Stay With Me - Cartas Esqueci...

Od Mai-Santos

138K 12.3K 8.1K

Durante um casamento, Miranda, editora de uma revista em Paris, tem uma discussão com seu namorado e acaba en... Více

1 - Azuis frios
2 - Castanhos quentes
3 - Escuro fumegante
4 - Gota transparente
5 - Delírios rubros
6 - Azul avelã
7 - Boca rosada
8 - Sob o céu escuro
9 - Véu branco
10 - Luz vermelha
11 - Branca por fora, rosada por dentro
13 - Envelope azul
14 - Seda preta
15 - Flor do campo rosa
16 - Botão de rosa
17 - Tons de ouro e rosa
18 - Aura flavescente
19 - Rastros vermelhos
20 - Proeminência avermelhada
21 - Memórias cinzas
22 - Lábio avermelhado
23 - Macia e branquinha
24 - Rosas vermelhas
25 - Noite escura
26 - Nada além da espera escura
27 - Devaneios com vinho tinto
28 - Subconsciente obscuro
29 - Traço rosa intenso
30 - Barriga pálida
31 - Lembranças rubras
32 - Despedida preto no branco
33 - Reflexo avermelhado
34 - Choque entre castanho e azul
35 - Lágrimas no rosto vermelho
36 - Rosas dele e dela
37 - Lábios carmesim
38 - Bandeira branca
39 - Ouro sobre azul
40 - Um azul e outro branco
41 - Mamilos cor de coral
42 - Pequeno anjo prateado
43 - A luz da calmaria
44 - Vestido grego branco
45 - Brilhante solitário
46 - Azul da prússia lhe cai bem
47 - Manhã alaranjada

12 - Cristais brilhantes

4.3K 306 127
Od Mai-Santos

"Querida, Andrea. Apesar de não obter resposta da carta anterior, teimo em escrever novamente para ti."

𝔸ndrea deslizou os dedos pelos álbuns perfeitamente alinhados na estante. Ela puxou um deles e sentou para apreciar com calma a fotografia de Miranda. Esse era parecido com o que ela havia visto no dia em que conhecera a mulher, a capa completamente branca e com uma textura trançada, bordas com encaixes dourados e polidos.

Assim que o abriu, seus olhos foram agraciados por diferentes fotografias dela, em diferentes momentos, algumas mais jovem, outras pareciam recentes, algumas com aquele lindo sorriso que iluminava tudo a sua volta, outras séria, com os olhos frios, em algumas parecia estar brava, em outras, divertindo-se.

Haviam páginas com notas, e até mesmo um nome: James Hamilton. Ela franziu o cenho, uma curiosidade pujante em sua mente, afinal, Miranda provocava esse sentimento nela a todo momento, por mais coisas que ela soubesse da mulher, nunca era o suficiente, sempre lhe parecia demasiadamente misteriosa e cada vez mais interessante.

Ela puxou outro álbum com uma capa cinza, esse estava repleto de fotografias instantâneas, todas do rosto de Miranda. Algumas sorrindo, outras com os olhos e o nariz avermelhados, o rosto inchado, sem qualquer maquiagem e os cabelos desgrenhados. Ela imaginou ser um álbum de registro do humor de Miranda, talvez fazer um autorretrato fosse alguma espécie de cura.

Mais um álbum foi aberto na mesa, nesse haviam registros de lugares diversos. De crianças brincando em um parque até natureza-morta. E ela ficou ali, absorta em cada imagem, cada álbum lhe causando uma sensação diferente. Ela se imaginou estando naqueles lugares, ao lado de Miranda, observando-a fotografar e apontando direções.

Então ela encontrou aquele primeiro álbum que pôde ver somente uma foto na outra semana. Ela entendeu o motivo de Miranda proteger aquela sala, eram imagens totalmente íntimas da mulher e em diversos momentos. Imagens somente de seus lábios, barriga, as pernas dobradas na banheira, o corpo nu deitado no sofá, fotografias tiradas frente ao espelho, de roupa íntima ou camisola.

