The gypsy.

53 8 1
                                    

QUARTA-FEIRA
1PM

Uma semana se passou desde que comecei a viver a vida de Anna, eu fiquei bem próxima de Lilian, na verdade ela que vem me ajudando bastante, me dando informações sobre a vida de Anna. Eu vivo praticamente uma vida de princesa dentro dessa casa, temos mordomos e empregadas aos montes, eles fazem absolutamente tudo por nós, é quase que sufocante... Aliás eu sempre fui alguém independente.
Hoje vai ter um festival em um parque na cidade e Lilian me pediu para irmos juntas, eu aceitei aliás é a única oportunidade que vou ter de sair de dentro dessa casa, já que "meus pais" me proibiram de por os pés para fora sem acompanhamento...
Lilian estava certa sobre eles, eles são realmente rudes, e sempre nos tratam com desdém, principalmente a mãe, estou tentando meu máximo para me controlar.
Eu termino de me arrumar, já faz uns dias que saí da cadeira de rodas e já quase nem sinto dor. Eu pego meu celular e vejo uma notificação de Ethan, o qual eu não respondo tem uns longos dias... Eu nunca sei do que ele está falando e isso me deixa nervosa. Enquanto penso em uma resposta para Ethan a porta do meu quarto se abre.
-Pronta?? -Lilian diz animada.
-Sim! -Digo guardando meu celular.

Então nós duas saímos da grande mansão em direção ao parque. Ao chegar lá estava realmente cheio de pessoas, principalmente adolescentes da idade de Lilian.
Lilian me arrastava de um lado para o outro nos brinquedos, era realmente divertido e por um momento me esqueci que estava vivendo no corpo de outra pessoas...
-Vamos comprar algodão doce! -Ela aponta para o carrinho.
-Mas a fila tá gigantesca... -Suspiro cansada.
-Tudo bem, espera aqui que eu vou lá buscar! -Ela diz correndo em direção a fila.

Eu me sento olhando o movimento de pessoas ao meu redor e sentindo o sol de fim de tarde em minha pele, é então quando tenho essa estranha sensação de que estou sendo observada, olho em volta a procura de alguém, porém todos parecem ocupados com o que estão fazendo. Balanço minha cabeça tentando esquecer, porém essa sensação incomoda não some, irritada tento achar o responsável rapidamente, é quando meus olhos colidem com o olhar fixo em mim de uma mulher vestida de cigana. Ao perceber que estou olhando para ela de volta ela rapidamente entra para dentro de sua tenda.
Eu olho para Lilian na fila do algodão doce e percebo que ainda irá demorar, então resolvo ir em direção da tenda que a mulher entrou. Ao me aproximar olho a placa,
"Marta vidente, prevê seu futuro, sua vida amorosa e financeira"
Eu encaro a entrada pensando se realmente deveria entrar em um lugar como aquele, mas resolvo que sim.
Ao entrar logo sinto o aroma de cigarro do lugar, vejo uma mesa com uma bola de cristal e algumas almofadas no chão.
-Olá? -Digo.

É então que sou surpreendida pela voz da mesma mulher que estava me encarando mais cedo.
-Saia de dentro do meu estabelecimento sua aberração! -Ela diz quase em um grito.
-Quê? -Digo assustada.
-Saia logo! Você não me engana! -Ela me encara ferozmente.
-Do que você está falando? -Digo confusa.
-Seus olhos! Eles são diferentes... Eles não pertencem a esse corpo. -Ela diz raivosa.

E então eu congelo com aquelas últimas palavras

"Ela sabe?"
"Como ela sabe?"

-O que você disse? -Digo
-Como ousa se aproveitar de uma pobre garota? Sua aberração! -Ela grita.
-Calma, eu não sei do que está falando... Eu...
-Mentiroso! -Ela me interrompe.

Eu vejo que não tem saída, não tem porque eu continuar mentindo aqui.
-Como você sabe? -Pergunto.
-É óbvio! Consegui sentir essa energia de longe, é como água e óleo, nunca se juntam! -Ela diz.
-Por isso você estava me encarando?
-Diga seu nome agora! -Ela ordena.
-Alicia, Alicia Bartroz! -Digo por fim.

Destinos Cruzados.Onde histórias criam vida. Descubra agora