Capítulo 20 - Surpresa

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"Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente." (Quem é você, Alasca? – John Green)

Um mês.

Um mês que eu já tenho meus amigos novamente. Um mês que eu e Elisa deixamos de nos odiar tanto. Um mês sem o Rafael.

Durante esse tempo muitas coisas mudaram. Você deve estar se perguntando se eu e Elisa nos tornamos amigas, e a resposta é não, mas nós deixamos de nos alfinetar. E ás vezes eu me pergunto se isso aconteceu devido àquela conversa que nós tivemos ou porque eu e Rafael não estamos mais juntos, portanto ela não tem mais motivos para me odiar. Realmente não sei ao certo.

Esses dias eu tenho saído bastante com meus amigos, para a aventura calorosa e rebelde que é jogar vídeo game na casa do Gui às sextas. Sem contar que eu seguro vela praticamente o tempo todo. Super divertido!

Como não tenho mais um namorado para quem sabe sair e ter encontros nos finais de semana, adquiri o hábito de assistir filmes românticos aos sábados e domingos. Hoje é sábado, e eu estou deitada no meu sofá, de pijama, com um pote de sorvete nas mãos e assinto A culpa é das Estrelas. Instigante.

A campainha toca.

Ding dong

Eu estou cogitando a possibilidade de não abrir, porque o filme está muito interessante e o meu corpo se recusa a levantar. Uma hora a pessoa vai cansar e pensará que não tem ninguém em casa.

Ding dong

Ding dong

Ding dong

Reviro os olhos.

– Já vai! – grito e rastejo em direção à porta

Quando a abro, me deparo com uma Fernanda muito bonita. Ela vestia um vestido vermelho com um pequeno cinto preto amarrado à sua cintura e sapatilhas pretas. Seus cabelos ruivos estavam devidamente presos em uma trança de lado. Guilherme estava ao seu lado, também muito bonito. Ele vestia uma blusa com um M de “Super Mario”, também vermelha. Me pergunto se eles combinaram em usar as roupas da mesma cor. Espero que não, seria ridículo.

Eles entram sem que eu convide. Guilherme senta na poltrona da sala e Fernanda permanece de pé. Eu pulo no meu bom e velho sofá novamente e dou play no filme.

– Porque estão arrumados assim? – pergunto sem tirar os olhos da TV

– Por que hoje é o dia da festa junina lá da escola. Esqueceu? – Fernanda responde

– Propositalmente.

– Você está horrível. – ela comenta

– Eu não lembro de ter pedido sua opinião.

Ela senta ao meu lado. – E desde quando você precisa pedir?

– Vocês duas são tão meigas... – Guilherme diz – É fascinante.

– Cale a boca! – nós duas dizemos em uníssono e ele faz uma careta

– Mas é sério, olhe só para você. – Fernanda aponta para mim com os dois braços – Está aí deitada de pijama, tomando sorvete e assistindo A culpa é das Estrelas. É deprimente.

Ela estava certa, é mesmo deprimente. Mas quem liga?

– Talvez eu goste disso. – digo enfiando uma colher cheia de sorvete na boca

– Você vai para a festa. – ela coloca uma mão na cintura

– Não vou não.  

– Vai sim.

– Não, eu não vou.

– Estou ouvindo um “sim?” – Ela diz colocando a mão no ouvido esquerdo como se estivesse se esforçando para ouvir algo – Ótimo. – Nós sempre fazíamos isso quando uma queria convencer a outra a fazer algo que não queria. Sempre dava certo.

– Ok, ok... – Reviro os olhos. – Mas essa é uma daquelas festas em que você veste xadrez e dança quadrilha? – zombo

– Na verdade a festa não tem nada a ver com a data comemorativa em si, tirando a parte das comidas que eles dão lá na escola. – Guilherme diz – Aliás, vocês poderiam adiantar isso? Eu estou com fome.

Fernanda mostra a língua para ele e me empurra para o quarto. Meia hora depois, eu estou pronta. Ela também fez uma trança nos meus cabelos e me maquiou. A roupa eu mesma escolhi: jardineira em um jeans claro, blusa branca e meu adorado all star.

Quando terminamos, o Gui reclama:

– Wow, já estava ligando para a polícia pensando que vocês tinham morrido lá dentro. – ele levanta e abre a porta – Vamos!

Logo estávamos na escola. A festa acontecia na quadra que era bem grande e estava toda decorada para a ocasião. Um garoto do 1º ano dava uma de DJ tocando músicas diversas enquanto as pessoas dançavam, conversaram e se divertiam. Procuro pelo Rafael e o vejo conversando com os amigos, encostado na parede perto do “DJ”. Espere, eu não deveria estar procurando ele.

Controle-se, Karen.

Havia uma mesa comprida com várias comidas que eu não gosto, a não ser pelo bolo e a pipoca que salvavam tudo. Guilherme dá um beijo rápido em Fernanda e sai para comer, então eu sento numa grande banco próximo a parede onde, no geral, os alunos sentavam para se pegar.

– Vou ali pegar refrigerantes. – Fernanda diz – Qual você quer?

Eu levanto uma sobrancelha.

– Ah, ok. Fanta. – ela assente e sai

Ela conhecia o meu gosto.

Mais uma vez estou sozinha como na festa de boas vindas, e no fundo eu desejo que o Rafael venha falar comigo. Mas ele apenas me olha de longe, como se eu não estivesse percebendo.

Olho para o lado e me sinto incomodada com a quantidade de pessoas se beijando a poucos centímetros de mim. Aperto os olhos e avisto Vitória e Lucas ficando num outro canto da quadra, distante dos outros. Esses dois não tem jeito mesmo...

Estava distraída rindo do romance “nada proibido”, quando ouço alguém atrás de mim.

– Você está linda, Karinha.

Karinha? Só quem me chamava assim era o...

Meu coração acelera. Viro o rosto para ver quem é.

– Henrique? O que você tá fazendo aqui?!

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