Thanks, Kal

De Alelubets

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*CONCLUÍDA* Amber, executiva do Vale do Silício, deixa o paraíso da tecnologia na Califórnia para abrir seu c... Mais

Capítulo 1 - Good vibes
Capítulo 2 - Brincando com fogo
Capítulo 3 - Amigos?
Capítulo 4 - Pleasure delayer
Capítulo 5 - Homem de aço
Capítulo 6 - Knights of Honor
Capítulo 7 - Bendito sorvete
Capítulo 8 - Such a tease (18+)
Capítulo 9 - Tantas perguntas...
Capítulo 10 - Diante do espelho (18+)
Capítulo 11 - Como uma rainha
Capítulo 12 - Feito com carinho
Capítulo 13 - Tiramisù (18+)
Capítulo 14 - Outro nível
Capítulo 15 - Damas primeiro (18+)
Capítulo 16 - The one
Capítulo 17 - Press tour
Capítulo 18 - Algo novo (18+)
Capítulo 19 - Nosso lugar
Capítulo 20 - Red carpet
Capítulo 21 - Ficção x realidade
Capítulo 22 - Precisamos conversar
Capítulo 23 - Coração Gelado
Capítulo 24 - Paris (+18)
Capítulo 25 - Compromissos
Capítulo 26 - Meu calcanhar de Aquiles
Capítulo 27 - Surpresa!
Capítulo 28 - Mykonos (parte 1)
Capítulo 29 - Mykonos (parte 2)
Capítulo 30 - Café, trabalho e Jimmy Kimmel
Capítulo 31 - #tbt
Capítulo 32 - Contra o tempo
Capítulo 33 - Seguindo em frente
Capítulo 34 - Café, pizza e rock'n'roll
Capítulo 35 - Quem é esse cara?
Capítulo 36 - Se beber, não beije
Capítulo 38 - Assumindo riscos
Capítulo 39 - O que nós somos agora?
Capítulo 40 - This is us
Capítulo 41 - Perigosamente melhor
Capítulo 42 - Vinho, fogo e Al Green
Capítulo 43 - Fish and chips
Capítulo 44 - Segunda temporada
Depoimentos TK

Capítulo 37 - Ele me beijou

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De Alelubets

Amber

Como eu poderia olhar para Gabriel de novo ao nos encontrarmos no trabalho? Fingir que nada aconteceu? Tocar no assunto assim que chegasse? Eu não sabia o que fazer.

Meu Deus, que mancada, Amber!

Pensei nisso ao acordar, com uma enorme dor de cabeça martelando meu juízo. Queria ver como Gabriel se comportaria e, se eu tivesse a oportunidade, conversaríamos em algum momento do dia.

Quando cheguei à Royal Cups, ele me cumprimentou normalmente, ocupado com clientes no balcão e entregando pedidos aos atendentes. De manhã na loja, era sempre mais movimentado e logo me envolvi com as atividades do dia.

Mais tarde, ao olhar no relógio, lembrei que estava próximo do seu horário para sair e não queria adiar a conversa. Da porta de minha sala, vi que ele já tinha tirado o uniforme, se preparando para sair.

- Gabriel, poderia vir aqui um instante? - eu disse, tentando soar casual.

- Claro. - atendeu prontamente, guardando o avental dobrado em sua bolsa.

Ele entrou e fechou a porta, enquanto eu voltava para minha mesa.

- Acho que... Precisamos falar sobre ontem. - falei em voz baixa, tomando cuidado para não ser ouvida do lado de fora.

Meu olhar para Gabriel pedia discrição e cumplicidade, como se eu suplicasse para não entrarmos em detalhes. Notei um minúsculo sorriso se formando em seu rosto.

- Amber, desculpe... eu não queria... - ele deduziu o que eu iria falar.

- Não. Por favor, Gabriel, não há motivo para você pedir desculpas. Se alguém precisa se desculpar por ter deixado aquilo acontecer, essa pessoa sou eu. Não quero que pense que... Eu gostei, mas foi egoísmo da minha parte... - eu admiti.

