- Capítulo 1

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Sabina Hidalgo
20 de setembro

As luzes das pequenas chamas iluminavam a sala de jantar e as vozes dos meus amigos, da minha família e do meu namorado ressoavam pelo espaço.

Todos estavam alegres e eu não estava diferente. Não havia nada que me pudesse fazer mais feliz neste momento. Eu tinha tudo o que desejava, uma família unida que me apoiava em tudo, amigos incríveis que sempre estavam do meu lado nos bons e maus momentos, e por fim, um namorado. Não tínhamos aquela linda história de amor igual nos filmes clichês mas, eu o amava, e ele me amava, era tudo o que precisava.

- Saby...hey - a voz de joalin me desperta dos pensamentos - apaga as velas. E não se esqueça do desejo desse ano! - ela diz com sua voz alegre e um sorriso no rosto.

Nunca acreditei nessa coisa de no fim de cantar os parabéns pedir um desejo e depois apagar as velas, mas como todos o fazem eu fazia, mas o que ninguém sabe é que eu nunca pedia nada, apenas agradecia por estar ali, com saúde e feliz, junto das pessoas que mais amo. Esse ano não era para ser diferente, mas algo em mim disse para pedir alguma coisa, qualquer coisa, foi como um segundo sentido. E então o fiz. Fechei meus olhos e comecei.

- Obrigada por esses 25 anos de alegria, repletos de felicidade e sem nunca me faltar saúde. Esse ano, vai ser diferente, eu sinto isso, só ainda não sei se será bom ou mau, mas acho que mais vale prevenir do que remediar não é? Eu quero pedir que, apesar de todas as mudanças que minha vida possa sofrer, eu seja sempre feliz, e não apenas eu como todas as pessoas que eu amo. Quero pedir para, quando estiver na escuridão, algo ou alguém me ilumine e me traga de volta à vida e me mostre que nada está perdido. Que existe sempre uma outra escolha, um outro caminho. Quero pedir para ser feliz como sempre fui! - pedi para mim mesma, sem ninguém ouvir, e então apaguei as velas sendo seguida de assobios, palmas e abraços, como se fosse uma cantora super famosa e tivesse terminado um show.

Após muitos abraços, beijos e mais um turbilhão de "parabéns" nos sentamos todos juntos, a conversar, rir, enquanto comíamos meu querido bolo dos 25 anos.

Parei um minuto, ficando em silêncio, fiquei a apreciar aquele momento.
Todos estavam felizes, eu via isso, não só pelas gargalhadas e pelos sorrisos abertos presentes nas conversas, mas também porque, ao olhar nos olhos de cada um dos presentes, eu via o brilho neles. E então um sorriso se abriu nos meus lábios enquanto meus olhos marejavam.

- Amor? Você está bem? - sou desperta, pela segunda vez naquela tarde, dos meus pensamentos, dessa vez pela voz do meu namorado, Pedro.

Olhos nos seus olhos castanhos como o chocolate, limpo a lágrima que escorreu pelo meu rosto e assinto.

- Não podia estar melhor!

Ele sorri de volta e me beija, com seus lábios finos, um beijo com carinho e delicadeza. Encerramos o curto beijo, encostando as nossas testas uma na outra, ainda sorrindo, desfrutando daquele silêncio entre nós, ignorando o resto à nossa volta, como se estivéssemos numa bolha apenas nossa.

Ele interrompe aquele momento perguntando:

- O que pediu este ano?

- Não posso dizer ou então não irá se concretizar. - digo simples, lhe dando um selinho e me virando de volta para a frente e prestar atenção nas conversas paralelas.

Na verdade eu podia sim dizer o que tinha pedido, porque eu sei que se iria concretizar mesmo que nem o tivesse pedido, tal como nos outros anos. Mas mais uma vez, aquele segundo sentido me fez ficar calada. Hoje esses segundos sentidos estavam sempre a aparecer, mas não liguei, queria aproveitar o resto do dia.

Eu queria, mas não foi exatamente o que aconteceu.

Umas horas haviam se passado, estava tudo bem, até que senti meu estômago dar uma volta e só tive tempo de correr até ao banheiro e me ajoelhar de frente para o vazo e então tudo o que tinha comido até aquele momento saiu de dentro de mim e foi para ali.

Any apareceu do meu lado, segurando nos meus cabelos e então, me ajudou a levantar. Lavei meu rosto e minha boca e íamos sair, até que ela me para.

- Você tem a certeza que está bem Saby? Você está pálida. - ela diz e então me olho no espelho.

Me assustei quando vi o reflexo do meu rosto no espelho. Quase que podia ser chamada de nova Branca de Neve de tão branca que minha pele estava.
Não liguei muito, achei normal pois tinha acabado de vomitar.

- Devo ter comido algo que não me fez bem, mas já estou melhor. - menti, o mau estar ainda estava presente, mas não queria alarmar ninguém por uma coisa insignificante.

Ela assentiu e voltamos a andar de volta à sala de jantar. Todos me olharam com um ar questionador, como se estivessem a perguntar "você está bem?" mas sem coragem de o fazer em voz alta, e então decido dizer que estava bem, repetindo tudo o que tinha dito à Any segundos atrás, e então todos assentiram acreditando no que lhes havia dito.

Logo as conversas voltaram, tudo tinha voltado ao normal, exceto o meu mau estar. Tentei não transparecer que não estava me sentindo muito bem o resto do dia.

Ao anoitecer, a maioria dos convidados achou melhor voltar para casa, sendo que estávamos a meio da semana, uns iriam trabalhar, outros para a escola. E foi então, ao me levantar para me despedir de todos e agradecer por terem vindo, que senti o meu mau estar apoderar-se de todo meu corpo, minha pressão baixar, e o impacto do meu corpo com o chão frio.

As vozes alarmantes à minha volta eram a única coisa que conseguia ouvir, minha mãe chorando foi a última coisa que vi antes de apagar e tudo estar preto.

Sentia meu corpo ser movimentado, mas não sabia decifrar quem o estava a fazer, nem como o estava a fazer, e nem para onde me estava a levar. Queria poder mexer os dedos ou qualquer coisa, apenas para dar sinal às pessoas e a mim mesma que eu estava bem, que eu estava viva. Mas não conseguia.

Queria poder gritar para ter a certeza de que estava viva. Mas não conseguia.

Teria eu morrido?

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Esse foi o primeiro capítulo. Espero que tenham gostado.
Sinceramente eu estou bem ansiosa para ver como essa fanfic irá ficar.

Me avisem se virem algum erro ortográfico e se tiverem lido algo que não entenderam. Podem me chamar pelas mensagens daqui, estarei disponível para responder a vocês sobre qualquer coisa.

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