Problemas divinos.

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Jungkook e Jimin não demoraram muito a sair das ruas, não demorou muito para que o temporal caísse sem pudor. Os agasalhos pensavam no corpo de Jimin, o uniforme branco colado e se misturando. Mesmo daquele modo desorganizado ele conseguia ser semelhante a uma daquelas esculturas gregas. Talvez nem os mais exímios artistas conseguissem retratar a beleza que nele existia, ele nem parecia ser real dentro daquele vasto universo.

Jungkook abominava anjos, mas não podia comparar a pessoa à sua frente com outra coisa senão um. De um jeito estranho, pareceu que essa chuva havia lhe servido de realce, como se ele fosse um ser que se alimentava das forças da natureza. A possibilidade dava calafrios, mas era claro que ali era apenas um humano.

Não haviam trocado palavras desde que ele revelou seu nome verdadeiro. Jimin estava preso em seu silêncio, chegava a ser incômodo visto que ele estava quase sempre jogando palavras ao ar diariamente, ainda que não fosse exatamente com ele. Bom, talvez isso explicasse a ausência de palavras, se abrisse a boca ele iria reclamar e reclamar.

Situações incômodas eram quase parte da rotina de ambos, mas aquela havia se tornado um pouco mais. Jungkook não lembrava de muita coisa, mas o pouco que conseguiu recuperar era suficiente para ir embora sem nem pensar duas vezes. Mas ainda estava ali, não sabia dizer se estava hipnotizado, intrigado ou apenas incomodado; talvez um pouco dos três, acrescentando um pouco de: “Seu cheiro é tão notório que eu nem preciso de feitiços para me esconder".

Aquilo era estressante, a situação como um todo se fechava em uma bola de neve. Jimin era um humano, e ele se submetia a ser do mesmo jeito que ele. Em outra época, Jungkook acharia aquilo repugnante.

Se seu irmão visse aquilo o chamaria de idiota, provavelmente, ou estaria rindo alto. Quem escolhe ser assim?

Foi tirado de seus devaneios com o som vindo do quarto, Jimin não estava mais ao seu lado e só agora ele percebeu que ainda estava com suas roupas encharcadas. O assoalho estava ficando carregado de água.

Revirando os olhos em descrença, se direcionou até onde o Park estava. Os passos eram firmes para não arriscar cair no chão. Ele estava fazendo uma bagunça.

— Eu esperava que você fosse dizer algo — Jungkook estava encostado na porta, Jimin deu um leve sobressalto com a aparição surpresa.

Depois de tantas travessuras, esperava que o pequeno se contentasse com um bom banho e um tempo para pensar em sua próxima.

Suspirou ou constar que estava enganado, não sabia bem o que dizer. Estava envergonhado e chateado. Sentia-se inferior e até um pouco burro.

Jungkook era o nome daquela pessoa, ele conseguia ser tão maduro quanto o próprio Jimin, e o fazia parecer bobo quando citava seres ao seu redor. Mas, ao mesmo tempo, tinha o ar mais idiota existente, como se tivesse aproveitando sua infância da melhor maneira que pudesse.

O Park já deveria estar acostumado, era um mero humano no fim do dia. Gostava de ser assim, mas morar com alguém diferente definitivamente não era algo fácil de se lidar. Ele era livre, podia ir embora quando quisesse. Jimin não o impediria, ele até queria.

Ainda não entendia como ele, com sua mera mortalidade, poderia servir de algo a mais que não fosse ser a refeição de Jungkook?

— Eu apenas estou pensando no que fazer. Talvez eu devesse deixar você de castigo? Você aceita ficar de castigo? Eu realmente não sei se deveria te tratar como uma criança, eu não sou nada para você. Você faz o que bem quer, eu não tenho palavra, então... sinta-se livre para se punir, se desejar — Parecia nervoso, não sabia bem se estava sendo convincente o suficiente ou apenas autoritário.

Diaboli | pjm • jjkDonde viven las historias. Descúbrelo ahora