Não foi fácil. Tentei escolher as palavras com cuidado para não ofender ou magoá-lo. Ele havia sido carinhoso comigo na noite anterior, disposto a oferecer o afeto que eu procurava.

- Mas foi algo que não pode se repetir. Desculpe se o fiz pensar diferente... - Dei um longo suspiro. - Estou em um relacionamento um pouco confuso, talvez, mas ainda tenho esperança que se resolva.

Acho que não existe mesmo uma forma gentil de dispensar alguém. As palavras que eu disse não me soariam tão bem se eu estivesse em seu lugar, mas eu não podia deixá-lo pensar que teria mais de mim, pois eu ainda acreditava na reconciliação com Henry.

- Não posso envolvê-lo neste momento da minha vida e, paralelo a isso, não gostaria que ficasse um clima estranho entre nós. - tentei explicar.

Como se lamentasse a impossibilidade de argumentar, ele encolheu os ombros.

- Bem, o que eu posso dizer? - ajeitou-se na cadeira e continuou falando com voz mansa. - Tudo bem. Você explicou suas intenções, eu entendo e acho que seria honesto dizer as minhas, mesmo que não dê em nada.

O calor que me queimava o rosto e me fazia transpirar não permitiu que eu falasse. Gabriel olhou fixamente nos meus olhos, deixando-me completamente desconcertada e, naquela hora, me convenci do que Henry havia dito.

- Eu gosto de você, Amber!

O que eu deveria dizer depois de ouvir isso? Confesso que seria melhor não ter certeza. Um desnecessário flash do beijo me veio à mente e tentei dispersar.

- Eu... sinceramente, não sei como lidar com isso. Você é um cara divertido e inteligente. Gosto da sua companhia, mas não temos como ser mais do que amigos. Sinto vergonha pelo que permiti acontecer, e agora jogar um balde de água fria. Me sinto péssima, de verdade. Me desculpe.

- Não estou cobrando nada de você. Vou respeitar sua decisão. Sem climão. Prometo. - ele disse, levantando-se e mostrando-me os dedos cruzados.

Eu tinha acabado de enterrar qualquer possibilidade de ficarmos juntos novamente. Então, por que mesmo assim Gabriel resolveu dizer que gostava de mim? O que eu deveria fazer com aquela informação? Só me deixou pior.

Com o passar dos dias, nos mantivemos ocupados, sem que voltássemos a falar sobre aquela noite no bar, mas eu ainda pegava Gabriel me observando vez ou outra. Parecia deixar a mente divagar enquanto eu me dirigia a ele por alguns minutos.

Mesmo que tenhamos nos esforçado para voltar a interagir com naturalidade, não tínhamos como fingir que nada aconteceu. Confesso que passei a me sentir desconfortável. Nossa parceria ficou mexida. Não caberia mais passar tanto tempo sozinhos.

Um pouco de distanciamento e profissionalismo faria bem para nossa amizade.

***

Jessie voltou a entrar em contato comigo, depois que mamãe fez alguns exames e descobriu que precisaria passar por uma cirurgia. Minha irmã não quis dar maiores detalhes, mas disse que seria bom se eu pudesse fazer uma visita naquele momento. Temi que o caso fosse mais sério do que eu estava pensando, pois a voz de Jessie não parecia tranquila ao telefone.

- Vou precisar me afastar por algumas semanas, amiga. Você acha que consegue tocar as lojas sem mim? - contei, compartilhando uma garrafa de vinho com Diana, durante a noite do futebol dos meninos, em sua casa.

- Imagina! É bom que você esteja um pouco com a família, Amber. Sabemos que Jessie vive emendando um plantão no outro. Elas precisam de você na Califórnia. Fique o tempo que for necessário.