Ela conseguiu ver tudo aquilo com o olhar de apreciação artística, admirando a arte da fotografia e a arte que era aquele corpo delicado e gracioso, dotado de uma beleza que transcendia os limites da absorção de Andrea. Certamente, Miranda tinha uma coisa, algo que fazia a jovem refém de seus encantos. Ela não poderia dizer se estava no olhar penetrante que parecia invadi-la e ler facilmente todas as linhas de seu âmago, se estava na força das palavras de Miranda, que fazia com que ela se sentisse sempre confortável na presença dela, se eram seus sentidos sendo roubados pelos cheiro, toque, sabor e sua imagem de perfeição, ou se estava na complexidade de suas vivências, tão diferentes e tão iguais. A única coisa que ela poderia afirmar com certeza, é que não era puramente físico, tampouco somente essente.

°°☉°°

"Miranda." Andrea chamou pela mulher, que dormia ainda agarrada ao travesseiro. "Miranda." Ela afastou uma mecha loira do rosto de Miranda e roçou seu nariz no dela. "Você não acorda com nada?"

"Eu estou acordada, mas tinha esperança que você desistisse." Respondeu com a voz sonolenta.

"Eu percebi que você não comeu nada hoje, e você se sentiu mal ontem e bebeu vinho hoje sem se alimentar."

"Ótimas percepções, criança, obrigada por me informar o que eu já sei." Ela puxou o cobertor até seu rosto, cobrindo-o, e Andrea bufou, puxando-o de volta. Miranda finalmente abriu os olhos, lançando um olhar incrédulo para ela.

"Você precisa se alimentar, eu arrumei a mesa com umas coisas que Tara deixou preparada."

Miranda revirou os olhos e rolou na cama, virando-se para o outro lado e fechando novamente os olhos. Persistente, Andrea rastejou entre os lençóis e deitou de frente para ela, abraçando sua cintura.

"Vamos, eu estou com fome." A jovem choramingou fazendo bico.

"E você precisa de mim para comer porque…?" Desta vez, foi Andrea quem revirou os olhos. "Precisa que dê na sua boquinha?"

"Vamos, Miranda, eu não quero mais ficar sozinha como um fantasma pela casa, é angustiante e estranho. Eu também… também fico preocupada que você fique tanto tempo sem comer."

Miranda olhou para ela por alguns segundos, e seus olhos rolaram novamente para cima, agora em resignação.

"Cristo! Eu nunca conheci alguém tão insistente quanto você." Finalmente cedeu e sentou, esfregando os olhos.

"E eu nunca conheci alguém tão mal humorada quando acorda." Andrea provocou, sorrindo vitoriosa. "Hey!" Miranda a olhou, então Andrea a surpreendeu com um beijo estalado em seus lábios. "Pronto, agora podemos ir."

°°☉°°

Andrea não conseguia parar de olhar Miranda, era inevitável, não havia nada naquela sala que pudesse atrair seu olhar mais do que a mulher ao seu lado, sentada elegantemente na cabeceira da mesa.

"O quê?" Miranda questionou, quando Andrea estava parada, olhando-a com o garfo suspenso no ar.

"Uh, nada. Diga-me uma coisa, você vai me convidar para sair no próximo fim de semana?" Miranda piscou antes de rir graciosamente com os lábios fechados. "Eu só quero saber porque eu já te convidei… então…" Miranda riu um pouco mais, desta vez mostrando os lindos dentes.

"Certo, e você já está pensando nisso porque…?"

"Você sabe… o dia está acabando e amanhã você vai me empurrar para fora de sua casa como na última segunda e talvez não tenhamos tempo de conversar."

"Você é mesmo uma pessoa ansiosa, hum? O dia sequer escureceu e já está pensando no amanhã? Certo, minha querida, você pode vir no sábado ou no domingo, há muito tempo para decidir isso e nós sempre podemos usar o telefone, lembra?"

"Okay… eu só… queria tirar essa sensação de que são meus últimos momentos aqui e estamos nos despedindo, entende?" Os olhos azuis de Miranda ganharam um brilho terno e seu sorriso era simples, mas aquecido. As bochechas de Andrea ficaram imediatamente vermelhas com a visão.

