— Oi? Quem é você? — perguntou Helena.

O menino apenas ficou a encarando.

— Você é parente de alguém que trabalha aqui? — Helena perguntou, pois era comum os funcionários da fazenda de seus avós levarem algum filho ou sobrinho para o local.

O garoto, sem respondê-la, saiu correndo na direção da casa. Helena olhou ao seu redor, em busca de mais alguém, mas não enxergava mais nem mesmo os arbustos mortos que estavam ao seu lado; a névoa parecia tornar-se mais densa a cada instante. Era mais seguro voltar para dentro da casa. Então, ela voltou.

Dentro da residência, gritou mais uma vez:

— Olá? Mãe? Vó?

Não houve respostas. A jovem respirou fundo e tentou manter-se calma. Foi até a cozinha e abriu os armários em busca do que comer, mas eles estavam vazios e muito empoeirados. Ontem mesmo estava tudo cheio e limpo, lembrou-se. A avó Celeste era extremamente zelosa em relação à casa, não deixaria aquilo acontecer. Helena seguiu abrindo todas as portas dos armários, até que gritou ao ver um rato enorme dentro de um deles. O animal, também assustado, correu — passando próximo das pernas da jovem — e fugiu pela porta da cozinha.

Depois de alguns instantes tentando recuperar-se do enorme susto, a jovem olhou para trás e

percebeu que o menino — que ela havia visto na rua — estava a observando. Ele a espiava do corredor que levava até a cozinha, segurava um brinquedo nas mãos (parecia ser um boneco de plástico, algum tipo de super-herói) e transparecia, pelo olhar, um misto de curiosidade e receio de aproximar-se.

— Oi, oi, espera por favor... — Helena dizia enquanto aproximava-se do garoto.

Chegando mais perto, a jovem notou que ele não estava sozinho, pois logo atrás havia uma menininha. Ela aparentava ser ainda mais jovem que o garoto e também carregava um brinquedo nas suas mãos (um carrinho com um casal de bonecos dentro). A pequena desconhecida parecia buscar proteção atrás do amigo (ou seria irmão?).

— Oi, quem são vocês? — perguntava Helena, enquanto abaixava-se para falar frente a frente com as crianças. — Vocês sabem onde estão as outras pessoas que vivem aqui?

Ninguém falou, porém a menininha apontou para cima, na direção das escadas.

— Obrigada!

Helena subiu os degraus das escadas, enquanto que do térreo as duas crianças ficaram a encarando. A jovem achou aquilo esquisito, mas eram apenas crianças. Ela também deveria agir de maneira estranha quando tivera a idade deles. Além disso, a Laís com 14 anos continuava sendo bizarra, pensava.

No segundo andar, seguiu para averiguar o quarto onde a irmã dormia. E, durante o caminho, a sensação de que a casa estava diferente ficou ainda mais forte. O ambiente que até ontem exalava o aroma de alimentos, flores, além de estar extremamente bem cuidado, agora estava fedorento, com madeiras podres no piso e muito sujo. Como se alguém não limpasse a casa há anos. Helena pensou algumas vezes que poderia estar presa em algum tipo de pesadelo, especialmente depois que as vozes começaram, baixas e sinistras no fundo do corredor por onde ela caminhava.

— Isso é um pesadelo. Eu preciso me acordar. — Helena dizia para si.

Mas a jovem não se acordou, estava presente em uma casa que mal reconhecia. Pensou em sair correndo dali, quando as vozes ficaram mais altas, porém precisava de respostas, precisava entender o que diabos estava acontecendo. A curiosidade superou o instinto e Helena posicionou-se de frente para a porta do quarto onde a irmã dormia e, aparentemente, também de onde vinham as vozes. Estava aberta, só precisava empurrá-la. E ela empurrou cautelosamente... As vozes pararam.

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⏰ Última atualização: Dec 09, 2020 ⏰

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