Comecei a me organizar para ficar longe da cidade por dias ou semanas, não tinha certeza. Precisava deixar Jackie sob os cuidados de Diana, reabastecer a despensa com sua ração e biscoitinhos, deixar minhas chaves para a faxineira, passar informações de compras e marketing da Royal Cups - que sempre foi minha incumbência. Inúmeras coisas que eu precisava tomar nota para não me perder.

Desde que me mudei para Kensington, nunca me ausentei por mais de uma semana. E essa viagem, ainda que fosse por um motivo que me deixava apreensiva, tomava meus pensamentos e me ocupava o bastante para esquecer o que andava enrolado em minha vida: meu namoro com Henry. Ou, pelo menos, o que ainda considerava existir entre nós.

- Então... Tem algo que eu preciso contar, antes de ir. - dei uma breve introdução à Diana, temendo sua reação.

- O que? Diz que conseguiu se acertar com Henry! O que vocês conversaram? - ela perguntou, curiosa.

- Não, não é nada disso. É bem pior e acho que você vai me odiar por isso.

- Santo Deus, Amber. Fala logo! - Diana urgiu, impaciente.

- Naquela noite no bar... da nossa confraternização.

- Sim.

- Eu fiquei até mais tarde e... foi super divertido com Lucca e Nathan. Depois que eles foram embora, ficamos eu e Gabriel esperando o táxi.

- Ah, é? E então? - Diana falou, impaciente.

- O Gabriel me beijou!

Diana balançou a cabeça, surpresa com o que eu tinha acabado de dizer, como se fosse absurdo e proibido.

- Vocês o quê? Como consegue enrolar ainda mais sua situação! Está doida, Amber?

- Ok, olha só. Ouviu o que eu disse? O Gabriel me beijou.

- E você fez o quê? Ficou parada, não fez nada? - confrontou.

- Sim. Eu... deixei. - foi minha resposta.

- Como vocês chegaram a isso? Quando começou essa história? Pelo amor de Deus! - Diana tomou um gole maior do vinho.

- Eu estava chateada com Henry por ter passado aquela noite me ignorando, bebendo e se divertindo com os amigos. Ele resolveu acreditar que eu e Gabriel tínhamos algo acontecendo.

- Por que Henry pensaria isso? Ele nunca tinha nem visto vocês dois juntos, pelo que sei. - concluiu Diana.

- Ele ouviu Gabriel falar sobre mim ao telefone com alguém quando foi à loja, no dia em que chegou. Henry soube por ele, escutando a conversa, que viajamos juntos e parece que Gabriel sente algo por mim.

Diana me olhou com espanto, como se fosse descabido o que eu estava falando.

- Não é desvario meu. Gabriel, de fato, disse isso na noite do rock e no dia seguinte, quando conversamos no café. Então, notou o clima pesado entre Henry e eu... Eu estava carente. Pareceu-me uma opção... É horrível, eu sei.

- Você percebe que é a última coisa que você precisa fazer nesse momento. Descontar suas frustrações em alguém? Eu te peço, por favor, em nome do carinho que eu tenho pelo Gabriel e por você, deixe-o fora disso.

- Eu sei, Diana. Já pedi desculpas, conversamos, eu disse que não ia se repetir. Está resolvido. - tentei tranquilizá-la.

- Será que está mesmo? Será que Gabriel não está esperando mais?

- Ah, Diana! Não posso garantir. Ele tem me olhado diferente. Agora que sei, não consigo deixar de notar.

- Vou trazê-lo para trabalhar comigo. Leve Lucca para trabalhar com você.

- Diana... - eu ia contestar, mas desisti. - Tá, não vou pensar nisso agora. Quando eu voltar da Califórnia, nós resolvemos.

- Amber, pensa bem. Como ele vai encontrar todos os dias com você, fingindo que nada aconteceu? - esvaziou sua taça com o último gole.

***

As doze horas de voo a caminho de São Francisco foram mais que suficientes para que eu ficasse ruminando os acontecimentos dos últimos dias. Pensei em Gabriel, completamente arrependida, e em Henry, sentindo-me de mãos atadas naquele momento.

