O Peregrino da Alvorada

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-Como você conseguiu convencê-los?

O último mês se passou rapidamente e, com ele, a liberdade de Amirah estava cada vez mais ameaçada. Ela havia chegado em Nárnia há uma semana e passou a última hora andando perto de Caspian, que corria de um lado para o outro, ajeitando os últimos detalhes antes de partirem. Láyla estava andando com dificuldade, tentando acompanhar o passo dos dois, mas eles eram muito rápidos.

-Ah, você sabe -Amirah começa, falando com o amigo com um pouco de tristeza -Prometendo a minha própria mão para quando eu voltar.

-O quê? -Caspian pergunta, parando seja lá o que estava fazendo para encarar a rainha, que tinha um semblante triste -Por quê?

-Eles estão me pressionando há anos, Caspian, você sabe disso. Meus dias já estavam contados há muito tempo, eu só estava atrasando o máximo que conseguia.

-Você sacrificou a sua felicidade por uma viagem? -ele indaga, incrédulo.

-Não, eles me apresentaram a um jovem nobre e não me deram uma outra opção a não ser ficar noiva dele. O noivado oficial foi há algumas semanas. E ele é uma boa pessoa, aparentemente. Acho que vamos ser amigos, no final -ela explica, dando um suspiro -E não é só uma viagem, Caspian. Isso tudo é importante para você e acredito que para Nárnia, também. Eu tenho que estar aqui.

-Ah, eu sinto muito, Amirah -ele abraça a garota por um tempo, mas solta-a quando a comitiva calormana começa a encarar -Você vai ficar bem. E sempre pode pedir auxílio para Nárnia, sabe disso, não?

-Sei -ela responde, com um sorriso triste -Mas vamos logo. Não estou me aguentando de felicidade.

-Vamos, então -com um sorriso, ele se vira para Trumpkin -Tudo pronto?

-Sim, Majestade -o anão responde, com uma reverência para os dois.

-Cuide bem de Nárnia, Trumpkin.

-Eu vou, Majestade, com todas as minhas forças -ele faz uma última reverência e retira-se.

-Vamos, Caspian. Ripchip deve estar ansioso demais para esperar mais -Amirah diz, apontando para o rato no alto do navio, olhando com expectativa para o mar.

***

Amirah viajou com Láyla e os narnianos por uma semana. Passava a maior parte do tempo na sua solitária companhia na cabine da rainha. Láyla estava dormindo em sua cama havia horas enquanto Amirah passou o dia observando o mar ou escrevendo suas cartas.

Está justamente fazendo isso, até que ouve gritos agitados vindos do convés. Ela rapidamente se vira para a porta e Láyla acorda, já ajeitando o vestido. Elas ouvem passos que indicam que algum marinheiro está vindo vê-las. Amirah levanta-se em um pulo e passa a mão pela saia do vestido, querendo saber o que causou tanta agitação.

-Majestade -uma voz abafada vem detrás da porta. Láyla aproxima-se e, com permissão da imperatriz, abre-a. Um marinheiro faz uma reverência e olha para Amirah -Majestade, eles estão aqui.

A garota não perde tempo e passa correndo pelo homem, sendo seguida por Láyla, que pede para ela esperar. Rapidamente chega no convés, apenas para encontrar uma criança baixa, de aproximadamente 14 anos, cabelos claros e roupas molhadas gritando com todo mundo. Ele fala tão rápido e em um sotaque tão estranho que ela não entende nada, apenas que não está feliz. Esse, querido leitor, é o famoso Eustáquio Clarêncio Mísero, conhecido há pouco.

Aqueles que a veem fazem uma reverência e ela ajusta a saia, com medo de estar amassada. Nisso, Láyla finalmente chega e para ao seu lado, olhando com uma careta para o garoto esquisito.

As Crônicas de Nárnia: A princesa calormana [Em Revisão]Where stories live. Discover now