Guerra é Guerra

By 1bitchwriter

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"-Tenha uma coisa em mente: Miranda Priestly pode perder uma batalha, mas nunca a guerra." * Capa feita pela... More

Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III - parte 1
Capítulo III - parte 2
Capítulo III - parte 3
Capítulo IV
Aviso
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Nota
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
• Aviso •
Capítulo XXII

Capítulo XXI

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By 1bitchwriter

  P.OV. Miranda

  Diferente de todos os cenários que eu havia imaginado, Andrea e as gêmeas ainda preparavam o jantar ao som de risadas quando cheguei. Aproximei-me devagar e elas não me notaram por bons minutos até que o sorriso de Andrea se desfez ao me perceber. Desviei meus olhos dos dela por alguns instantes e fui cumprimentar minhas filhas.

  - Ei, mãe! Pensei que fosse se atrasar! – Carol disse animada vindo em minha direção.

  - Eu também pensei, querida, mas consegui chegar. – Sorri e a abracei brevemente.

  - Parece que milagres existem, afinal. – Cassidy disse em tom ácido, mas tinha um sorriso sincero em seu rosto.

  - Olá bobbsey. – Beijei sua testa, embora ela não seja muito de contato, assim como eu. – Boa noite, Andrea. – Cheguei perto dela para beijá-la, mas recebi sua bochecha, sinal claro de aborrecimento. As meninas perceberam que o clima estava diferente entre nós duas, mas nada disseram. – O que estão preparando? – Tentei quebrar a sensação esquisita do ar.

  - Lasanha de berinjela, Cass e eu achamos uma receita interessante na internet e decidimos tentar. – Caroline respondeu animada.

  - Andrea quis cozinhar sozinha, mas ela estava tão perdida quando chegamos, que se deixássemos por conta dela, comeríamos na janta de amanhã. – Cassidy disse e recebeu um pano de prato no braço.

  - Ei!!! Estava tudo sob controle, viu, senhorita? – Andrea fingiu estar ofendida.

  - Bom, deixarei vocês terminarem enquanto tomo um banho e respondo alguns e-mails, pode ser? Coisa rápida, prometo. – Disse já saindo da cozinha com o olhar de Andrea queimando minhas costas.

  Subi as escadas como se carregasse o peso do dia em minha bolsa, entrei no quarto, deixei meus pertences no móvel do canto e fui direto para o banheiro, precisava urgentemente de um banho relaxante para aliviar toda a tensão que sentia.

  - Frio ou quente? – Pensei alto ao tentar decidir sobre a temperatura da água. Um banho quente, certamente, faria meus músculos relaxarem e eu me sentiria menos angustiada, entretanto, relaxar demais daria margem para meu raciocínio adormecer com o cansaço do meu corpo. Uma ducha gelada não teria um efeito calmante, mas me deixaria alerta, estaria pronta para agir da forma mais adequada para a possível discussão que viria. Assim, entrei no chuveiro e liguei apenas um registro para que não houvesse um único fio de água quente e me deixei absorver pelo frio.

  Aquela situação era tão estranha para mim, geralmente não tinha medo de encarar uma discussão, muito pelo contrário. Porém, o fato de Andrea estar aborrecida e pronta para tirar satisfações comigo me incomodava muito, algo naquela história me fazia temer, me fazia querer evitar aquela conversa. Antes de receber sua mensagem, eu me sentia satisfeita comigo mesma, orgulhosa, até, mas saber que ela não havia gostado mudou todo o meu sentimento. Não que eu estivesse arrependida, não era isso, mas saber que, eventualmente, magoei Andrea me causava enjoo.

  O fato era que, mesmo com meus sentimentos conflitantes, Andrea, de forma alguma, poderia tomar as dores daquele cozinheiro, não por mim, não por ela, mas pelas gêmeas. Com isso, ainda que em minha boca prevalecesse um gosto amargo por contrariá-la, um rastro de decepção também se fazia muito presente.