E se eu tentasse falar com Henry? Talvez, se lhe contasse o motivo da minha viagem, iria amolecer um pouco seu coração. Considerei e logo desisti, jogando o celular na bolsa de mão e retomando a leitura no meu Kindle.

Chegando à cidade, Jessie me recebeu em sua casa e mostrou-me o quarto de hóspedes. Sugeriu que eu aproveitasse para relaxar com uma ducha, enquanto esperávamos a pizza chegar. Eu estava muito cansada, tanto pela viagem quanto pela constante atividade da minha mente, apreensiva e sob estresse. Não consegui nem tirar um cochilo durante o voo.

Vestida com meu pijama, me sentei com Jessie à mesa. Ela abriu uma garrafa de vinho para acompanhar a pizza e perguntou sobre minha vida no Reino Unido.

- Como ficaram as coisas com Henry? Vocês já se entenderam? Lembro que você estava com uma cara péssima quando o conheci, por causa do episódio de pegação da série.

Eu dei um suspiro e coloquei a taça de volta na mesa para responder. Jessie já tinha entendido que a resposta não seria positiva.

- Ah, irmã! Conversamos e nos entendemos naquela ocasião, mas agora já não estamos tão bem. - contei.

- Por quê? Ele parece gostar tanto de você.

- Sim! E eu também gosto dele, mas não sei. A gente não consegue se entender. Agora ele está aborrecido e me evitando. Estar aqui vai me manter preocupada com outras coisas. Mas e você, como está?

- Eu? Estou bem e aguardando resposta para fazer parte dos Médicos Sem Fronteiras. - Jessie disse.

- Você vai?

- Bem, agora não sei mais. Preciso cuidar da mamãe. Aquele último namorado dela foi embora assim que tivemos o diagnóstico da doença. Disse que iria viajar a trabalho e sumiu. Esqueceu até de buscar as coisas na casa dela. Você acredita?

- Que filho da mãe! Mas, o que a mamãe tem? - pedi que Jessie explicasse.

- Você se lembra daquelas queixas de dor de cabeça e tontura que ela vinha tendo desde quando você morava aqui? - Jessie perguntou.

- Claro.

- Então, pedi uma ressonância para investigar, porque o primeiro médico só prescrevia analgésicos e repouso, como se fosse uma simples enxaqueca. Não quis alarmar e pedi que ela me acompanhasse ao consultório de um colega neurologista. Ele teve a mesma opinião que eu: é um tumor cerebral.

- Jessie! - eu disse com espanto.

- Calma. Vai ficar tudo bem. O que ela tem é um tumor benigno. Já foi feita biópsia e a cirurgia está marcada para fazer a remoção, daqui a duas semanas.

- E como ela reagiu a isso? - perguntei, preocupada.

- De início, ficou assustada, mas tentei tranquilizá-la e expliquei sobre o tratamento. O Dr. Martinez também falou sobre o procedimento cirúrgico e recuperação. Ela ficou bem mais calma. Ainda assim, está com medo, né, Amber? Sabe que mamãe não gosta de hospital.

- Verdade. Ela está fazendo tudo sozinha, Jessie? - me servi com uma fatia generosa de pizza.

- Está sim. Tem uma pessoa ajudando com a casa e preparando sua comida para a semana. Vez ou outra, ela passa o dia na cama por causa das dores de cabeça, mas na maior parte dos dias, fica bem. - ela explicou.

- Me conta mais sobre essa cirurgia, irmã.

- O principal objetivo é remover o tumor sem ferir o tecido cerebral, para não prejudicar a habilidade de falar, caminhar, usar as mãos, etc.

- Ela sabe que eu estou aqui? - perguntei.

- Não quis contar. Vamos fazer surpresa amanhã?

- Vamos. Você vai estar por aqui comigo? Eu nunca tive ninguém aos meus cuidados no pós-operatório. Vou precisar da sua ajuda. - eu disse.

