After the war - Catradora

Part Eight: we have new problems

Catra P.O.V

Eu não fazia ideia do que era aquela coisa enorme que se encontrava na minha frente, quase explodia minhas pupilas com tanta luz que emanava. Era um objeto estranho que curiosamente havia parado ali, e destroçado tudo que havia por perto.

Fiquei tão intrigada com aquilo que nem sequer reparei no que havia ao meu redor, e só me dei por conta quando uma mão tocou suavemente meu ombro, e todos os pelos do meu corpo se eriçaram.

- Catra?

Eu reconhecia aquela voz, reconhecia aquela mão, aquele toque suave, macio. Eu sentia tanta falta daquela voz, daquela pessoa, daquele toque, simplesmente de tudo. Até que ponto vale a pena essa jornada?

Meus pensamentos me rodeavam cada vez mais, me enchendo de mais e mais perguntas. Eu não tinha nenhuma resposta pronta e requintada para me aconchegar no meu próprio poço de zona de conforto. Nada era simples com ela perto, eu tinha o privilégio de amá-la, mas não o de me sentir confortável com isso, emoções ainda me assustavam.

Eu nada respondi ao seu chamado, simplesmente não conseguia, as palavras não saíam, minha garganta estava trancada, qualquer coisa que eu arriscasse pronunciar naquele momento iria me custar as lágrimas, a quebra do meu orgulho. E por mais que eu queira baixar minhas barreiras, meu emocional ainda não sabe como fazer isso e eu não quero simplesmente desabar na frente dela, eu sou forte, eu tenho que ser forte, eu tenho que ser a melhor.

- Eu não sei o que te dizer, não sei o que te dizer além de não querer te perder. A vida já nos deu caminhos diferentes tantas vezes que agora que temos essa oportunidade eu realmente, realmente não queria te perder de novo. Em algum momento eu não fui o bastante? Eu sei que eu cometi erros no passado mas aquilo me levou a quem eu sou hoje, e por favor, não seja uma Adora. Fique.

As lágrimas quentes escorriam pelo meu rosto, meu coração parecia uma fogueira e cada uma de suas palavras eram como lenha, incendiavam com o que havia dentro de mim.

- Para de falar - eu disse baixinho para ela não perceber a voz de choro.

- Tudo bem... desculpa - ela também estava daquele jeito, eu conseguia sentir de alguma forma, como se estivéssemos conectadas.

Meu coração me mandava falar mais, me ajoelhar e explicar para ela cada um dos meus passos e por qual motivo tomei eles, mas eu simplesmente sentia que não conseguia, como se algo me bloqueasse, como se aquele egocentrismo, aquela raiva fosse, na verdade, um mecanismo de defesa.

Ela começou a se afastar, e em um ato de coragem, segurei-a.

A última coisa que eu queria era ela envolvida nos meus problemas, na minha parte escura, no meu pior estado. Eu acho que entendo o que ela sente, mesmo que eu não conheça muito sentimentos, e não quero ver o coração dela machucado por minha causa, mas sinto que assim, também estou machucando ele, talvez fosse melhor machucá-lo assim do que de alguma outra forma... mas eu acho que preciso dar a ela alguma explicação.

Olhei no fundo de seus olhos marejados, que dilatavam ao me ver, enxerguei seu brilho, meu coração acelerou novamente. Enfim, meu amor por ela e os efeitos colaterais que ele me causa.

- Eu não quero que espere por mim, nem que se preocupe comigo, digo isso porque eu não consigo não me importar com você e não querer estar perto de você a cada segundo. Eu literalmente comecei essa jornada porquê mesmo que você me sentisse perto, eu mesma não me sentia o suficiente para você. E te escutar falando isso acaba comigo, acaba mesmo, acaba porquê é o tipo de coisa que eu sinto, o tipo de dor que eu sinto, e eu não desejo para ninguém no mundo, quem dirá para você. Eu só estou sendo honesta e sincera uma vez na minha maldita e miserável vida porquê você é a razão de eu ainda me importar até comigo mesma simplesmente pelo motivo de eu saber que significo algo para você, e não cuidar de mim seria a mesma coisa que não cuidar de você, e eu não posso deixar isso acontecer - minhas lágrimas não pediam liberdade para passagem, elas simplesmente pareciam dançar pelo meu rosto.