  O banho durou um pouco mais que o esperado. Sequei-me ainda no banheiro e com meu habitual roupão cinza, voltei para o quarto com a intenção de ir até o closet, mas meus passos foram impedidos pelo susto de vê-la sentada na cama.

  - Desculpe por te assustar. – Seu tom era sério, mas carregava sinceridade.

  - Certo, parece que teremos essa conversa agora. – Concluí ainda me recuperando do susto.

  - As gêmeas perceberam o clima entre nós e me intimaram a subir para resolver.

  - Eu posso me vestir adequadamente? – Quis soar amigável, mas meu tom defensivo me traiu. Ela apenas assentiu com a cabeça.

  Alguns minutos depois e devidamente vestida, acomodei-me em uma poltrona a uma distância segura de onde ela estava.

  - Ok, Nate me procurou hoje e ele disse uma coisa que me incomodou. – Ela começou cruzando os braços na frente do peito, claro sinal de hostilidade.

  - Por favor, me tire do escuro. O que aquele inepto pode ter dito que te causou tanta perturbação? – Eu já sabia que se tratava daquilo, mas confirmar que o cozinheiro havia mesmo bancado o adolescente fofoqueiro quase me fez revirar os olhos.

  - A julgar pelo seu humor de mais cedo, é verdade mesmo. – Ela disse a si mesma, mas alto o suficiente para que eu ouvisse.

  - Sinceramente, Andrea, o que você queria que eu fizesse? Ficasse parada enquanto um perturbador da ordem causa um estardalhaço nas nossas vidas?

  - Você fez com que ele fosse demitido, Miranda! – Ela estava realmente sentida, o que me ofendeu um pouco mais.

  - Assim como muitos outros antes dele. – Respondi entediada.

  - É claro que você não liga, você não sabe o que é precisar de um emprego para pagar o aluguel, não é mesmo? – Ela rebate com o tom de voz aumentado.

  - Você não sabe de nada, Andrea. – Eu estava surpresa com meu controle e certa de que duraria pouco.

  - Sei que você acabou com a carreira de alguém por nada!!! – E realmente durou pouco. A encarei por breves segundos, toda a minha revolta por ela estar defendendo aquele ninguém em minha própria casa foi traduzida por um sorriso predador que ela reconheceu no ato.

  - Nada? – Meu tom era quase inaudível e eu pude senti-la tremer. – Deixe-me clarear sua lembrança. Ontem à noite, quando voltávamos de Hamptons, nos deparamos com uma corja de tabloides aglomerada na porta da minha casa, que nos metralhou com perguntas inconvenientes, além de todas as fotos tiradas e postadas juntamente às matérias de inúmeros sites de fofoca, os quais difamaram não só o meu nome ou o seu, mas os das minhas filhas. Entre aqueles abutres estava o rapaz que você defende a honra com tanta destreza...

  - Não foi ele! – Ela me interrompeu tornando a minha irritação ainda maior.

  - Como você é ingênua, Andrea! – Rio de nervoso. – Ele fez questão de vir até você, te manipular para que se aborrecesse comigo e terminássemos em uma briga sem cabimento! E parece que conseguiu, não é mesmo? – Levantei-me em busca de todo o material que minha detetive me entregou e joguei para Andrea. – Olivia não precisou de uma hora para descobrir que Nathaniel estava por trás de todo o transtorno. Posso te passar o telefone dela, caso ainda duvide.

  - Miranda, eu... – Ela estava chocada, mas a interrompi com um maneio de mão, gesto que não direcionava a ela desde que era minha assistente.

  - O cômico de tudo isso é que meia conversa com o cozinheiro foi suficiente para você acreditar cegamente que ele é uma vítima. Você não levou nada em consideração. Nem o relacionamento abusivo e limitante que ele te prendeu durante todo esse tempo, nem os meus sentimentos por você, que foram devidamente demonstrados nos últimos dias, nem o relacionamento que nos comprometemos em construir. Você esqueceu de tudo isso tão rapidamente.

