"Um livro lamentável de quem não tem ideia e experiência de vida, feito de amadores para amadores. Mia Han é uma vergonha como escritora, deveria continuar no ramo da reportagem onde sabe fazer algo de útil.".
Eu lia aquele verso da crítica ao pré lançamento do meu livro, meu coração estava acelerado, era a ansiedade voltando. Pedi a Jimin que adiasse o lançamento e em troca ele pediu para que eu ficasse mais tempo na empresa, aceitei.
Não pedi que a crítica fosse retirada, seria censura, algo que nenhum jornalista apoia é isso. Mas aquele comentário trouxe consequências para mim, os investidores do livro ficaram inseguros de pôr dinheiro na minha obra. Jimin me liberou mais tempo para rescrever tudo e quem sabe no futuro finalmente lançar.
Mas minha confiança estava abalada, eu não era escritora de romance, eu estava acostumada a relatar tragédias do mundo.
Realmente precisaria da ajuda do Namjoon, o que me deixou frustrada. Lembrar dele naquele dia tão feliz já há dois anos, o dia que me permitir sentir e permiti que outro se aproximasse sem ser com a intenção de apenas sexo, era doloroso.
Me pergunto porque me apaixonei tão rápido por ele, não era carência, eu tinha homens sempre que queria, mas não estava afim de qualquer um, eu queria ele.
Namjoon tinha marcado a minha vida, mas ele não sabia disso, quando ele nunca mais respondeu minhas ligações e sumiu, eu achei imediatamente que o problema era eu, e talvez pudesse ser, não sou perfeita, nem de longe, mas não perguntaria para ele, era humilhação demais para mim.
Me lembrava o amor dos pais que eu nunca tive e sempre tentava alcançar nos homens, por isso me fechei para relacionamentos, não era obrigação de ninguém aguentar as minhas merdas.
Ele é rico, bonito e jovem, mulheres e homens atrás dele era o que não faltava, ele ficaria bem e eu também, desde que mantivéssemos a cortesia e distância entre nós.
Inspirei fundo enquanto olhava para o teto do meu apartamento, às vezes me sentia solitária demais para alguém que tinha apenas 27 anos de idade.
*****
Naquela noite...
-Eu to cansada dessas festas- eu disse em voz baixa, Jimin que estava ao meu lado sorriu e pegou levemente na minha mão, como gesto de conforto.
-Acotume-se porque são esses chefões que mantém nosso jornal funcionando.
As pessoas sempre encaravam a mim e o Jimin como casal, sempre estávamos juntos nos eventos, mas quem conhecia um pouco mais de perto sabia que nós éramos apenas amigos.
Jimin sempre chamava atenção por sua beleza, ninguém conseguia tirar os olhos dele sempre que pisava em algum lugar.
Mia estava encantada com o local, era realmente bonito, espaçoso e elegante, como toda festa de milionários, porém chata.
-Ai, Mia o que você faz para manter sua pele tão saudável?- Uma moça aleatória que era conhecida por só pensar em estética perguntou.
Ela era a falsidade em pessoa
Lara, ela era filha de um dos chefões do ramo alimentício, mas vivia atrás de dinheiro e contatos mesmo não precisando, e por algum motivo ela achava que conseguiria algo com Jin através de mim.
-Eu passo terra- eu disse irônica, mas Lara não pareceu entender.
-Terra? Tipo argila?
-Não, terra de construção, assim do nada eu me agacho na rua e taco terra na minha cara.
Ela ficou me encarando de boca aberta e parecia pensar na possibilidade de fazer.
Eu inspirei fundo, era preciso ter paciência.
-Brincadeira, depois minha assistente te passa o nome dos meus produtos, por favor não taque terra em seu rosto- eu disse e peguei uma taça de champanhe para seguir meu caminho.
Eu sempre tento exercitar a minha paciência, mas acabo falhando e sendo irônica demais.
-Não acredito- uma voz surgiu atrás de mim, me virei para olhar e fiquei feliz com a surpresa.
-Hoseok!- Eu disse indo abraçar ele. -O que faz aqui?
-Eu estou procurando negócios para investir meu dinheiro, soube dessa festa e vim- ele respondeu me abraçando.
-Eu conheço um jornal ótimo que você pode investir- eu disse sorrindo.
Hoseok riu de volta.
-Você está precisando de dinheiro? Você sabe que eu te empresto qualquer quantia
-Não, não, mas bom saber disso- eu dei mais uma risada.
