Parte XV

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Rafaella

O dia do aniversário do bistrô finalmente chegou. Conseguimos acertar no tiramisù e, segundo Bianca, poderia ser vendido já que na quarta tentativa não a deixou alcoolizada.

Tudo estave uma loucura por boa parte da semana, mal conseguíamos coincidir, mas eu a observava de longe sempre que percebia que não estava prestando atenção em mim. Como quando estava trabalhando e liderando, da maneira que ficava mais encantadora.

Era nesses pequenos momentos que meu coração encolhia assustado, mas eu não conseguia evitar que batesse mais aceleradamente quando caminhava pela cozinha com seu vestido colado ao corpo.

- Atenção a todos! - Disse com sua voz segura tomando os olhares para si - Hoje é, sem dúvidas, a noite mais importante do ano no bistrô Paris 6. Hoje teremos um grande evento e receberemos pessoas do mais alto escalão da Gastronomia, incluindo um renomado crítico francês chamado Anton Ego - Bastou com que dissesse esse nome e todos começaram a murmurrar assustados pela cozinha. Ego era mundialmente conhecido e a depender de que se agradasse ou não da nossa comida poderia acabar com a reputação do bistrô não só em São Paulo, mas em todo mundo.

O meu sangue gelou.

- O que pensa em oferecer a ele? - Perguntei de súbito em meio a tanto burburinho e todos se calaram e olharam de mim a Bárbara.

- Estava pensando em oferecer-lhe uma panna cotta, algo seguro e que meu pai fez muitas vezes nesse restaurante. É sabido que esse crítico é um grande apreciador da comida italiana e penso que deveríamos ir por esse caminho - Falou. Mas a panna cotta que serviamos advinha de uma receita pronta de muito tempo, era deliciosa, de fato, mas na minha cabeça não era o suficiente para agradar um homem tão exigente.

- Eu penso que não - Me expressei mesmo depois de que todos concordaram com que a chefe disse por considerarem mais simples - Eu acho que deveríamos servir o Tiramisù - Um minuto de silêncio. Manu ficou pálida como um papel e Bianca parecia me olhar como uma maluca.

- Está brincando com a minha cara? Porque não tem a menor graça! - Perguntou, mas quando percebeu que eu não vacilei por nenhum segundo terminou revirando os olhos respirando fundo.

- Nem um pouco. Você disse que deveríamos servir uma comida italiana porque certamente é algo que ele está habituado, mas não acho que a panna cotta seja nosso melhor cartão de visitas. É algo servido há anos e de qualidade garantida, mas não é o melhor que temos e italiano por italiano eu voto no tiramisù da Manu - Falei colocando uma mão sobre o ombro da minha amiga que começou a tremer como um bambu quando o vento passava.

- Aquele que vocês só acertaram a pouco? Para um crítico que está saindo pelo mundo atrás dos melhores bistrôs e que escolheu justamente o nosso? - Inadgou e ainda sim assenti que sim com ela negando.

- Eu comando essa cozinha e sabe que pode confiar em mim para que eu tome boas decisões - Afirmei quando começou a ficar levemente apavorada.

- E colocar todo o bistrô nas mãos dessa cara pálida? Rafaella eu simplesmente não posso ceder nisso - Explicou vacilando. Eu entendia seu ponto. Era o trabalho do seu pai. Era a obra que demorou muito para colocar no mundo. Era o que tinha custado sua vida. E não havia confiança que eu passasse que pudesse superar o medo de que um crítico tão importante acabasse com tudo em 500 palavras. A certa maneira, isso me deixava entristecida, mas eu entendia.

- O prato a ser servido será uma panna cotta - Decretou como última palavra olhando para mim antes de se recolher no seu escritório.

- Preciso da atenção de todos! - O que não queria dizer que eu aceitava.

Deliciosamente proibido  -  Versão RabiaWhere stories live. Discover now