"Você é tão doce, vou pedir permissão aos seus pais para terminar de educar você." Ela assistiu os olhos castanhos revirarem e Andrea soltar o ar com força. Miranda respirou fundo, cantarolando enquanto o ar deixava seus pulmões. "Eu entendo o que você diz…" tocou o rosto da jovem e brincou com o lóbulo de sua orelha, deslizando entre o polegar e o indicador, então Andrea prendeu o ar enquanto Miranda se aproximava para beijá-la, e seus lábios se encontraram e se encaixaram, trocando uma carícia lenta e demorada. Miranda finalizou com um beijo rápido e delicado, olhando intensamente nos olhos de Andrea antes de falar: "Vamos fazer de cada segundo especial."

A jovem assentiu e elas voltaram para a refeição, com uma sensação de leveza em seus corpos.

"Já aconteceu de você ter um tempo incrível com uma pessoa, desejar  ter mais e por algum motivo nunca acontecer?" Andrea perguntou, antes de levar uma porção de sua salada até a boca.

"Uhn-hum. Uma vez conheci um rapaz em Milão, eu estava trabalhando e depois de um dia exaustivo, sentei-me no bar do hotel para tomar alguns drinks. Ele sentou ao meu lado, e eu não me lembro bem como começou, mas quando me dei conta estávamos conversando e foi ótimo, na verdade foi divertido. Mas então ficou tarde e eu tinha que trabalhar no dia seguinte, tivemos que nos despedir. No meu último dia em Milão, nos encontramos no elevador e ele me chamou para jantar, foi uma das noites mais descontraídas e relaxantes que eu tive em séculos. Sabe toda essa coisa de conversar com um desconhecido? Ninguém sabe os defeitos de ninguém, os vícios, as manias… você pode ser quem quiser. Mas eu voltaria para França no dia seguinte, e ele eventualmente voltaria para seu país, sabíamos que seria só aquilo. Voltamos caminhando para o hotel e no elevador, quando cada um seguiria para seu andar, tivemos… ou pelo menos eu tive, aquela sensação estranha de despedida, de 'nós nunca mais vamos nos ver' e, bom… não foi muito agradável, eu voltei para casa pensando que poderíamos ter nos dado bem se tivéssemos tempo."

"Espera, não rolou nada? Tipo aquele clichê de encontrar um desconhecido e acabar no quarto de hotel dele?"

"Não." Miranda sorriu. "Bom, nos beijamos no elevador, antes de eu sair no meu andar, mas foi só isso. O beijo tornou tudo pior."

"Por que era bom?"

"Maldição! Era muito bom!"

"Sério, qual o problema desse cara? Por que ele não chamou você? Por que você não chamou ele? Por que não trocaram contato? Eu não teria perdido essa oportunidade."

"Claro que não, senhorita atrevida. Mas as coisas são como tem que ser, foi bom só aquele momento, pelo menos não começamos um relacionamento a distância apenas para estragar tudo depois."

"Eu não sei se posso concordar com isso, quero dizer, tinha algo, não? Poderia ter sido incrível, vocês simplesmente desistiram antes de tentar."

"Para quê? Cultivar algo que não tem futuro, quando os dois sabiam que nunca funcionaria já que viviam em países diferentes? Apenas nos magoaríamos adiando o inevitável." Andrea olhou para seu prato vazio, refletindo sobre tudo isso, Miranda suspirou e levantou, recolhendo a louça. "Eu entendo como é ter vinte e dois anos e acreditar que tudo é possível se tentarmos, mas pular de um prédio com os braços abertos tentando voar vai realmente te matar. Com um tempo você vai se acostumar a deixar algumas coisas irem, é o processo natural de nossa jornada."

"Você não acha que é por isso que nunca amou ninguém? Deixou as oportunidades antes mesmo delas se mostrarem?"

