4 - Um perfeito dia para visitas

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Vamos fazer assim: você finge que não sabe que eu tô mentindo e todo mundo fica feliz.

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Olívia não podia ter estado menos animada para o seu aniversário naquele ano. As semanas transcorreram rápido e o dia 31 de Julho começou e acabou como qualquer outro, exceto pelas cartas de parabéns enviadas pelos seus amigos, alguns presentes e um bolinho com recheio de creme de avelã que estava uma delícia. Sinceramente, a parte que mais animou Olívia foram as cartas, afinal, alguns dias depois que férias começaram, Audrey, Rony e Hermione pareceram simplesmente sumir do mapa, junto com todos os Weasley. Não que eles não escrevessem mais, mas as cartas eram tão curtas que mais pareciam bilhetes com variações de "andamos ocupados", "espero ver você logo", "não podemos falar muito, as cartas podem ser interceptadas, sabe", dentre outras superficialidades.

As cartas de Harry eram expressivas o suficiente para ela ela saber uma coisinha básica: ele estava furioso. Olívia enxergava o porquê, afinal, eles tinham direito de saber o que estava acontecendo. Tinham direito de participar de qualquer decisão que estivesse havendo. Tinham direito de saber onde estava Voldemort e o que estava planejando. Mas acontece que toda a calmaria (lê-se ausência de assassinatos misteriosos, desaparecimentos ou aparições de uma aberração de olhos vermelhos que atende pelo nome de Tom, para os mais íntimos) tinha simplesmente dado a Olívia a oportunidade única de, só por umas semanas, fingir que tudo estava em perfeita harmonia, embora não estivesse. Insistir com Jessie e George era perda de tempo e energia que Olívia decidira deixar para Harry gastar. Uma hora ou outra, eles seriam arrastados para dentro do furacão mesmo. Sério, qual era a pressa?

Harry, irmãozinho querido, razão da minha existência,

Eu vou agradecer profundamente se as primeiras palavras da próxima carta que você me mandar não forem "você tem alguma novidade sobre Voldemort?"

Não, Harry, eu não tenho nenhuma novidade.

Não, Harry, eu não estou mais sequer tentando descobrir as novidades, porque estou realmente esperando a boa vontade da Jessie e do George em contarem para a gente que porcaria é que está acontecendo fora da nossa confortável bolha de tédio e tranquilidade.

Sim, eu estou falando sério.

Sim, se você me mandar uma carta brigando comigo eu vou ignorar.

Não, isso não me traz um pingo de remorso.

Sim, sua chatice tem sido o meu principal problema nessas semanas.

Apesar disso, eu gosto de você, mas não o suficiente para você se gabar, não se iluda.

Feliz Aniversário.

Te vejo em alguns dias. Estou com saudades de você (por alguma razão incompreensível).

Com amor,

Olívia (que está um ano mais velha e sempre será mais velha do que você)

P.S: Sim, é sempre um prazer te lembrar disso e, não, nunca fica repetitivo para mim.

— Atende. — Olívia resmungou sem paciência, ouvindo o toque do telefone chamando.

— Ivie! — Clarice exclamou, tentando colocar as pernas para fora do sofá para descer sozinha. Olívia a pegou no colo antes que ela se estatelasse no chão.

— Alô?

— Finalmente! — Olívia reclamou. — Escuta aqui, eu não te pago para você me deixar dez segundos esperando.

OLÍVIA POTTER [5]Where stories live. Discover now