no banco, entretido com a bola no pé dele, conforme dizia sua história.

— Depois de tempos o vendo toda semana jogando naquela quadra próxima a minha casa, eu encontrei o que eu almejo. O basquete. Você me inspirou, Yeonjun, há anos atrás, foi por esse motivo de eu criar coragem e enfrentar os meus pais, de sair da escola que eu jogava futebol para entrar em uma de basquete, para sair da Poppin' Star no final do fundamental e vir para a NEMOMADE. No único ano que jogamos, não fui forte o suficiente para o enfrentar, portanto, não desisti, treinei para jogar contra você mais um ano... — ele sorri, amuado. — Entrei na quadra e você não estava lá.

Ele joga a bola por trás de suas costas com a mão esquerda, a pegando pela frente com a direita, logo parando de brincar com ela e me encarando no fundo dos olhos.

— Isso me abalou muito. Ainda não consigo acreditar que uma estrela como você pode parar de brilhar.

Meu coração finca no peito.

— Espera um pouco, você estudou na Poppin' Star? — indago, perplexo. Ele concorda com a cabeça. — E eu fui o motivo de você começar a jogar? — Ele concorda novamente.

— Eu considero você uma inspiração para mim, Yeonjun. Eu treino muito, quase todos os dias, apenas para conseguir chegar próximo ao seu nível. Sei que você não é páreo. — ele pausa. — Se importa se eu fazer uma pergunta?

— Não, pode fazer — digo, descontraído. Estou meio confuso com tudo o que ele havia contado.

— Você pode jogar comigo? — questiona e posso ver seus olhos límpidos e brilhando com espectativa.

— Eu estou enferrujado, não sei nem se lembro como se joga — coço a testa, inseguro.

— Você nasceu pra jogar, seria impossível esquecer o que mais gosta de fazer — diz e eu apenas quero sumir dali. — Eu não pediria para jogar junto a mim se não tivesse vontade. — Sua cabeça inclina para o lado, esperando por minha resposta.

Respiro fundo.

— Tudo bem, eu posso jogar — falo, derrotado. Me levantando, dando leves batidinhas na minha calça. — Só não fique surpreso caso eu o decepcione.

— Bobagem!

Keeho pula claramente feliz por eu aceitar. Parecia uma criança ganhando um doce, me abraçando rapidamente. Retribuo meio assustado por seu ato, mas tento transmitir a mesma felicidade que ele. Ainda não consigo acreditar no que fui capaz de fazer sem ao menos saber. Eu mudei a vida dele? Talvez não, o esporte tem sido seu anfitrião. Eu apenas o fui seu guia. No entanto, isso não diminui meu orgulho.

Keeho me puxa até a quadra, exalando animação.

— Quem marcar dez cestas primeiro vence, combinado? — diz o azulado pergunta e eu afirmo, me colocando em posição.

Ele começa com a posse da bola, e quando tenta dar uma finta eu o paro e roubo a esfera, marcando um ponto. Em seguida continuamos, até que no fim, ganhei com um placar de 10×4.

— Parece que você não confia na sua própria capacidade — ele coloca a mão na cintura, arquejante. — Preciso treinar mais!

— A sua determinação é contagiante — comento, secando um filete de suor no rosto.

— Obrigado — Yoon diz, assoprado. Suas bochechas ficam ruborizadas pelo esforço e calor. — Você está livre?

Pego meu celular para checar as horas. 14:25 e eu ainda nem mandei mensagem para papai. Ele provavelmente está ocupado já que não ligou pra mim até agora. Sabe que hoje era dia de jogo do New Rules, o ouvi conversando no telefone com Jimin, suponho que ele imagine como isso poderia me afetar.

— Felizmente estou, vou só avisar meu pai — digo, desbloqueando o visor do aparelho com a digital, já que a senha em PIN não havia funcionado, o que achei estranho. Mando mensagem para meu pai, avisando onde estou. Ele visualiza a mensagem e me manda um emoji com um polegar para cima. — Pronto!

— Você está afim de ir na sorveteria comigo?

— Ótima ideia! — concordo com sua proposta.

Pego meu skate no chão, assim como Keeho pega sua bola, e o deixo me conduzir em direção ao estabelecimento. Era uma sorveteria que eu reconhecia em frações de segundos. Era a mesma na qual eu sempre fui com os meninos. Keeho tinha bom gosto em escolher essa, tinha os melhores sabores de sorvetes. A sorveteria no estilo retrô. Ladrilhos coloridos e o piso xadrez. Havia letreiro em led, sinalizando os preços dos sorvetes e milkshakes. Tudo era vibrante e pomposo.

Sentamos em uma mesa próxima as janelas e guardarmos algum funcionário dos atender. Assim que alguém aparece para anotar nosso pedido, Keeho lança um olhar terno à pessoa.

— Boa tarde, Soul! — ele cumprimenta o garoto de olhos arredondados e bochechas fofinhas. Eles se conhecem, pelo o que parece.