"Talvez… possivelmente. Mas não podemos ter tudo na vida. Sempre temos que escolher e mesmo quando não escolhemos, é uma escolha. Como Sartre disse, nós somos condenados a ser livres, assim como somos livres para escolher. Eu escolhi viver na França, escolhi focar na minha carreira, nos meus sonhos, escolhi ser independente, viver minha vida à minha maneira, sou responsável por estar onde estou e como estou."

Elas caminharam para a cozinha e Miranda colocou os pratos na lava louças, percebendo pelo canto do olho a inquietude de Andrea.

"O quê? Você pode simplesmente discordar, não estou sendo condescendente, mas ao longo da nossa vida discordamos de nós mesmos infinitas vezes."

"Não… não é isso." Elas continuaram, enquanto caminhavam para a sala de estar. "É que me fez pensar… quando escolhi estudar para ser jornalista, automaticamente deixei de escolher todos os outros cursos, quando escolhi vir para França, deixei de escolher todos os outros países, quando decidi gastar meu dinheiro com essa viagem, deixei de fazer uma cirurgia que realmente me traria ainda mais dor. De certa forma parece que estamos sempre deixando coisas para trás, enquanto caminhamos e fazemos nossas escolhas."

"Hum." Miranda murmurou, antes de deitar sobre Andrea no sofá, repousando o rosto em seu peito. "Mas viver é realmente isso, não é possível não ter alguma ação em relação às coisas. E é arriscado, tomar decisões sempre será arriscado, nunca sabemos para onde nos levará, mas você não precisa ficar pensando muito sobre isso, prender-se ao que poderia ter sido. O melhor é apenas seguir em frente."

"Você não se arrepende de nenhuma decisão?" Miranda ergueu o rosto para vê-la e Andrea deslizou os dedos entre as mechas macias do cabelo dela.

"Não, eu faria algumas coisas diferentes. Como, talvez não me afastaria tanto de minhas irmãs, embora às vezes eu acredito que nunca daríamos certo juntas. Uma vez eu tentei ajudar Donna, mas ela não aceitou, não me surpreendeu, as mulheres da minha família são muito orgulhosas. Então eu desisti de qualquer proximidade, talvez hoje eu fizesse diferente."

"Donna?"

"Sim, minhas irmãs são Donna e Dee Dee."

"Você é a adotada? A única com a inicial diferente." Miranda sorriu, e ergueu ligeiramente o corpo para beijá-la.

"Não, criança. Dee Dee nem sempre se chamou assim, ela mudou de nome quando começou a ascender como atriz, queria deixar o passado para trás. Eu também nem sempre me chamei Miranda."

"Você tem outro nome?!" Os olhos da jovem cresceram, surpresa.

"Não, meu nome é Miranda."

"Sim, mas e antes?"

"Você nunca saberá." Andrea lançou um olhar triste e desapontado para ela, fazendo um bico com os lábios carnudos trêmulos. "Não me olhe assim, não vou contar." Voltou a deitar sobre o peito de Andrea e sentiu os dedos dela fazerem uma carícia delicada.

"Hum, você é má. Eu nunca pensei em mudar meu nome, acho que ele realmente combina comigo."

"Seu nome é lindo, forte como você."

"Gosto da história por trás da decisão de meus pais por meu nome. Minha mãe tinha receio que eu não me reconhecesse com o gênero que me foi atribuído, então ela escolheu um nome neutro, assim eu não me sentiria desconfortável com ele."

"Sua mãe cuida de você, eu acho que a forma mais pura de amor está no cuidado, na ação da cura. É muito distorcido o amor de algumas pessoas, que machuca em vez de zelar. Ela  parece ser uma mulher incrível."

"Ela é, gostaria que você pudesse conhecê-la. Ela foi minha única amiga por muito tempo e realmente cuidou de mim, das minhas feridas. Hoje eu não a deixo saber um terço do que acontece comigo, eu acho que cada vez que ela me curava, ela se machucava, como se ela sofresse com meu sofrimento, sabe?"

"Certamente. Uma mãe que ama, fica machucada com o sofrimento dos filhos, ninguém quer ver um ser que é de sua responsabilidade, e que  devotou tanto amor, cuidado e preocupação, sentindo dor."

"Essa é minha questão sobre ter filhos, eu tenho tantas ambições, tantos planos, já sou uma pessoa tão quebrada, não acho que no meio de toda essa bagunça eu possa criar um pequeno humano, sabe? Apavoro-me somente com o pensamento de que alguém que eu criei, vai ser uma pessoa ativa no mundo, vai tomar decisões, errar, acertar, influenciar de alguma forma a vida das pessoas. Acho isso uma responsabilidade muito grande."

"Eu entendo. Entendo perfeitamente. Então você acha que nunca vai querer filhos?"

"Não. Nunquinha. Pelo menos eu sei que posso falar disso com você. Geralmente as pessoas dizem 'ah, mas você vai mudar quando estiver mais velha, vai sentir a necessidade de ser mãe, na sua idade todo mundo pensa assim'. Nossa, odeio condescendência."

"Sim, nós mudamos muitas coisas ao longo dos anos, mas algumas ficam. Eu ainda não sinto esse tal instinto materno, continuo pensando que sou uma mulher para ser sozinha."

"Eu não sei se gosto muito dessa possibilidade. Eu quero amar também, e quero ser amada. Construir uma vida com alguém."

"Isso vai acontecer. Você vai encontrar alguém que enxergue a mulher incrível que você é e te valorize como merece, mas antes de tudo, aprenda a estar bem com sua própria companhia, você já é completa sozinha."

"Eu estou. Acredite. Sei que estou muito melhor sozinha do que com a maioria das pessoas que passaram pela minha vida."

O silêncio preencheu a sala por alguns momentos, e nenhuma das duas se incomodou com isso. Elas ficaram apenas se curtindo, antes de Miranda se erguer mais uma vez e beijar os lábios da jovem, que retribuiu o beijo com uma ardência pulsante.

Uma das mãos de Andrea se fechou entre as mechas do cabelo de Miranda, enquanto a outra tentava subir o tecido do robe para alcançar a pele dela. Mais rápida do que ela, Miranda enfiou as mãos quentes sob a camisa de Andrea, fazendo-a quebrar o beijo com uma arfada.

Era impossível não reagir ao toque uma da outra, era impossível não se envolver com os beijos profundos que as levava para fora da atmosfera. Então Andrea não poderia evitar gemer quando Miranda encaixou seus quadris e movimentou sobre seu sexo. Ela desejou tanto estar sem todas aquelas roupas, que suas mãos nervosas encolheram de uma vez a seda do robe e alcançaram as nádegas firmes de Miranda, apertando-as contra sua virilha.

"Miranda…" Ela ofegou, e sentiu os lábios quentes escorrerem para seu pescoço. "Cristo!"

Ela ouviu Miranda gemer bem perto do seu ouvido, quando uma de suas mãos cavou entre elas e alcançou a fenda férvida e molhada. As pontas de seus dedos deslizaram sobre o ponto de prazer entumecido, e aquele som suave e divino começou a vibrar na garganta da mulher.

Miranda se ergueu, apoiando-se nos braços e movendo seu quadril contra os dedos de Andrea. Ela mordia o lábio e mantinha os olhos fechados, seus cabelos ondulados balançavam com seus movimentos, e Andrea ficava cada vez mais sem ar, dolorida com tanta excitação, assistindo a mulher indo e vindo sobre ela.

Miranda sentia que com Andrea era diferente. O prazer tomava conta de todos os seus poros, cada átomo de seu corpo sendo energizado pelo desejo crescente. Ela abriu os olhos, com as pupilas dilatadas, e golpeou Andrea com o fervor de seu olhar carregado de desejo. Então ela se desfez, gemidos arrastados preenchendo a sala e fazendo Andrea latejar. Seu corpo inteiro enrijeceu enquanto recebia a descarga do gozo intenso.

Ainda ofegante, ela teve seus lábios brutalmente tomados por Andrea, que sentou e abraçou forte seu corpo trêmulo, mordendo e chupando sua boca com toda a ansiedade de possuí-la.

