CAPITULO 3 - A caça

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-- Oque aconteceu? -- Edric abriu a porta do meu quarto, fechei o livro de história e o olhei -- Emira me disse que você desmaiou

-- Foi por sede

-- Amity... você ficou mais dias sem tomar uma gota de sangue e não chegou nesse nível, algo aconteceu

-- Aconteceu que a novata tem o sangue mais atraente que eu já senti e eu perco a sanidade quando eu estou há 6 metros de distancia dela -- Suspirei -- Eu planejei 4 maneiras de mata-la apenas por causa do cheiro do seu sangue, eu nunca fiz isso Edric, e se eu matar ela sem pensar?

-- Mas você não vai, eu te conheço Amity, você não vai

-- Depois de hoje eu nem sei se eu mesma me conheço

Silencio, olhei para a janela, o céu nublado, tudo cinza, tudo triste, como eu

-- Hoje eu vou te acompanhar na caça, se prepare , vai ser ás 00:00

-- Você vai pegar uma corça para mim? – Edric me olhou com um olhar de preguiça – Você sabe que é o meu preferido!

– Entendi, mas se você atrasar 1 minuto para se arrumar a corça vai para a minha barriga

– Devia dizer isso á Emira

Rimos e ele se retirou do meu quarto, deixando eu e minha solidão sozinhos de novo

Joguei meu livro de história para longe da minha cama, eu nunca havia estudado a Peste Negra, e aquela matéria me matava , não queria estudar uma doença que matou 1/3 da população europeia, eu vou ficar com inveja, e não gosto de sentir inveja

Invejo aqueles que tiveram o privilegio de morrer

Eda me disse que nessas grandes epidemias que acontece a maioria das transformações, como se tivessem dando uma segunda chance de vida á pessoa

Morte, era isso que eu sentia falta, li em um lugar que o único motivo dos humanos serem felizes é porque eles sabem que um dia vão morrer , vão perder a vida que tem, que um dia vai acabar, que vai tudo acabar, que nada é permanente

Sinto falta da sensação de ter medo da morte, de abrir minha janelas todas as manhãs e agradecer que estou mais um dia viva, que a morte não havia chegado, oque eu daria para sentir tudo de novo...

Mas tudo isso acabou quando a única coisa que eu comecei a pensar, a desejar, a falar sobre era o sangue, lembro-me da minha primeira noite de vampira, Eda me deixou beber o sangue de 5 humanos, não me arrependo daquele dia, um pouco do sangue ainda corria entre mim e aquela sensação foi muito boa

Mas o grito de dor daqueles a quais matei me assombra todos os dias

Outra coisa que sinto falta: Prazeres momentâneos,

Virar a noite lendo e dormir na aula de português , sair com os amigos e segurar os cabelos da minha amiga bêbada, ver o sol nascer, ficar feliz por tirar uma nota alta, comprar roupas estranhas e usa-las apenas para fazer um desfile em casa, comer um algodão doce...

Mas tudo acabou, não posso fazer nada para voltar ao passado

Miro a janela ao lado de minha cama, que serve apenas para eu sentar, não durmo há 47 anos, estava escurecendo, as nuvens tampavam o Sol deixando o céu com uma cor alaranjado triste, foi um dos piores por do sois que já havia visto

Deite-me no travesseiro e levantei os meus braços, olhei para minhas mãos, tão brancas e pálidas, parecendo ser tão frágeis que com apenas um toque poderia quebrar. Fechei os olhos, isso era tortura, tudo era tortura, essa vida era tortura, não sei como Eda tem mais de 1100 anos, se eu que estou com 40 e poucos não aguento mais, imagina ela

Young Blood - LumityWhere stories live. Discover now