7 - Sozinha

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Helena despertava, acordada pelas vozes que vinham do andar de baixo, enquanto a luz da manhã banhava os quartos do segundo andar do antigo casarão. Virou de um lado para o outro da cama para, instantes depois, levantar-se e ir até a janela. Observou do alto o verde e o colorido das flores do extenso jardim que ficava em frente à residência. A jovem estava na fazenda de seus avós maternos, passando as férias de verão juntamente de seus pais e de Laís, a sua irmã mais nova. Vestiu-se, abriu a porta do quarto e seguiu até as escadas. Desceu os degraus imaginando as delícias que a avó, que chamava-se Celeste, teria preparado para o café da manhã. Esperava encontrar pão de aipim quentinho (aguardando para receber um pouco de manteiga em cada fatia), suco de uva (feito com as frutas colhidas nas parreiras da propriedade), bolo de laranja e queijos dos mais variados tipos. Também esperava encontrar Laís, a mãe e a avó sentadas à mesa, enquanto que o pai e o avô já estariam desde mais cedo ocupados com as tarefas rotineiras da fazenda.

No entanto, ao terminar de descer o último degrau da escada, Helena não sentiu o costumeiro aroma das manhãs. Havia um cheiro desagradável, a luz do sol deixara de entrar com abundância pelas janelas dos cômodos da casa e as cores internas eram dominadas pelos tons sombrios de cinza e marrom. Um incômodo contraste com a luz, colorido e ótimos odores vistos e sentidos diariamente naquela casa. Helena não conseguia identificar, além do óbvio, o que estava acontecendo, mas sentiu-se dominada por um sentimento negativo, como se houvesse perdido algo muito importante naquele instante.

Quando chegou até a cozinha, a sensação se intensificou, pois não havia ninguém conversando por ali. A mesa estava vazia, o fogão sem sinal de uso e a pia sem louças do café da manhã para lavar.

— Vó? Mãe? Laís? — chamou algumas vezes, mas sem receber uma resposta.

Dirigiu-se até a porta da frente da casa, pois era possível que estivessem no jardim. Esperava encontrá-las abaixo da sombra de um cinamomo, protegidas do sol do verão — que naquele horário já estaria começando a castigar —, sentadas sobre uma toalha estendida na grama, cercadas pelo belo jardim e de pratos e cestas com diversas delícias. Mas, ao abrir a porta, a sua alma foi invadida por um medo indescritível. Helena foi surpreendida por um forte frio (incompatível com a época do ano) e cercada por uma névoa que escondeu tudo que estava à frente da residência. Ficou parada na porta da casa, aterrorizada e perguntando-se o que estava acontecendo. Onde estava a luz do sol que tinha visto há poucos instantes pela janela do quarto? Onde estava o colorido do jardim? Onde estava a sua família?

— Mãe? Vó? — Helena gritou da porta da casa.

Ninguém respondeu. Então, deu cautelosamente os primeiros passos em frente.

— Laís?

O silêncio imperava. E, conforme Helena avançava, o jardim se revelava: morto e cinzento.

— Pessoal?

Ao olhar para trás, já não era possível ver a casa. Então, Helena parou e tentou encontrar algo, em vão, ao seu redor. Mas só havia o branco da névoa e as plantas mortas ao seu lado.

Ploc...

Um ruído chamou a sua atenção. Helena virou-se de volta para a residência e observou um vulto surgir vagarosamente de dentro da névoa. Teve a esperança de ver alguém de sua família, porém também sentiu muito medo, por não ter ideia de quem ou quê sairia dali.

— Quem está aí? — perguntou Helena.

O vulto não respondeu, mas seguiu aproximando-se. Por instinto, a jovem deu um passo para trás.

— Laís? É você? Responda! Para de tentar me assustar!

Ao chegar bem próximo da jovem, o vulto revelou-se ser de um garotinho, que deveria ter por volta de 7 anos. Helena não o conhecia.

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⏰ Ostatnio Aktualizowane: Dec 09, 2020 ⏰

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