Me deixe saber o que você quer.

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"No luar, minha querida eu sei. Que com o amanhecer você irá embora. Mas esta noite você pertence a mim." - Tonight you belong to me

Jimin se lembrava de ter questionado toda a sua existência em um momento bem específico da sua vida.
O que era a vida?

Os propósitos terrestres sempre soam tão vagos quando ditos em voz alta, para ele não fazia sentido se dizer que viemos para viver, que temos um papel divino, ou seremos o antagonista.

O quão fútil a realidade poderia ser?

Foi algo que o tempo teve que mostrar com mais clareza, como um tapa na cara ou um soco no estômago.

Não havia razões, não havia nada.

Se parasse para olhar os aspectos da sua vida, diria que é um completo fracasso. Às vezes não queria ter tido a oportunidade de nascer em uma família tão renomada, ou sequer nascer.

Qual era seu propósito ali afinal?

O amor que recebeu era insuficiente para suprir as dores da infância e adolescência. Sempre se sentiu muito sufocado pelas areias do tempo e agora não seria diferente. Para piorar, estava metido em coisas sobrenaturais que ameaçavam sua paz.

A última vez que sentiu o universo diminuir em seu estômago foi quando finalmente teve coragem de falar abertamente sobre sua sexualidade.
Não é como se sua mãe fosse odiar por uma coisa simples, mas palavras machucavam mais que atos.

Ou seria o contrário?
Facas também machucavam, mas o peso das ações lhe atingiram como flechas flamejantes. Então, a dor da rejeição era frustrante. Ele não era diferente em nada, ele se sentia tão vazio no silêncio.

Era seu aniversário, ironicamente também era seu aniversário, foi quando tudo chegou ao limite e ele teve vontade de gritar com o mundo que ele não conseguia mais fingir ser outra pessoa. Não conseguia mais se adequar ao modelo social que colocavam-no, aquele propósito não era dele.
Não queria conhecer pessoas novas, ele queria estar bem consigo mesmo.

A complexidade da vida traz um gosto de sagacidade delicioso, é como ser apunhalado dia após dia e ainda resistir. Se levantar ainda mais forte e enfrentar o inimigo. Mas, ao invés do veneno, você sente o doce gosto das rosas do campo.

Não importava estar vivo ou morto, ele sempre estaria ali com sua parte fútil. Não tinha um papel no mundo e era assim que via as coisas. Quem ligava?

Se ele ainda podia desfrutar um pouco da sensação de ser ele mesmo, estar preso em uma vida fútil tinha seu brilho especial.

Mas a realidade lhe pesava muito agora, tanto que nunca pensou se sentir tão indefeso ao ponto de necessitar clamar pela ajuda de um ser demoníaco para se livrar de outro. Estava em uma realidade alternativa onde aquelas coisas eram mais fortes do que ele. Agradecia por estar a salvo, sentido do doce aroma que o demônio exalava.

Se perguntava se aquele era o cheiro que sentiria até seu fadigoso último dia. Mas ele já tinha a resposta concreta, o universo tinha a resposta é provavelmente um "não" gigante.

Não importava se estavam abraçados, não sentia proximidade alguma com o outro. Apenas sentia cada vez mais e mais distância, como as rochas na maré baixa. Parecia que cada osso do seu corpo tremia em uma horrorosa sinfonia, onde seus ouvidos sentiam a dor do barulho da sua própria cabeça.

Diaboli | pjm • jjkWhere stories live. Discover now