Estou fazendo isso para salvar alguém que amo.

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Jimin, às vezes, sentia que estava em uma inércia constante. O mundo estava sempre em movimento e ele estático apesar de tudo. Aquele tipo de pensamento sempre invadia seus sonhos, constantemente podia sentir a dor e angústia subir por seus dedos e se depositar em toda a parte.

Ele pensou que teria uma noite agradável, mas sua garganta se fechava e abria como se buscasse uma forma de fazer o oxigênio circular mais rápido.

De alguma forma, ele sentia com mais intensidade a friagem da manhã, como se seu corpo fosse retirado de uma grande geladeira, a pele perdia vida conforme as horas passavam. Mas ele estava bem, perfeitamente bem.

Nenhum raio de sol adentrava no quarto, o dia nublado estava sombrio e seus olhos, que temiam o escuro, agora conseguiam perceber as coisas com mais clareza.

Dentro do quarto, seu corpo remexia-se na cama, estava confortável, e tinha seu cheiro.

O pequeno corpo ia e vinha, suas mãos apalparam cuidadosamente o lado vazio do travesseiro. Seus movimentos estavam limitados por dores musculares que não deveriam estar ali com tanta intensidade.

A cabeça dolorida não conseguia se elevar com facilidade, sua mente exibia breves momentos da "pouca-vergonha" que fizera com o demônio na noite anterior. Só tinha certeza que não havia sido um sonho por estar tão acabado.

De todos os sentimentos que o rondava, nenhum se igualava à felicidade contida em seu peito. Apesar de sentir que não estava pronto para uma correspondência tão... potente. Não se arrependia de absolutamente nada. Talvez essa fosse a pior parte.

— Ah! eu enlouqueci — Murmurou, as palavras deixaram seus lábios como se fossem proibidas.

Ele havia enlouquecido muito, mas, somente agora, havia se entregado de vez. Seu corpo se ergueu lentamente para contemplar a imensidão de seu quarto, ele estava devidamente vestido e lavado, o cheiro de perfume forte estava impregnado em seu corpo.

Ele sorriu ao tocar levemente o pescoço, as memórias eram frescas e a carga emocional maior do que ele. Apesar disso, aquela região estava realmente doendo, seus dedos nem sequer conseguiam encostar totalmente. Não se comparava à mordida que levou de Taehyung, mas tinha certeza que aquilo não causaria problemas.

E ele ainda conseguia sorrir tão abertamente que sentia que rasgaria o próprio rosto.

Aquilo era certo?

Não havia como dizer, ele ficaria ainda melhor se visse a sombra do seu demônio. Mas onde estava Jungkook?

Sua cama era solitária, seu cheiro vagava pelos cômodos, mas sua presença não estava ali. Jimin tentou pôr os pés para fora da cama, uma dor aguda subiu por seu corpo. Ele apoiou-se, tonto, no colchão fofo.

Era de se esperar que saísse tão acabado de algo que envolvia um demônio, tinha esperança que sua natureza sobrenatural fizesse seu papel.

Parece que não funcionava assim.

Quando se recuperou daquele baque, sentiu que os dedos dos pés tocavam em algo macio. Se esforçou para pender um pouco pra frente e poder saber o que ali continha.

Uma margarida, com algumas pétalas caídas, havia sido levemente amassada pelos seus dedos. Ela fazia cócegas nos pés do Park, que sorriu ao notar que estava diante de café da manhã fofo e improvisado.

Jungkook era adorável quando queria.

Seus dedos procuraram a corda do abajur em cima do seu pequeno cômodo, a luz era fraca; mas suficiente para lhe fazer enxergar as vasilhas cheias das mais diversas comidas. Ele sorriu, mais uma vez, era um tipo café americano para um bobo apaixonado.

Diaboli | pjm • jjkWhere stories live. Discover now