  - Miranda, você sabe como lido com certas atitudes...

  - Meu temperamento não é mais uma justificativa pertinente, Andrea. Você não se importou com as minhas filhas. Você, mais do que todos, sabe o quanto eu dou o meu melhor para preservá-las, sabe que eu não ligo pro que digam de mim desde que elas não sejam afetadas. Minhas filhas foram expostas ontem! O seu namoradinho organizou todo aquele tumulto na frente da minha casa e expôs a mim e a elas! E você não conseguiu colocar sua cabecinha de jornalista para pensar um minuto antes de tomar as dores dele. – Vociferei em sua direção e ela se assustou de verdade. – Eu acabei com a carreira de merda do cozinheiro e foi muito pouco...

  - Foi muito pouco mesmo! – Olhei para Cassidy que estava vermelha ao lado de sua irmã.

  - Cassidy! Eu não te ouvi batendo na porta!

  - Não importa! – Ela gritou para mim, pela raiva que ela exalava, estava certa de que havia ouvido toda a conversa. – Você é uma verdadeira idiota, Andrea! Ele estava aqui ontem! Como você pôde cogitar que não tinha sido ele? Pior, como você pôde ficar do lado dele antes mesmo de ouvir minha mãe, alguém supostamente você está junto!

  - Cassidy, eu... – Andrea tentou argumentar, mas foi interrompida mais uma vez.

  - Nós te recebemos na nossa família e na primeira oportunidade você se voltou contra nós! E pior! Ficou do lado de um machista de merda que só quer crescer em cima de você! Que não te deixa trabalhar, nem construir uma carreira porque ele é homem demais para deixar que uma mulher seja melhor sucedida que ele! E não venha negar, porque todos esses anos que você passou em Boston na sombra dele estão aí para confirmar!

  - Cassidy, chega! – Minha voz cortante a fez calar-se, mas eu podia ver o ódio crescente em seus olhos. Encarei Caroline ao seu lado, que não moveu um dedo para impedir a irmã, esse era um sinal de que ela concordava com tudo. – Vão para o quarto. Agora. – Cassidy me encarou, voltou seu olhar para Andrea e saiu batendo os pés. Carol continuou em pé e sua expressão era ilegível, seus olhos também estavam na morena, mas logo foram direcionados a mim.

  - Não é saudável estar em um relacionamento o qual sua parceira tem o coração divido entre você e outra pessoa. – Ela voltou a encará-la. – Especialmente quando a outra pessoa nitidamente ainda a afeta. – Eu estava prestes a repetir a ordem, mas aquilo me deixou sem palavras.

  - Carol, eu sinto muito... Por favor, me deixe... – Minha filha a interrompeu com o mesmo movimento de mão que eu costumava fazer.

  - Você nos decepcionou, Andrea. Mais do que todos os outros. – Nesse momento eu tive certeza de que suas palavras atingiram o coração de Andrea mais profundamente que toda a atitude enérgica da outra gêmea. Caroline não era tão diferente de mim, afinal.

  - Caroline...

  - Eu já estou saindo. – Foi a última coisa que disse antes de se juntar a sua irmã no quarto. Não havia mais o que dizer.

  - Miranda, por favor, deixe me retratar. – Sua voz era suplicante, mas algo que minha filha disse martelava em minha mente como uma estaca de metal.

  - Não é saudável estar em um relacionamento o qual sua parceira tem o coração divido entre você e outra pessoa. – Eu disse parafraseando o que Caroline havia dito minutos atrás. – Isso é tudo... – Meu tom soou mais reflexivo que decisivo, aquelas palavras também me atingiram de uma forma especial. Nem sequer a encarei e me fui para meu escritório no fim do corredor, onde ficaria tempo suficiente para que ela juntasse suas coisas e se retirasse.

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