Eu e Hoseok tínhamos nos tornados bons amigos, lógico que havia atração sexual, mas nunca mais tinha acontecido nada desde que eu fiz a entrevista na mansão dele.
-E o livro?
Eu suspirei fundo.
-Foi adiado, críticas ruins já no pré lançamento, eu preciso melhorar como escritora
-Ruins como? Se o que a gente fez junto foi tão bom!- Hoseok deu um leve sorriso e se aproximou de mim.
Eu engoli em seco e olhei nos olhos dele.
-Mia!- Jimin me chamou, ele parecia um pouco mais sério que o normal.
-Sim?
-Pode vir aqui falar com uns acionistas?- Ele pediu e eu assenti.
-Tenho que ir, depois a gente se fala Hoseok
-Tchau meu bem- ele disse me dando um beijo na bochecha.
Assim que me aproximei do grupo, Jimin voltou a sorrir. O papo fluiu e estávamos indo bem em conquistar mais investidores para o jornal.
-Você saiu da carreira de jornalista?- Um dos senhores perguntou.
-Ainda não, mas pretendo- respondi educadamente.
-Por enquanto preciso melhorar a minha escrita.
-E ela vai fazer isso comigo- alguém disse e eu me virei para olhar.
-Senhoras e senhores, esse aqui é meu filho Kim Namjoon.- Um senhor velhinho que estávamos fechando negócios disse.
Namjoon cumprimentou a todos com um aperto de mão e na minha vez, um leve beijo na bochecha. Aquele simples toque foi capaz de enviar tanta eletricidade ao meu corpo, que me fez arrepiar dos pés a cabeça.
Sua mão se encaixou na minha cintura e o que era para ser um simples cumprimento, pareceu uma eternidade de contato físico entre nós dois.
-Prazer em conhecê-los- ele disse com sua voz grave e educada em meu ouvido, enquanto se afastava novamente.
-Então vocês dois vão trabalhar juntos?- O pai dele perguntou observando a intimidade que ele havia me cumprimentado, senti minha garganta secando e mãos ficando molhadas.
-Sim, ela será minha aluna particular por um tempo- assim que ele terminou de falar, seu olhar focou em mim e eu me arrependi imediatamente de ter olhado de volta em seus olhos.
Aquele homem era todo um golpe e eu estava caindo direitinho na dele.
-Vai ser divertido- ele disse mudando o foco do olhar em mim para o restante do grupo.
-Vai- eu disse para mim mesma tentando me convencer e me acalmar.
****
Eu estava andando pelo jardim, pensando na minha vida, eu via alguns pais e mães com filhos mais velho ali na festa, inclusive o pai do Namjoon com ele, e me lembrava do meu pai que faleu há 5 anos atrás.
Ele era sempre muito brincalhão e adorava o trabalho, eu comecei a gostar do jornalismo com ele e logo entrei na faculdade, fizemos algumas matérias para jornais juntos, mas então ele sofreu um acidente de helicóptero enquanto cobria um incêndio gigantesco na Turquia. Meu coração doía só de lembrar.
Minha mãe era viva, mas havia montado outra familia com o meu padrasto que era um nojento, mau caráter, e sua filha que eu nem sei o nome.
-A lua está linda- alguém disse e me virei para ver.
-Oi Namjoon, está mesmo- eu disse ainda tentando voltar pra realidade.
-Você está bem?
-Eu só estava pensando na vida, como ela pode ser injusta
-Nem me fale, as vezes injusta demais
-Você já perdeu alguém?- Perguntei talvez sendo invasiva demais, mas era o que estava na minha cabeça antes dele aparecer.
Ele ficou calado por alguns instantes, parecendo pensar se contava ou não.
-Sim- disse soltando o ar.
-Você já?- Ele questionou.
-Também
-Sinto muito- ele disse.
-Acho que o mais difícil é seguir em frente sem ter o outro, parece que você não liga, mas é necessário seguir em frente.
-Eu entendo, parece que viver depois da morte de alguém querido é uma traição ao que viveram.
-Sim!- A gente se olhou concordando, eu não entendia, mas a sensação que Namjoon me causava de paz era boa, ele tinha olhos tão bonitos, transmitiam sabedoria e ao mesmo tempo força.
Namjoon deu um sorriso de canto de boca e voltou a olhar para o céu.
-Está animada para amanhã?
-Amanhã?- Perguntei surpresa.
-Sim, nossa primeira aula- ele lembrou sorrindo.
Eu havia esquecido completamente, mas não falei nada, apenas assenti.
-Espero que esteja, porque toda ver que eu penso em passar um tempo com você Mia, eu fico feliz.