III - "O Selo De Deus" [ATO III]

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[LIVRO I, CAPÍTULO III: ATO III]


Eram dezessete e trinta daquela segunda feira tempestuosa quando Lúcia passou veloz por seu amigo Pavloki. Ambos estudam no mesmo pavilhão e Ele parado estava na entrada deste tragando um cigarro. Conversava com alguém conhecido de sua classe de estudos.


- Aí Ele tipo, "pô, tá falando merda!" Hahahah! Tá ligado? Eu ria pra c...


- Calma, aí, Brother, sem zoeira... É a Lúcia?


- Quem?


- Ô RUIVA LINDA! VAI AONDE CORRENDO NA CHUVA MULHER?!


- Essa mina é maluca Pavloki, na moral.


- É... Mas tem coisa aí, marca aí, depois a gente se fala!


- Ué, qual foi cara? Vai correr na chuva também? Caralho, tá todo mundo maluco?


- LÚCIA! – Grita Pavloki correndo atrás da Amiga – ESPERA! O QUÊ FOI RUIVA? PÁRA DE CORRER! Porra Brother, meu cigarro, tá de sacanagem... Ô GAROTA! QUE PRESSA É ESSA?


Pavloki parte atrás de Lúcia dispensando o cigarro que fumava tão logo o mesmo se molha na chuva.


As poucas pessoas ali na entrada do prédio, se abrigando, não entendem nada do ocorrido e para Eles era apenas um caso típico duma Aluna que estava atrasada para pegar seu Ônibus e não poderia perder o próximo. Uma situação irrelevante aos olhos normais ali ao redor e, deveras, ninguém parecia se importar.


Lúcia não tinha noção do quanto corria, apenas acelerava pensando em chegar até o portão sete e ver se sua Vendedora de Alimentos favorita estava lá terminando o expediente.


Correndo com um dos braços acima da fronte, para ajudar a amenizar a enorme quantidade de água indo até ele, o Amigo de Lúcia segue em meio ao temporal. Passos a frente, um fortíssimo som de trovoada é ouvido junto de um clarão no céu e a lâmpada dum poste estoura com sincronia perfeita a um evento fantasmagórico bem ali diante dele.


- Caralho?! LÚCIA! LÚC... Puta que pariu: Barulho sinistro e gente sumindo do nada, mas que merda tá acontecendo aqui? Tomei muito vinho?


Ele cessa de correr e olha de um lado para outro. Lúcia tinha desaparecido bem na frente dele feito um fantasma.


Pavloki é alguém que instintivamente procura por diversão em coisas exóticas cujo entretenimento proporcionado, em grande parte, é questionável pela sociedade. A natureza reprovável do que o Rapaz tem por "divertido" é tão interessante quanto Ele ser detentor dum espírito extremamente curioso e destemido por consequência.


- Que viagem insana! Olha, não sei que porra é essa... Mas parece foda! Agora mesmo que Eu vou atrás dessa guria hahahahah! ô LÚÚÚÚÚCIA!


O excêntrico e risonho Jovem prossegue a correr em meio à precipitação. O vento passa de aceitável para forte e coisas de peso leve voam dum lado para o outro: Galhos com folhas, tampas de isopor dos comerciantes ao redor do campus e até mesmo cadeiras de plástico.


Um episódio que remetia quase as chuvas que se deram no primeiro dilúvio conforme dizem os humanos em volta dali, a se esconder como podiam da chuva. Em verdade digo: Eles não fazem ideia de como foi aquele tributo torrencial servido para aplacar a fúria de Deus.


Em meio a todos estes fatos, saibam: Christian já aguardava Lúcia no portão 7 se questionando se havia chegado muito cedo ou se sua Irmã estava demorando mesmo para chegar. A segurar o guarda-chuva que recebeu da Misteriosa Mulher, apoiado próximo a um dos ombros, andava ele de um lado para o outro de cabeça levemente inclinada para baixo enquanto pensava.


"... Caramba, pior que o celular morreu e nem sei que horas são. Será que Ela já foi? Pô dei mole, era pra Eu ter ido ao andar dela. Mas também, Ô CAR...".


Ocorreu de, ao se virar de frente, uma repentina parede d'água ser lançada sobre Ele. Outro som estrondoso de trovoada, junto de uma rajada de vento muito forte, se sucedeu. Aquele monte de água cobrindo Christian era semelhante a quando uma coisa muito pesada, ou alguém, cai dentro duma enorme poça d'água e esparrama esta para todos os lados de baixo para cima.


Momentaneamente Ele fecha os olhos devido a incrível quantidade de água jogada nele. Inclusive fazendo-o engolir um pouco desta provocando um curto afogamento por assim dizer. O clarão no céu de nuvens escuras se repete só que passa despercebido pelo Jovem.


Começa a tossir e por instinto, claro, tenta colocar o guarda-chuva a sua frente para protegê-lo da forte torrente de água que o cobre. O guarda-chuva é bem sucedido em seu trabalho de escudo e tão logo é finalizada a situação, Christian torna a apoia-lo virado para o céu para se cobrir da chuva.


Soltando inúmeras palavras e frases de baixo calão durante este gesto Ele cessa de falar quando percebe que Lúcia estava ali, feito uma estátua, com as duas mãos fechadas e trêmulas, completamente encharcada além de ofegante ao extremo.


Ela aparenta estar desorientada e olha dum lado para o outro, vidrada, apenas virando a cabeça sem usar o corpo que continua inerte.


Christian percebe que há algo errado com Ela e se aproxima devagar. Novamente, de forma instintiva, Ele vai bem resguardado. Está imaginando como foi que Lúcia apareceu ali de repente.


- Lúcia? Lúcia? O que houve Irmã? Tudo bem?! Lúcia! Olha pra mim, hey, hey! Caralho, o que aconteceu com essa garota cara? Como Ela apareceu aqui do nada? O quê que aconteceu Lúcia, fala comigo? Hey!


A cada "Hey" Christian estalava os dedos na altura do campo de visão da Moça, de todo modo não parecia adiantar. Vindo correndo de dentro do campus aparece, então, Pavloki que estava seguramente cansado de correr no meio da chuva forte atrás da Irmã do Amigo.

O Despertar: Caos Sagrado - Os Escolhidos (Livro 1)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora