Cinquenta E Oito

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Meus olhos se fecham me fazendo perder a visão do quarto vazio ao meu redor, ainda não retornei a casa de meus pais, a maldição continua os fazendo me odiar e aqui, posso ter meu irmão e meu anjo por perto. Mais de um mês se passou desde que finalmente demos um fim em James e William, os seus corpos mortos me trazem certo alivio e certa frieza ao mesmo tempo. 

Fora um mês e meio de paz, apesar da casa cheia. Os cúpidos preferem estar entre si do que entre os humanos que tanto os desprezam. Boa parte deles recuperaram seus irmãos, melhor dizendo, boa parte dos que restaram. Aquele dia não ficou marcado somente como o grande dia que finalmente libertamos os anjos, ele ficou marcado como um grande massacre de anjos e cúpidos. Jav afirma que pelo menos cinquenta cupidos e anjos caídos morreram naquele dia. 

Os anjos e cupidos controlados já tiveram uma sorte maior, Jav usou um fogo amaldiçoado para lançar, com a ajuda dos nossos anjos amigos, metade dos anjos controlados para o inferno, do qual só conseguiram escapar quando a batalha chegara ao fim, quando suas mentes mentes estavam libertas. Eu não perdi ninguém próximo, para meu imediato alívio. 

Ed está buscando uma forma de trazer a memoria dos anjos de volta, ele sai bastante atrás de uma forma de conseguir isso, dessa vez até meu anjo foi o acompanhar, seja lá onde ele acha que vai achar essas respostas, do tempo que lhes foi roubado. Poucos lembram realmente o que faziam, ele acha que não podem voltar ao céu ou voltar a fazer o que quer que devem fazer sem antes saber o que fizeram anteriormente. Alguns anjos se isolaram dos outros, acreditando que trabalhar com Jav seja pior do que ser controlados pelos anjos. Não sei o que farão a respeito deles, caso os encontrem. 

Jav busca uma forma de quebrar a maldita maldição. Me pergunto o porque, apesar de todo esse tempo que passou, a maldição ainda nos amaldiçoa, Ed acha que ao restaurar a sua memória irá conseguir algo sobre isso. Eu já não sei se devo ter esperanças, as coisas estão boas assim, não tem mais ninguém tentando me matar, então não quero me iludir com uma chance de sucesso somente para fracassar depois. 

+ + + 

Os gritos de todos aqueles cúpidos e anjos controlados e aliados morrendo enchem meus ouvidos, estou tendo pesadelos com eles as vezes, mas a realidade é que nunca tinham gritado com tanta força. Os gritos soam um pouco distantes, estranho, eles não gritaram desse jeito. Meus olhos se abrem para encontrar o quarto ainda vazio ao meu redor, não sei quando Ed e Harry retornarão, sua partida têm menos de três dias, mas já sinto saudades de dormir ao lado de meu anjo. 

Os gritos ainda ecoam por meus pensamentos, mas não só neles. Eles são finos e desafinados, meus olhos se arregalam mais e me levanto da cama em um pulo, meu coração parece apertado, de alguma forma com medo de algo ruim está acontecendo, de James e William ter vindo nos matar. Mas é impossível, eles estão mortos, eu mesma me certifiquei disso. Mas então por que a casa está carregada de gritos roucos que parecem vim de uma única voz?

Amarro meu cabelo melhor e dou um pulo no banheiro para lavar o rosto em busca de me orientar, mal consigo destinguir o que é real e o que passou pela minha cabeça enquanto eu dormia. Os gritos pararam, seja lá quem estiver brincando assim as três da manhã, segundo o relógio sobre a comoda ao lado da cama, deve ter sido controlado. Ainda assim não me aquieto parada, ainda de pijama, vou para fora do quarto, meu primeiro instinto é ir para o quarto de meu irmão, mas quando chego perto da porta, tenho o vislumbre do quarto completamente vazio. 

Acordei tão sonolenta que mal pude perceber a direção em que os gritos vinham, mas o meu palpite, agora do lado de fora do meu quarto, é a ultima porta desse corredor, a qual me convidaram a entrar para fazer parte do plano em que levaria Ed para a sua tão esperada liberdade, assim nos dando chance nessa guerra que agora, supostamente vencemos. 

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