Você é apenas um bebê.

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Já fazia bastante tempo desde que a cidade havia sido castigada por um frio tão intenso, as ruas eram sombrias e silenciosas, seria reconfortante se não fosse trágico, o silêncio da noite não era confortável nem para aqueles que a amavam.

As gotas de água faziam um som incessante e gostoso que tornava o ambiente nostálgico, um som vago quase reconfortante, era dramático, fazia com que Jimin se sentisse em um tipo de filme. Suas roupas estavam encharcadas, seu movimento se tornava cada vez mais lento.
Aquele tipo de coisa era divertido na infância, hoje não era mais tão reconfortante ficar assim pulando de água em água, tentando distrair a mente do seu próprio fracasso.
Ele não era mais criança.
Mas quem ligava?

Qualquer coisa era boa desde que estivesse distraído de sua vida, estava um pouco desolado, então não conseguia pensar na consequência de suas escolhas. Era um homem que se perdeu na vida adulta, a ajuda financeira que recebia de sua mãe era humilhante, seus relacionamentos amorosos eram um desastre, suas escolhas ainda piores, tudo parecia péssimo e piorando gradativamente, nunca melhor.

Enquanto pensava na vida miserável que levava, se estivesse preso a um clichê filme de terror, seus instintos gritavam com força e ele apenas fingia que não estava ouvindo, estava exausto de fugir da vida.

Se fosse a uns meses atrás, ele não se importava em estar rodando a cidade com todos os seus amigos e fazendo coisas superficiais, com pessoas superficiais. Sempre se interessou pelas mesmas coisas, festas, histórias assombradas, livros misteriosos, desenhos de garotas que salvam o mundo com ajuda da Lua.

Tentava sempre estar focado em seus gostos, mas muito cedo foi puxado dessa realidade, agora tudo que sabia eram algumas coisas que via aqui e ali. Dava para contar nos dedos todas as vezes em que fez algo que realmente gostava ou podia se debruçar de forma feliz.
Andar sozinho na escuridão fazia uma sensação diferente de entorpecer seus poros, mas agora seu corpo e mente já estavam cansados demais para aquilo. Talvez finalmente fosse hora de se afundar no mundo adulto e viver sua tristeza corriqueira, frequentar lugares que as pessoas costumavam ir.

Aprender novos Hobbes, focar na sua carreira, fingir gostar do que faz.
Jimin se achava um homem inteligente, mas não gostava de ter que se esforçar, ele sabia que era limitado, apenas não gostava de ver as coisas de um ponto de vista que considerava não ser seu, mas necessitava provar a si mesmo que estava errado em pensar em desacreditar, alguém que sempre precisa ouvir um sim e um não. Dar a escolha de sua vida na mão de outra pessoa parecia sempre uma das melhores opções.

Às vezes se sentia como uma criança inocente descobrindo o mundo. Era como pisar pela primeira vez no mar desconhecido e sentir a areia se enrolar por seus dedos com graça, só que, agora, ele já era capaz de nadar sem medo de se afogar.

Andava lentamente para tentar se acalmar, a vida adulta, ou a sós, nunca pararia de ser frustrante. Se perguntava se todas as pessoas estavam vazias daquela forma, da mesma maneira como se sentia desde o momento que se conscientizou do mundo.

Chorar um pouco e deixar se misturar com os pingos de chuva.
Chutando algumas poças de água em pura frustração, enquanto estava decidido em retornar a casa, Jimin pensava um pouco em seu futuro. Não era mais uma criança, mas às vezes era impossível pensar com clareza quando havia muitos tópicos.

Enquanto refletia sobre os atributos da sua vida, foi acertado por uma forte rajada de vento frio. Imediatamente abraçou com força o seu corpo para se proteger, não foi capaz de segurar o espirro alto.

Diaboli | pjm • jjkWhere stories live. Discover now