"Eu quero você." Andrea sussurrou, mordendo o pescoço dela. "Preciso que me receba." O roupão foi aberto e ela nunca se acostumaria com aquela nudez polida.

O toque do telefone provocou um grunhido de frustração em Andrea. Ela não queria parar, por esse motivo apertou Miranda e girou no sofá, ficando por cima dela.

"Eu preciso atender!" Ela tentou escapar, mas Andrea não deixou.

"Deixa tocar."

"Não posso, pode ser minha chefe." Ela se mexeu sob Andrea e riu quando a jovem deixou o peso do seu corpo pressioná-la contra o sofá.

"Então sua chefe é uma abusada, hoje é domingo."

"Andrea! Deixe-me sair ou eu ficarei profundamente desapontada com você." Os olhos castanhos reviraram, e ela liberou Miranda, bufando descontente.

Com o robe aberto e ainda rindo, Miranda empoleirou no descanso de braço do sofá e puxou o telefone do gancho, dando uma piscadela para Andrea antes de falar com a pessoa do outro lado da linha.

"Allo!?... Oh, é você… não, eu pensei que fosse Lucía… aqui está tudo bem sim, e por aí?" De repente, ela sentiu as mãos de Andrea descer ligeiramente o robe, deixando seus ombros expostos e depositando beijos e sugadas provocativas em sua pele. "Uhn-hum… entendo, é realmente um caso difícil." Ela olhou por cima do ombro e viu a malícia no olhar de Andrea, que alcançou seus seios e apertou com as mãos espalmadas. "Você sabe quando…" Andrea mordiscou seu pescoço e Miranda se contorceu, rindo nervosamente. "Pare!" Ela proferiu e escapou dos braços da outra, saindo da sala. "Não, não foi com você, estou com uma amiga. Você sabe quando retorna?..."

Andrea a observou se afastar e deixou o corpo cair sobre o sofá, colocando a mão no lado esquerdo do peito. Ela fechou os olhos e respirou profundamente, sentindo o pulsar acelerado contra sua palma.

Alguns momentos se passaram e ela abriu os olhos, se deparando com Miranda em pé ao seu lado, observando-a com uma certa estranheza. Era difícil para Andrea decifrar os mistérios escondidos por trás daqueles cristais brilhantes.

"Tudo bem?" Andrea perguntou, então Miranda se deitou no curto espaço ao lado dela e abraçou sua cintura, encostando o rosto na curva quente de seu pescoço.

"Uhn-hum." Murmurou em confirmação. "Eu precisava abraçar, só isso."

"Que seja eu então." Andrea a apertou em seus braços e ela suspirou, deixando um peso desconfortável sair de seus ombros.

°°☉°°

Sentada aos pés da cama, Andrea removeu com lentidão o robe de Miranda, deixando a peça de seda deslizar pela pele macia dela, até se amontoar no chão. A mulher em pé à sua frente completamente despida, ajudou-a a se livrar das poucas peças de roupa, abraçando seu pescoço e cantarolando com o contato de seus corpos quentes.

Aquele final de semana havia sido tão longo, mas no final parecia que havia passado tão rápido, que elas quiseram aproveitar cada segundo de seus últimos momentos. Então elas se tocaram com calma, beijaram-se com lentidão e mantiveram seus olhos conectados a todo instante.

Até mesmo enquanto Miranda deslizava o preservativo na extensão ereta, Andrea beijava seus ombros e a tocava com carícias delicadas. Miranda sentou em seu colo com cautela, movendo-se vagarosamente até que Andrea se acomodasse inteira dentro dela. Elas se abraçaram e beijos foram trocados enquanto sons de prazer escapavam entre o toque de seus lábios.

"Nós nos encaixamos tão perfeitamente...” Andrea sussurrou ofegante, enquanto Miranda apenas beijava sua boca deliciosamente, e trocava olhares intensos. "Parece que você foi feita para me receber e eu fui feita para te possuir." Apertou a cintura dela com suas mãos gentis.

