Part Twelve: giving up.

1.2K 121 208
                                    

 Catra P.O.V

 Lá estava eu, de volta a base, mas algo parecia estranho. As pessoas me encaravam fixamente,  Shadow Weaver, Rogelio, Kyle, Scorpia, Lonnie. Eu sentia vergonha, não sabia por qual motivo. Meu coração apertou e lágrimas começaram a se formar nos meus olhos. Eu tinha vontade de chorar, de me ajoelhar e pedir ajuda, eu sentia um vazio que parecia tomar conta de tudo que havia dentro de mim...

 Pude jurar ver Lonnie balançando a cabeça negativamente enquanto me olhava duramente. O que eu havia feito? Seja lá qual fosse o motivo, eu não tinha coragem de perguntar. A criança dentro de mim havia se machucado, e eu não queria feri-la novamente. Eu só conseguia enxergar uma forma de sair daqui. 

- O que foi, oras? Qual o problema? - gritei batendo com toda minha força em uma mesa que se encontrava na minha frente - Falem! Senão eu vou destruir cada um de vocês, estão me entendendo?! Vocês não são melhores do que eu por isso! 

Eu simplesmente despejei um turbilhão de coisas cujas eu nem me dei por conta, não lembrava de nenhuma palavra depois de recitá-la, só queria me concentrar em destruir qualquer coisa que me ligue a essas pessoas, eu não preciso deles, eu não preciso de ninguém! 

 - Vamos, me respondam! - todos estavam em completo silêncio, continuavam me olhando fixamente, não sorriam, não estavam zangados, eu não conseguia compreender... 

 Quando parei de gritar, senti meu corpo irradiando em raiva. Lonnie ergueu sua mão com cautela e apontou para algo atrás de mim, eu virei bruscamente, até que me deparei... 

 Meu corpo estava em chamas, eu não me parecia comigo, meus olhos eram escuros e sem vida, por toda extensão do meu rosto os sinais de raiva se proliferavam, até que me dei por conta. Olhei diretamente para dentro de meus olhos, tudo que consegui ver era uma pequena gatinha, eu quando criança, sentada em uma sala com paredes de tom azul-escuro, virada com meu rosto para a parede, chorando. Esquecida, com frio, com medo, sem ninguém. Conseguia sentir o calor de minhas lágrimas salgadas escorrendo ao longo do meu rosto. Tive piedade. 

 Naquele momento, eu queria poder pegar aquela garota no colo, queria poder lhe dizer o quanto era amável, quanto era linda, queria que conseguisse se enxergar com a verdade de seu ser. Acho que algo nela ouviu meu coração, ela tirou suas pequenas mãozinhas do rosto, e as olhou, consegui sentir sua respiração triste, porém, não desesperada. 

 Voltei a me encarar no espelho, frustrei-me com o fogo que ainda estava aceso ao redor de meu corpo, encostei no espelho a minha frente, caindo na real. O fogo começou a se desfazer e pela primeira vez, acho que consegui me compreender. Meus olhos se encheram de empatia, mas, da mesma forma, não conseguia parar de me sentir triste com tudo aquilo. Venho substituído a dor pela raiva, e, sem perceber, tenho queimado as pessoas, todo mundo. Minhas mão estavam ficando frias, assim como o resto do meu corpo. Olhando para meu próprio reflexo, consegui pensar: "só você sabe o jeito como eu quebro, não é mesmo?". 

 Então meu reflexo começou a falar. 

- Quebra? Quebra não, Catra. Destrói! Você pode mentir pra si mesma tentando ter empatia por uma pessoa que machuca as outras, pode tentar colocar o peso da culpa encima das coisas que aconteceram no seu passado, seja lá pelo abandono de seus pais, ou pelo abandono de Adora, cuja que supostamente "te ama". Mas sejamos sinceras, ela não conseguiria amar um monstro como você, não depois de tudo que fez, não depois de ter destruído tantas pessoas. Catra, o problema de tudo isso é você, unicamente você! 

 Eu não conseguia escutar mais uma palavra, aquilo cortava meu coração, mas algo em mim dizia que era verdade, eu não podia julgar, era meu próprio subconsciente que estava me dizendo aquelas coisas, por que eu fazia isso comigo? Por qual motivo eu sabia me auto sabotar tão bem? 

After the war - CatradoraDonde viven las historias. Descúbrelo ahora