A Estrela Morta do Rock

23: Máscara

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Diga quem você é, me diga

Me fale sobre a sua estrada

Me conte sobre a sua vida

Tira a máscara que cobre o seu rosto

Se mostre e eu descubro se eu gosto

Do seu verdadeiro jeito de ser

– Pitty –

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16h50m

— Você não pode fazer isso! — João bateu os pés no chão com força e cerrou seus punhos — Eu tenho meus direitos!

— Se quiser assim, ok. Chame seu advogado. Que seja! Mas de qualquer forma, gostaria de dizer que não há problema em dizer que se identifica como travesti ou se gosta de interpretar como drag queen.

— É o quê? Eu não...

— Se eu abrir esse armário, vou ver um monte de roupas femininas, perucas e maquiagens, não vou? — Ela perguntou, apontando para o móvel.

João comprimiu os lábios e engoliu a própria saliva. Suas pupilas se moviam a todo o momento para lugares variados. Não dava mais para mentir.

— Sim! — Ele deu um berro, torcendo o nariz e abrindo a porta de seu guarda-roupas. Um depósito de vestidos, perucas, botas, sapatos e vestimentas femininas exageradas — Estão vendo? Sim. Eu me visto de mulher aqui. Felizes?

— Já contou isso pra alguém? — Louise perguntou.

— Só a Cláudia sabe — Ele admitiu, sentando-se na cama — E vocês, agora.

— Por quê? — Louise se aproximou dele e se sentou ao seu lado — Como isso começou?

— Ah, faz um ano, eu acho... Eu não sou trans! Muito menos gay. Mas, sei lá... Acho legal me ver como uma outra pessoa. É um hobby que eu pratico sozinho, sabe? Me ver assim... E quero que se mantenha em sigilo — Ele disse, com um ar triste, e encarou o teto — Eu não tenho nada a ver com a morte do Henry!

— Vocês chegaram a se conhecer melhor nos últimos dias, não chegaram? — Ela perguntou, semicerrando as pálpebras.

— Foi... — Ele respondeu, evitando o contato direto com os detetives e para não se sentir constrangido, olhou para a direita — Pra ser sincero, eu sempre admirei ele. Desde o início, quando ele lançou aquela releitura magnífica do Ney Matogrosso! Ele tinha uma coragem que eu não tinha de me mostrar assim... Quando ele se separou da Andressa, foi a época que comecei a entrevistar os cantores e, bem... Como ele tava muito carente, comecei a cultivar uma amizade com ele.

— E você tinha outros interesses nele? — Louise cruzou os braços e ele revirou os olhos.

— Ah, claro que não! De onde vocês tiraram isso, hein? Eu não sou gay!

— Tem certeza? — Ulisses perguntou dessa vez, encarando-o com a testa franzida.

— Ah, puta merda, viu? — Ele tapeou a própria face — Tá bom! Tive sim. Mas, caramba, isso não significa que eu matei ele! Eu nem teria motivo muito menos coragem para fazer isso. E seria impossível! Eu estava lá embaixo, com meus fãs, qualquer um vai te dizer isso e...

— O que rolou entre vocês dois?

O coração do rapaz começou a bater mais forte. Precisava trazer de volta em sua mente aqueles momentos que teve com seu "amigo". Deu uma risada e um suspiro. Fitou suas mãos e falou.