- Capítulo 15

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Sabina Hidalgo
17 de novembro

Quando o vento começou a ficar mais forte e o frio nos esfriar decidimos nos levantar a voltar para nossas casas.

Eu me sentia mais leve após tudo o que Noah me disse, e por lhe ter dito que o amava. Eu já sabia que esse amor era recíproco mas mesmo assim o medo de ser rejeitada quando ele soubesse da doença era mais forte, mesmo que no fundo eu soubesse que não era verdade.

Se eu tinha alguma dúvida sobre os meus sentimentos por ele, após de tudo o que ele disse eu tive a certeza que o amava. O amava tanto que chegava a doer, e essa era a melhor dor do mundo. Era uma dor que só nos dava felicidade. Ele é a minha felicidade, a minha luz no meio da escuridão.

Ao chegar em frente a minha casa, antes de me despedir ele diz:

- Você aceita ir jantar comigo? - pergunta segurando minha mão e fazendo um carinho nela.

- Você está me chamando para um encontro? - digo sorrindo e vejo um sorriso nascer em seu rosto.

- Acho que tenho ainda o direito de chamar a mulher que amo para um jantar - me encara e se aproxima - ou um encontro romântico.

Minha atenção no que ele dizia sumiu completamente a partir do momento em que ele se aproximou do meu rosto com o sorriso mais lindo do mundo. Desde esse momento que minha atenção se voltou para os seus lábios. Uma vontade enorme do o beijar apareceu, mas me controlei. Nós não temos nada sério, vai que ele se afasta.

Porém minhas inseguranças de ele se afastar se vão quando ele toma a iniciativa de juntar nossos lábios. Um beijo calmo e doce começa e me faz querer ficar ali para sempre. Com seus lábios nos meus, seus braços me abraçando...Ali era o meu lugar de paz e de segurança.

Nos afastamos e colamos nossas testas. Meus olhos continuam fechados e quando os abro me deparo com suas íris verdes brilhando e seus olhos quase fechados por conta do seu sorriso.

- Vem me buscar às 19h30 - digo sorrindo juntamente dele e deixo um selinho nos seus lábios saindo do seu carro.

Antes de entrar em casa vejo seu carro desaparecer no fim da rua e então volto a minha atenção a abrir a porta.

Ao entrar ouço a voz alta e irritada da minha mãe vindo da cozinha. Meus pais estavam discutindo.

Sempre fomos uma família muito unida, que se apoia em tudo. Tudo o que passamos, passávamos juntos. Mas desde que soubemos da minha doença isso mudou relativamente.

Me aproximei do local de onde vinham as vozes e fiquei à escuta.

- Ela tem de parar de ver esse garota Fernando, não entende isso? - a voz da minha mãe era irritada e ela já nem falava, ela gritava.

- Porquê? Me explica porquê? - já a voz do meu pai, por mais irritado que estivesse não elevava a voz como minha mãe.

- Ela tem de ficar em casa, se protegendo do mundo lá fora. Se ela continuar a sair ela ainda pode ficar pior. Ele é uma má influência!

- Não Ale, ele não é. Ele é a única pessoa que faz a nossa filha se sentir normal, livre. Ele é o contrário de uma má influência para ela.

- Não Fernando! Você não está a pensar direito. Ele n... - meu pai a interrompe.

- Você é quem não está pensando direito Ale! Nossa filha está morrendo e você prefere que ela fique presa em casa esperando morrer do que aproveitar o que resta da sua vida. - a voz dele estava mais elevada, mas não tanto como estava a da minha mãe - Deixe-a ser feliz com ele. Ele faz ela feliz. - percebi que tanto ele quanto minha mãe estavam chorando enquanto eu lutava por minhas lágrimas não caírem.

- O papai tem razão mãe. Noah me faz feliz e me faz sentir viva, e acima de tudo, me faz esquecer que estou a morrer pouco a pouco. Antes de o conhecer eu pensei que fosse morrer sem sentir isso. Ele ama-me e eu amo-o. Amo-o mais do que achei que fosse possível amar alguém. Não me interessa se vocês aceitam isso ou não, mas ficava feliz se isso acontecesse. - disse para eles e então viro costas e vou até meu quarto.

Algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto. Peguei numas roupas e produtos e coloquei numa mochila e de seguida liguei a Noah.

- "Sabina? Está tudo bem?"

- Você pode me vir buscar? Por favor? - digo tentando controlar minha voz fraca pelo choro

- Estou aí em menos de 5 minutos. - ele diz e desliga.

Coloco o telemóvel dentro da mochila, limpo as lágrimas e desço novamente.

- Onde você pensa que vai Sabina? Sab...

- Eu vou embora. Talvez volte amanhã, não sei. Tchau pai. - vou até ele e beijo sua bochecha e saio de casa ignorando minha mãe. Vejo o carro de Noah se aproximar e ele o para de repente sai correndo até mim.

- Você está bem? - ele segura meu rosto com as mãos e mais algumas lágrimas caiem pelo meu rosto, ele trata de as limpar e então me abraça.

Ele me aperta em seus braços e então me leva até seu carro. Coloca a minha mochila nos bancos de trás e entra no carro do meu lado.

Vamos o caminho inteiro sem falar e com nossas mãos entrelaçadas. Encosto minha cara á janela mas nem presto atenção no caminho, fico perdida nos meus pensamentos.

Eu intendo o lado da minha mãe. Acredito que seja difícil perder a única filha que tem, mas ela não tem o direito de me proibir ser feliz e aproveitar os últimos momentos. Antes de Noah eu pensei em parar a minha vida e fazer o que minha mãe quer, ficar em casa e esperar para morrer. Mas então ele apareceu, e mesmo com apenas um olhar ele me mudou. Apenas isso. Não foram precisas muitas palavras nem grandes atos de amor como nos livros. Apenas no momento em que nossos olhos se encontraram uma chama me incendiou por inteiro interiormente, e me fez querer viver, aproveitar a vida, por mais curta que ela seja.

Saio de meus desvaneios quando vejo o carro parar e então percebo que Noah me levou para casa dele, a casa no vale de flores. Ele abre minha porta e estica a mão e eu a seguro. Vamos até um pouco mais à frente de uma árvore e então percebo a intenção dele. Foi naquele preciso lugar que nos conhecemos.

Ele deita e me chama para deitar ao seu lado e assim o faço. Deito a cabeça sobre seu peito e ele entrelaça nossas mãos. Ficamos em silêncio por uns minutos e então me lembro da minha mochila. Vou até ela e abro e retiro de lá um dos meus romances preferidos, Romeu e Julieta.

Me deito de volta onde estava e quando ia abrir para ler Noah tira-o da minha mão e abre a página marcada.

- Eu leio para você. - assinto e apoio o queixo sobre minhas mãos que estão sobre o seu peito. Ele passa um braço por minha cintura enquanto a outra segura o livro. E então ele começa a ler enquanto eu fico a apreciá-lo com um sorriso bobo no rosto. Ele repara que estou sorrindo e então se aproxima e me beija.

- Eu te amo - ele diz sorrindo

- Eu te amo

Ele volta a ler e eu volto a deitar sobre seu peito desfrutando do momento.


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Heyy!!
Infelizmente a fanfic está na reta final e eu quero chorar porque nunca pensei que fosse conseguir chegar a este ponto. Espero que estejam gostando, mesmo que eu não seja tão ativa quanto antes.

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