𝙹𝚎𝚗𝚊

Começar do início
                                    

Melhor lugar não haveria de existir, pensou. Paz, comida e mentes sábias.

Por isso, fingiu não notar o interesse do rapaz, não era a primeira vez que algo assim acontecia. A princípio, pensara que era gentileza de um vizinho, mas estava quase estampado na cara de Andrews a sua queda. Parecia que todos os que a conheciam notavam, mesmo que ela tivesse levado mais tempo do que se era esperado pela maioria das pessoas só para perceber isso.

Retribuiu o sorriso como em um gesto gentil. - Eu não vou sair com você - ela soltou as palavras que sairam com uma facilidade surpreendente. - Obrigada mesmo assim.

Andrews inclinou-se para frente até fitá-la a uma distância de três palmos, ignorando totalmente a resposta. - Por acaso você já ficou sabendo das notícias que vem correndo por essas bandas? - elevou um dedo à boca e desviou o olhar. - Eu poderia até dizer - se deixou demorar, captando um lampejo de curiosidade por parte de Walsh. - Uma troca, vamos lá! Um belo jantar romântico pela informação - ajeitando o colarinho, fez uma postura de confiança e arrumou a gravata azul. De modo descontraido, logo notou uma presença além da sua.

Jena negou com a cabeça. Acostumado, o rapaz apenas deixou os braços caírem ao redor do corpo bem definido. - É, mas estou progredindo.

- Jane Berlyn Walsh - soou uma outra voz.

A sonância entrou por um ouvido e lentamente saiu pelo outro. É claro que ela sabia a quem pertencia a voz, o aveludado que transbordava nas frases e o sotaque da Inglaterra era fortemente presente no final das palavras. Jena soube, pois o britânico era conhecido na antiga província da Irlanda do Norte, onde os avós viviam. Além de que na antiga escola Wells Preyre esperava-se o aprender de galês, gaélico e escocês que derivam dos idiomas dos antigos celtas. Ela até poderia ser poliglota se quisesse, entretanto ocupava-se uma grande parte do seu tempo no GramyStan, seu blog pessoal.

- Jack Fhik - rebateu tentando ao máximo soar casual ou despreocupada.

Quando ele saiu? Como eu não percebi?

Em seu anseio por ser natural, acabou por completo a ignorar Andrews. Mas não foi a intenção, de jeito nenhum. Com a paciência que os deuses lhe deram, até pensara na possibilidade de ser, quem sabe, uma repórter. É que inevitavelmente o rosto, em uma volta quase triunfal, revirou-se para o rapaz de largo torço, fazendo-o ainda mais intimidante, a não ser pelo azul bebê na folgada camisa.

Jack possuia mesmo um ar forte e predominante. Como se quando ele chegasse em um lugar, a energia bruscamente mudasse.

Nessa altura do campeonato, Andrews com o seu ego ferido, disfarçou um olhar perplexo e rodeou a casa. Parecia genuinamente decepcionado. Aquela não seria a finalmente grande chance dele de sair com garotas - quer dizer - uma garota. Não qualquer garota, mas Jane. Era como uma disputa pessoal e ela fosse um troféu a ser conquistado. Se ela não o queria, ele queria ela até ela cogitar querer e o jogo se inverter. Na maioria das vezez isso funcionava para Andrews.

Jack, saiu sem olhar para trás, na maior cara de tédio e com as mãos permanecidas no bolso da calça.

- Andrews! - Jena gritou, mas ele já estava longe demais para poder ouví-la. Assim como Jack. Ela não foi atrás de nenhum dos dois. Apenas encarou mais uma vez a paisagem e o ar puro. Possuia uma tranquilidade boa que pertenciam aos jovens que não conheciam muito da vida e do mundo.

Voltando-se para seu quarto, não perdeu a oportunidade de chutar algumas folhas secas que cobriam o chão. Por outro lado, a rua parecia encimentada como se estivesse maismvazia do que o normal. A lua já não era presente no céu e por isso seus passos se seguiram para as escadas em um rugido de madeira velha do tipo crecke crecke. Mesmo que tentasse ir mais devagar, era como se o barulho só o fizesse ainda mais alto.

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