- Estarei aqui, só tenho alguns plantões que não posso deixar de atender. Mas você é quem está me ajudando, Ambs. - disse Jessie, enrolando seu pedaço de pizza, formando um cone.

- Você não perde essa mania, não é? - impliquei com a forma como Jessie gostava de comer pizza.

Exausta, subi para ajeitar minhas coisas no quarto e peguei no sono nos primeiros minutos que meu corpo colapsou na cama.

***

Três semanas depois

A cirurgia da mamãe correu bem, o tumor foi removido e ela passou alguns dias na unidade de terapia intensiva.

Durante o período de observação no pós-operatório, Jessie e eu revezamos como suas acompanhantes. Passei dias no quarto lendo alguns livros, trocando mensagens com Diana e fazendo lanches na cafeteria do hospital, sempre me inteirando sobre o processo de recuperação com a equipe médica. Não imaginei que aquele período me consumiria tamanha energia.

Lembro com muita clareza de seu último dia de internação, antes de receber alta. A enfermeira tinha acabado de sair do quarto para providenciar a documentação e receituário para nos liberar e mamãe pediu para mudar o canal da tevê. Ela adorava aqueles programas sensacionalistas do canal E! Aquele pedido comum e tão previsível, me deixava contente por vê-la fazendo coisas normais, lúcida e esperta.

Voltei minha atenção para arrumar sua pequena bolsa de viagem, que levamos para aquele período. Enquanto fazia a separação entre roupas sujas e limpas, ouvi uma chamada sobre Henry.

A seguir:

Astro Henry Cavill, da série Knights of Honor, sofre grave acidente durante filmagens.

E entraram os comerciais, que duraram uma eternidade. Procurei o controle remoto para aumentar o volume e mamãe percebeu preocupação em meu rosto.

- Você gosta desse rapaz? - ela perguntou.

- É o meu namorado, mãe. - respondi, com a voz trêmula.

Não tinha entrado em detalhes sobre o nosso namoro e minha mãe, apesar de saber que eu tinha conhecido um cara no Reino Unido, não fazia ideia de quem ele era. Mamãe segurou minha mão com seu toque macio e quentinho, sem exigir maiores explicações. Não havia melhor pessoa para me confortar naqueles minutos de angústia.

O programa voltou mostrando algumas imagens de baixa qualidade e aparentemente, fotografadas a longa distância, momentos após o acidente. Henry deitado no chão, socorristas ao redor e mais alguns cliques dele sendo colocado na ambulância. O apresentador disse que ainda não tinham informações sobre seu estado de saúde, mas que fontes presentes no local disseram que Henry sofreu múltiplas fraturas após cair do cavalo.

- Múltiplas fraturas? - Minha voz soou como se eu estivesse fora do corpo.

A enfermeira voltou com a papelada nas mãos e um sorriso modesto no rosto. Percebendo nossa tensão, perguntou se estava tudo bem. Tentei desfazer aquele nó na garganta com um pigarro e disse que sim. Meus olhos ainda estavam marejados com o susto.

Ela passou instruções sobre os cuidados e nos acompanhou até a porta do quarto, onde um encaminhador nos aguardava com uma cadeira de rodas.

- A consulta de acompanhamento ficou marcada para a próxima segunda-feira com o Dr. Martinez. - disse ela.

- Obrigada por tudo. Voltaremos na segunda. - eu falei.

Ao mesmo tempo que me sentia aliviada por estar deixando o hospital, com a televisão do quarto abandonada ligada, contando notícias menos relevantes para absolutamente ninguém.

Preciso falar com alguém? Mas quem? Henry não vai atender.

Tentei ligar para ele, mas, conforme previ, a chamada caiu direto na caixa postal.

Lauren! Preciso falar com Lauren.

Ainda no táxi, busquei o número da agente de Henry, na agenda do celular. As lágrimas insistentes nos olhos me atrapalhavam a visão e precisei piscar algumas vezes para encontrar seu nome.

No primeiro toque de chamada, já dei um suspiro de alívio.

Ufa, espero que atenda.

- Alô! - Lauren respondeu, com seu sotaque britânico.

- Oi. Ai, graças a Deus! É a Amber, Lauren. Me dê boas notícias do Henry. - supliquei, desesperada.

- Oi, Amber. Não tenho muitos detalhes, mas soube que ele se machucou no set. Eu não estava por perto.

- Na tevê, disse que foi grave. Ele se machucou muito?

- Soube apenas que ele estava com muita dor e tiveram que sedá-lo.

- Ai, não diga isso. - Espremi os olhos com aquele pensamento e voltei a chorar.

- Não se preocupe, Amber. Acabo de desembarcar em Frankfurt e estou a caminho do hospital. Assim que eu chegar lá e puder vê-lo, ligo para tranquilizá-la. Vai ficar tudo bem.

Como Lauren podia estar tão tranquila? Ela nem sabia com certeza do que tinha acontecido. No banco de trás, mamãe me olhou, preocupada. Por alguns segundos, até esqueci que estava ao meu lado. Me recompus, me dando conta de que não lhe faria bem ficar nervosa.

- Certo. Agradeço se puder me passar qualquer atualização. - eu disse.

- Claro. Fique tranquila. - Lauren respondeu.

Eu falei com Lauren, pela segunda vez no dia, enquanto Henry estava na sala de cirurgia. Disse que ele estava ferido e com muitas dores nas costelas e não conseguia colocar o pé no chão.

***

Jessie chegou em casa já no fim da noite, após deixar seu plantão de 12 horas. Depois de falarmos sobre as recomendações do Dr. Martinez, fiz um chá para nós duas e conversamos sem a mamãe por perto. Contei-lhe sobre o acidente.

- Que coisa, irmã! Você conseguiu falar com ele?

- Não, apenas com a Lauren, sua agente. Já é madrugada por lá. Apesar de querer saber, não vou incomodar. Se Henry já saiu da cirurgia, deve estar sedado e Lauren também deve estar cansada. Ela saiu correndo para a Alemanha, hoje de manhã, com a notícia do acidente.

- Sei. E como você está se sentindo? - Jessie perguntou, pondo a mão sobre meu ombro.

- Eu estou exausta. Minha cabeça não parou de doer nem por um segundo. Mas espero ter notícias dele amanhã. - falei.

- Você precisa descansar um pouco. Tome um banho quente, coloque um pijama confortável e durma. Deixe que eu fique no quarto da mamãe essa noite.

- Tem certeza? Você também deve estar morta de cansada. Acabou de chegar do trabalho. - argumentei.

- Não se preocupe. Você vai acordar péssima amanhã, se não der a si mesma o direito de recarregar as energias. Vai, pode subir!

- Boa noite, irmã. - dei-lhe um beijo no rosto e fiz conforme pediu.

No dia seguinte, ao abrir os olhos, a primeira coisa que fiz foi checar o celular. Tinha uma mensagem enviada por Lauren ainda de madrugada, pelo horário da Califórnia.

Lauren:

Ele está no quarto, dormindo.

Não era muito esclarecedor, mas sinalizava que a cirurgia tinha ido bem.

Depois de me levantar e descer até a cozinha para fazer o café, voltei a mexer no telefone. Dessa vez, discorrendo para Lauren, calculei que já era hora do almoço, na Alemanha.

Um toque.

Dois toques.

Três toques.

Meu Deus, ela não vai atender?

Mais um toque e eu desligo.

- Alô, Lauren. Henry já acordou? Como ele está? - disparei a perguntar.

Silêncio.

Hesitei com a espera.

Olhei para a tela do telefone para saber se a chamada ainda estava em curso. Sim, estava. Encostei o aparelho no ouvido novamente e ouvi sua voz rouca e arrastada.

- Amber, sou eu, Henry.

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