Part Four: she's gone

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Catra P.O.V

Mesmo com todo sono, meus olhos custavam a fechar, não conseguia dormir, não com ela aqui, não depois de tanto tempo. Parecia um medo, eu me agarrava á ela, eu não tinha mais ninguém.

Apenas gostaria de colocar uma corrente nas nossas almas, para sempre estarmos conectadas de alguma forma.

Odiava esse sentimento, essa necessidade, essa vulnerabilidade quando se trata de Adora. Machuca.
Minha garganta começa apertar, meu coração também.

Acho que eu tenho mais problemas comigo mesma do que com Adora, a final eu destrui tudo.

Algumas vezes acho que não posso me culpar, mas...

"Me dê razões para nós nos completarmos"

Eu cochilava de meia em meia hora, não conseguia apenas descansar. Não com tanto medo me rodeando.
Estranha essa sensação de ter tudo, mas estar errada, sentir que há algo de errado.

Sinto que devo fugir, desaprendi a como reagir a tudo isso, desaprendi a ter ela por perto.

Eu quero um lugar para me esconder, nunca fui de fugir, mas não sei como lutar. Me defendo com raiva, mas não posso mais machucar ninguém, se eu não mantiver o "controle"... sinto que vou me machucar.

Encaro Adora pela última vez, beijo sua testa e enfim sussurro:

-Prometo voltar melhor um dia, não posso te levar até às nuvens estando afogada no mar

Peguei toda a raiva que me restava, a mochila com pequenos mantimentos na parede do quarto.

Alcancei a pequena janela do lado esquerdo da cama, encarei ela pela última vez. Meus olhos se encheram com bolsas d'água, mas já não havia nada que eu pudesse fazer. Não fazia sentido, mas eu precisava fugir.

Levantei minha cabeça, então pulei.

[...]

Adora P.O.V

Suspiro sem abrir os olhos depois do dia mais cheio da minha vida inteira, provavelmente.

Tudo parecia perfeitamente bem, então afundo mais a minha cabeça no travesseiro fofo da... cama de hóspedes.

Constatei que ainda estava escuro, não era manhã. Provavelmente acordei com algum barulho externo.
Mexi minha perna de encontro com Catra, e então levei um susto ao não senti-la.

Fui presenteada com um arrepio na espinha, mas não pude ter medo, não naquela circunstâncias. Eu não ia desistir dela, jamais.

Pulei a pequena janela do quarto, eu iria encontrá-la, não importava o que.

Me deparei com a floresta logo de cara, tentei entrar confiante, fui de cabeça erguida.

Cada passo que eu dava eu olhava pra os arredores, em busca dela. Meu coração tremia de medo, minha garganta se retorcia em agonia.

Muitas sensações ruins começaram aparecer, eu estava sozinha. Completamente sozinha.
E mesmo não existindo nada mais forte do que eu nesse planeta, não conseguia não sentir medo, não conseguia não sentir insegurança.

Me perco em um loop de pensamentos.
Será que ela sentiu algo parecido quando eu fui embora?
Como será que ela se sentiu quando eu me neguei a voltar com ela? Logo eu, que conhecia tudo sobre ela, todas as fraquezas, vi todo o abuso psicológico pelo qual ela passou desde seus 4 anos de idade.

Pela primeira vez, entendi ela. Não tenho ideia de como foram esses últimos... anos.

Acordei para meus passos pela floresta quando escutei um ruído estranho, e reparo que estou completamente perdida.
Como ela conseguia preferir ficar aqui á ficar... comigo.

After the war - CatradoraOnde as histórias ganham vida. Descobre agora