Parte XVII

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Espaço dedicado aos elogios a minha pessoa antes do capítulo pelos seguintes motivos:

1. Porque mereço;
2. Retorne ao um;

Rafaella

Com os sentimentos pesando como uma pedra eu decidi seguir adiante e terminar aquela noite.

Depois dela eu realmente tentei não pensar o que seria de mim longe do meu estado e sem emprego, mesmo que algo em meu peito entendesse que Bianca terminaria por me pedir desculpas quando se desse conta de que eu fiz o necessário.

A contrariei? De fato. Fiz algo por suas costas e mobilizei toda a equipe contra o expressado? Isso também. Mas eu precisava corrigir seu equívoco o mais rápido possível ou tudo o que se esforçou por manter seria arruinado. Eu sei que não era nada certo passar por cima da sua autoridade, mas eu precisava arriscar mais alto se quisesse que fôssemos alçados ao êxito. E não, eu não pensei na possibilidade disso dar errado até sentir a personificação do pavor passar por mim como um foguete na direção do depósito e não sair de lá até o horário de fechar.

E eu nunca a tinha visto assim antes. Menos ainda como acabei a encontrando mesmo sem que a olhasse. Sua voz estava embargada e dizia coisas incoerentes. Estava bêbada, irritada e mais irredutível que nunca.

- Não entrará - Decretou batendo de volta fazendo força contra madeira e mesmo sabendo que tinha de sobra a força necessária para abri-la apenas me sentei em frente aquela porta.

- Não vou. Mas tampouco vou sair daqui - Insisti com minha típica teimosia. Sei que Bianca era casca grossa, pois agia numa área dominada por homens, mas eu tampouco estava isenta das minhas batalhas numa cozinha.

- Se eu não me engano disse que ficaria até o fim da noite. Como funcionária não há mais o que fazer aqui - Disse. E eu sei que se eu fosse um pouco esperta já teria dado as costas por como me tratou. O único problema era que fui ensinada que não importava a dor que alguém tenha causado, se essa pessoa está no fundo de um buraco você não a enterra, você a ajuda a subir porque isso pode não mudar quem ela é, mas garante que você continue sendo você.

- Como funcionária não. Mas como ser humano não posso te deixar assim - E com ser humano gostaria de dizer como alguém que gosta dela embora, de todos os momentos que vivemos, menos o merecesse.

- Não só pode como vai. Eu estou te dispensando pela segunda vez.
Anda! - Aquilo me doeu novamente, mas eu o engoli outra vez e não porque gostava dela, mas porque se a deixasse estaria sozinha como costumava cultivar e não tinha condições para isso hoje.

- Eu vou embora com uma condição - Falei como algumas das palavras mais difíceis que já havia usado diante de Bianca.

- Qual? - Perguntou ainda em seu tom embriagado/destruído.

- Abra a porta - Pedi tentando manter a leveza da voz sem deixar entrever minha própria mágoa. Esquecendo-a, varrendo-a para longe de nós duas quando Bianca precisava de mim mesmo que nunca o dissesse.

- Mas... - Tentou retrucar.

- Se quando abrir ainda quiser que eu vá eu vou - Garanti abandonando tudo o que não fosse ela vendo como a madeira antiga rangeu abrindo o depósito. No chão dele, como imaginara, Bianca segurava a barra do seu vestido outrora tão sensual como uma criança assustada.

Ela não estava nua, pior ainda, estava vulnerável como nunca vi e não dei-lhe a chance de negar, simplesmente me ajoelhei na sua direção e abri os braços sentindo como corria para dentro de mim molhando o meu avental.

- Eu não quero perder tudo - Esclaresceu me cortando o peito. Minha menina...

- Não vai. Confie em mim, te garanto - Prometi o que não poderia, mas o que acreditava. Eu nunca seria desonesta ao ponto de prometer algo que não pudesse cumprir e desde o momento que me arrisquei em servir o prato eu sabia que poderia manter a salvo seu patrimônio.

Deliciosamente proibido  -  Versão RabiaWhere stories live. Discover now