— Boa tarde! O que vão querer? — ele pergunta, segurando um bloco de anotações.

— Quero um milkshake de chocomenta, por favor — peço e ele assente, anotando.

— Como assim? — Yoon faz uma careta.

— Não vai me dizer que você não gosta? — cruzo os braços sob a mesa.

— Credo, odeio! Quem tomaria um sorvete com gosto de pasta de dente por livre e espontânea vontade? — ele abre a boca, abismado. O garçom tosse. Yoon eleva os olhos até ele. — Shota, meu bem, traga um milkshake de morango para mim, por favor.

— Pode deixar! Volto em alguns instantes — sorri gentilmente para nós, retornando para o balcão.

— Yeonjun, você é louco!

— Eu não sou nada. É difícil fazer amizades com pessoas que não aceitam que chocomenta é o melhor — brinco, batucando meus dedos.

— Eu posso aturar nesse caso. — ampara as mãos no queixo. — Precisamos nos conhecer melhor, não é? Eu apenas observava você de longe.

— Assim você parece um stalker... — semicerro os olhos.

— Eu apenas sou seu fã, beleza? — diz com a mão no peito, fingindo estar afetado. — Me conta um pouco de você.

Eu penso bem para falar, procurando algo interessante sobre mim.

— Acho que não tem nada de muito interessante pra falar a verdade. Mas vou tentar citar algumas coisas. Eu gosto de andar de skate; sou um bookstan; adoro flores; gosto de ver filmes virado de ponta-cabeça no sofá e tenho uma gatinha chamada Puma — listo algumas coisas contando nos dedos. — Agora me fale sobre você.

— Hum... — Ele pensa bem antes de começar também. — Eu sou canadense e meu nome em inglês é Stephen — cita e eu reparo melhor em seus traços, ele realmente é estrangeiro. — Moro perto da Poppin' Star, os garotos do RESET viraram meus melhores amigos junto com o Soul, o atendente daqui, e eu tenho uma lista de 17 coisas para fazer antes de morrer — comenta e rimos juntos.

— Você mora bem perto da minha escola? — questiono.

— Cinco ruas abaixo.

— Somos quase vizinhos, então! — comento, animado. — Qual é a sua casa?

— A verde da esquina. Já que agora sabe, você deveria me visitar um dia se quiser — ele pisca o olho e esquerdo e eu balanço a cabeça em afirmação.

Nossos pedidos chegam, e continuamos a conversar sobre várias coisas que ambos gostamos. Aproveitando a bela tarde de Seul.

[...]

Cerca de uma hora se passou quando resolvemos ir embora juntos, caminhando até nossas casas, que não são tão longes uma da outra.

Durante esse curto tempo que passei com Keeho pude perceber que ele é alguém carismático e bem-humorado. Ainda não acredito que o tinha inspirado em começar sua carreira como jogador de basquete. Ele provou ser respeitoso em não tocar mais no assunto sobre o New Rules e eu acredeci mentalmente.

— Chegamos! — Stephen diz, parando em frente a sua casa. — Obrigado por hoje, você conseguiu me animar após a derrota do RESET para o New Rules — reforça. — Por um acaso seria um incomodo eu pedir seu número? — pergunta, passando a mão nos cabelos azulados como os meus.

— Claro que não! Espere, pode anotar o seu no meu celular — digo, pegando o aparelho em meu bolso, tentando colocar a senha e errando novamente. — Minha senha não vai, droga. Certeza que  tem dedo de Park Beomgyu nisso!

Bato o pé no chão.

— O que houve? — indaga.

— Tenho certeza que essa peste mudou — tento digitar sua data de aniversário, desbloqueando facilmente o visor. — Sabia! — entrego o celular nas mãos do outro garoto para que ele salve seu contato, depois entrega seu aparelho para que eu faça o mesmo.

Com nossos números salvos e uma promessa de que mandaríamos mensagem assim que eu chegasse em casa, nos despedimos e eu sigo rumo a minha residência, chegando mais rápido com ajuda do meu skate. Não sou recebido por ninguém, acho que papai e Jungkook estão na empresa. Subo para meu quarto e o encontro vazio. Soobin não está aqui também.

Apenas escuto o miado de Puma ao me ver, ela ficou dormindo na minha cama. Acaricio sua pelagem preguiçosamente, deitando minha cabeça no travesseiro, divagando sobre o jogo e meu passado como jogador. Sinto dolorosamente uma pontada em meu peito, não era diretamente física. É como se fosse algo superficial, mas que valia de um modo real.

Não seria simples ausentar essa dor quando ela é forçada a sair.

-ˋˏ✄┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈┈

O que acharam do cap?
Será que vem aí uma nova
amizade?

Nos contem suas teorias!!

Por hoje foi isso, beijos
das Whizzy 💙💛

Até semana que vem 💭

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