Um gemido sôfrego fez Miranda interromper os beijos, e suas testas se uniram enquanto ela se movia com cada vez mais intensidade, sua intimidade inchada contraindo e apertando o sexo de Andrea, levando-a cada vez mais a loucura.

A jovem emaranhou seus dedos no cabelo desgrenhado de Miranda e fez uma leve pressão, apenas pelo instinto de aliviar todo aquele prazer ensandecido tomando conta de seu corpo e lhe tirando o controle. Ela mordeu o lábio com força quando Miranda começou a choramingar em seu colo, sentando ávida em seu mastro pulsante.

"Ahn-Ahn-dre-ah!" Seu quadril ganhando vida própria enquanto o ápice atravessava seu corpo. "Oh! Andrea!" O interior contraiu violentamente, apertando  Andrea com mais força, e suas unhas cravaram firme as costas dela.

Andrea não pôde mais resistir, deixou-se levar pela intensidade que era ter aquela mulher lhe consumindo, totalmente entregue a ela, como ninguém nunca antes esteve.

"Adoro ouvir você gemer meu nome. Os sons que você faz… Cristo! Eu queria ter gravado." Disse Andrea, com a respiração ofegante. Ela viu o sorriso satisfeito se formar nos lábios delicados e rosados de Miranda, antes de beijá-la com toda a devoção que aquele momento exigia, ainda com os corpos unidos.

°°☉°°

Miranda ainda se sentia cansada. Embora o dia tivesse sido muito mais agradável do que o normal, nada excluía o fato de que ela estava dormindo mal, comendo pior ainda e com a cabeça ocupada de pensamentos e conflitos. Então, tudo o que ela queria naquele momento era descansar o corpo e a mente, mas Andrea simplesmente não deixava. A jovem não parava de beijá-la, sentindo o fim iminente daquele final de semana.

"Andrea…" Miranda riu, tentando escapar dos braços dela. "Eu preciso dormir ou minha semana será miserável."

"Errado, eu vou fazer sua semana ser incrível, somente com as lembranças de hoje."

"Adorável! Permaneça do seu lado." Suspirou e revirou os olhos, empurrando Andrea para o canto da cama e dando as costas para ela. Não demorou para sentir os braços envolverem sua cintura e as pernas se enroscando nas suas. "Não, não. Eu disse do seu lado! Não gosto de dormir com ninguém grudado em mim."

"Como assim? Todo mundo gosta de dormir de concha."

"Não eu. Não consigo dormir assim."

"Você dá muito trabalho, Miranda. Já experimentou ser a concha?" Miranda a fitou por cima do ombro, com a testa franzida. "Talvez você goste assim, por que não tenta?" Os olhos castanhos acenderam calorosamente.

Uma mordida de lábio e alguns segundos de hesitação foram suficientes para Miranda se virar e abraçar as costas de Andrea, puxando o cobertor sobre elas e aninhando seus corpos, antes de roçar o nariz em seu pescoço. Ela olhou para suas mãos unidas com os dedos entrelaçados sobre a cama e sorriu em contentamento, permitindo-se relaxar com o aroma e o calor agradável da jovem.

"Assim é muito mais gostoso. Você acha que…"

"Durma, Andrea!" interrompeu de forma incisiva.

°°°°°°°°

Pokračovat ve čtení

Mohlo by se ti líbit

749K 82.8K 49
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
805K 48.9K 47
Atenção! Obra em processo de revisão! +16| 𝕽𝖔𝖈𝖎𝖓𝖍𝖆 - 𝕽𝖎𝖔 𝕯𝖊 𝕵𝖆𝖓𝖊𝖎𝖗𝖔 Mel é uma menina que mora sozinha, sem família e sem amigos, m...
322K 33.6K 42
O que pode dar errado quando você entra em um relacionamento falso com uma pessoa que te odeia? E o que acontece quando uma aranha radioativa te pica...
886K 44.7K 69
"Anjos como você não podem ir para o inferno comigo." Toda confusão começa quando Alice Ferreira, filha do primeiro casamento de Abel Ferreira, vem m...