- Capítulo 8

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Sabina Hidalgo
30 de setembro

Depois de Noah me deixar em casa naquele dia não nos vimos mais, o que é normal, ele tem o seu emprego, os seus afazeres e eu tenho os meus. E também a última vez que nos vimos foi à pouco mais de 48 horas. No entanto, de vez em quando, ele me manda mensagem ou eu mando a ele, e ficamos por algum tempo trocando mensagens.

Eu o adoro, ele é um ótimo amigo. Às vezes, quando penso na nossa amizade, ou quando estamos a falar, eu fico a pensar em quão repentina é a nossa amizade. Nos conhecemos por acaso à pouco mais de 1 semana. 9 dias para ser exata, mas quem está a contar? Mas continuando, nos conhecemos à 9 dias e eu já tenho um grande carinho por ele, e confio nele. Porém ele ainda não sabe que estou doente.

Não lhe contei, não por não confiar nele, muito pelo contrário. Não lhe conto por falta de confiança, mas sim medo. Medo de que esse pequeno, e ao mesmo tempo gigantesco, problema estraga a nossa amizade. Eu não quero perder isso. E se não estragar do gênero ele deixar de me falar, eu sei que ele vai começar a ter pena de mim e a me tratar como minha família. Como se eu fosse um objeto frágil com o qual temos de ter o maior cuidado senão ele se quebra. Eu não quero ser tratada assim. Eu quero aproveitar a minha vida enquanto ainda a tenho.

E falando em doença, neste momento estou a caminho do hospital. Graças a deus não porque me senti mal, apenas porque a Dra. Forbes, a médica que me diagnosticou com cancro no pulmão, a médica que quer tentar salvar a minha vida mesmo sabendo que não há nada a se fazer.

Ele me contactou ontem ao final do dia a perguntar se eu não me importava de hoje quando pudesse, dar uma passada no hospital. Segundo ela, nós precisamos falar sobre o meu caso.

Chego no hospital, aguardo alguns minutos e logo uma senhora me chama e me acompanha até à sala da Dra. Forbes. Ouço ela me dizer para entrar após bater na porta duas vezes. Ela me cumprimenta com dois beijos e me convida a sentar numa das cadeiras que ficam viradas de frente para ela.

- Como já havia lhe dito, o seu estado está mais avançado do que se esperava. Você começou a ter alguns dos sintomas provocado pelo cancro mais tarde, o que é muito raro acontecer, mas não impossível. Normalmente esses sintomas aparecem no estado 2 da doença, onde a cura resulta a 99,9% das vezes.

- E o 0,1% que resta?

- Bem, às vezes pode acontecer de não dar certo e a pessoa acaba por morrer. Acontece geralmente em pessoas mais de idade ou que já têm uma doença crônica, sendo assim relativamente mais fracas que o resto das pessoas. - ela explica e eu murmuro em hm para ela continuar a falar sobre o meu caso - quando fomos ver o resultado das análises feitas quando você deu entrada no hospital, ficamos de certa forma impressionados. Como eu já tinha dito antes, é raro isso acontecer. Mas mesmo sendo raro não podemos desistir de salvar a sua vida certo?

- Você diz isso mas eu tenho a certeza que no fundo você sabe que eu vou morrer. - eu digo e ela me olha com um olhar que eu não consigo identificar. Ela estava surpresa por eu saber o que me acabaria por acontecer? Tinha levado a mal pelo que lhe disse?

- Não tenha tanta certeza Sabina. Isto é o que mais me fascina na ciência, há coisas que parecem impossíveis de ser verdade mas realmente acontecem. Então, sim, eu acredito que você possa vencer esta batalha.

Ela tinha razão. Ou não. Eu não sei. Apenas sei que ela estava me dando esperanças e eu estava com medo que criar várias expectativas e elas não passarem disso, expectativas. Tinha medo de no final dar tudo errado e eu morrer na mesma mas desta vez com expectativas acumuladas que não eram a realidade.

- Sendo assim - ela continuou - acho que você deveria começar com os tratamentos o mais rápido possível.

- E quais seriam os tratamentos?

- Primeiro teremos que fazer uns exames para saber exatamente o tamanho e a localização do tumor e depois de termos essas informações eu irei reunir com mais alguns médicos, especialistas nestes casos, e ver qual o melhor tratamento para você.

- Ok tudo bem. - acho que vale a pena tentar, mesmo que no final não valha de nada - Quando quer que faça os exames?

- Se você estiver de acordo, poderemos fazer agora. É normal você sair daqui meio cansada, então aconselhava você a ligar a alguém para te esperar e, se você quiser, te acompanhar durante os exames.

- Tudo bem. Eu vou ligar a uma pessoa e poderemos começar. - ela assente e então saiamos de sua sala. Ela vai preparar a sala onde iremos realizar os exames e enquanto isso eu ligo para Joalin.

Explico-lhe toda a situação e ela diz que em 10 minutos estaria aqui. O que significa que ela vai apanhar umas multas porque ela vive a uns 20 ou 25 minutos daqui.

Entro na sala, e antes de começar mando uma mensagem para Joalin lhe explicando onde fica a sala para ela vir direta para lá.

- Bem, nós iremos fazer 2 exames, visto que você não tem dores no corpo certo? - eu assinto - Os exames são demorados e por isso que você fica mais cansada, e devido à sua posição nesta doença, quanto menos se cansar melhor.

Quando ela me diz isso, me coração acelera. Pelo que ela disse, eu não devia fazer grandes esforços para não me cansar, ou seja, não devia dar aulas de dança.

Eu poderia estar cogitar a ideia de deixar de dar aulas aos meus pequeninos, mas não o irei fazer. Não posso. Estou trabalhando lá à 1 semana e já amo cada um deles. Eu não tenho coragem de simplesmente parar de dar aulas para eles.

Saiu dos meus pensamentos quando a porta se abre e vejo Joalin passar por ela. Rapidamente vou até ela e a abraço forte.

- Vai ficar tudo bem. Eu estou aqui. - ela sussurra no meu ouvido me apertando forte, mas sem machucar, no seu abraço. Eu assinto e deixo uma lágrima escorrer.

Nos separamos, eu olho para ela e ela olha para mim sorrindo me fazendo retribuir. Ela limpa a marca da lágrima do meu rosto e então começo a fazer os exames.

Eu não podia ter chamado mais ninguém a não ser Joalin. Mais ninguém me iria trazer a segurança que eu estava precisando a não ser ela.


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Só queria deixar esse capítulo que por mais chato que seja e não tenho grande coisa (exceto o momento Joalina no final) é meio que importante para o desenvolver da história.

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