O adeus

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-Você tem certeza disso? -Edmundo pergunta, vendo Amirah estender a mão para um peão branco, posicionado de forma que poderia causar sua ruína ou vitória.

-Hum -ela começa a analisar o tabuleiro, pensando sobre as possíveis jogadas do oponente e não encontrando nada que a prejudique instantaneamente -Não sei.

-Bom, eu não faria isso -ele responde, recostando-se na cadeira e observando o tabuleiro de xadrez, já cantando vitória -Mas a jogada é sua, então vá em frente.

-Viu? É por isso que eu odeio jogar com você -ela comenta, apoiando a cabeça na mão e olhando para o garoto com uma expressão irritadiça -É muito mais fácil jogar com o Caspian, ele nunca sabe que movimentos eu vou fazer.

-Do jeito que você fala parece que ele é horrível em xadrez, Amirah.

-Ele não é péssimo, eu apenas sou melhor -ela olha para Edmundo com um sorriso convencido. Sua expressão murcha ao ver o tabuleiro -Tá, desisto.

-Xeque-mate -Edmundo sorri e derruba o rei de Amirah, que suspira cansada -Venci -ele começa a fazer uma dança da vitória, mas para quieto ao ver Pedro.

-Chegou a hora, Ed -ele diz, observando os dois com uma expressão triste. O irmão levanta-se e acompanha-os ao pátio na frente do castelo onde Caspian vai morar até que a reconstrução de Cair Paravel esteja finalizada.

Caspian e Amirah reúnem o seu povo para falar sobre a partida. Os telmarinos que desejarem serão mandados para o seu mundo, o lugar de onde migraram até colonizarem as terras e formarem Telmar. Será um bom recomeço para aqueles que quiserem.

Um dos conselheiros de Miraz e a esposa do antigo rei decidem ir, recebendo como recompensa um futuro bom e próspero na terra nova. Com o receio de Aslam os mandar para a morte, muitos decidem que não querem ir.

-Majestade -Ripchip vai à frente, sendo seguido pelos companheiros -Se meu exemplo servir, passarei com onze ratos agora mesmo.

Mas Aslam não está olhando para os doze ratinhos e sim para Susana e Pedro, que assentem com um olhar de dor.

-Nós vamos -diz o Grande Rei.

-Vamos? -Edmundo pergunta, triste que a aventura já está no seu fim.

-Sim. Nosso tempo aqui já acabou -o mais velho responde, olhando o irmão com tristeza -Temos que voltar para casa -ele se vira para Caspian e Amirah -Não somos mais necessários aqui -ele estende a espada para o rei.

-Vou guardá-la até a sua volta -ele diz.

-Não há necessidade -Susana fala, dando um passo em sua direção -Não haverá volta.

-Nós não vamos voltar? -Lúcia reclama, com a voz já meio chorosa.

-Vocês dois vão -Pedro diz, olhando para os dois mais novos.

-Por quê? Eles fizeram algo de errado? -a menina pergunta a Aslam, que balança a cabeça.

-Pelo contrário. Mas Susana e Pedro já aprenderam tudo que podiam neste mundo. Agora é a hora de usarem esse conhecimento.

-Está tudo bem, Lu -Pedro fala, apoiando uma mão no ombro da irmã -Não foi bem assim que eu pensei que seria... mas quando chegar a sua vez você vai entender -e, pegando a sua mão, chega perto dos narnianos mais próximos para a despedida.

Lúcia abraça Trumpkin logo depois de uma reverência, já com saudade do anão que fora tão gentil com ela. Pedro despede-se de Ciclope e Edmundo vai direto para Amirah, que está ao lado de Ripchip.

-Isso não é um adeus, Edmundo -ela diz, segurando a saia do vestido e trocando uma reverência com o antigo rei de Nárnia.

-Definitivamente não, Majestade -ele responde, dando-lhe um abraço forte. Eles passam alguns instantes abraçados e se soltam, trocando um sorriso.

Susana conversa com Caspian e é observada por todos, o povo já até comentando. Ela começa a andar em direção aos irmãos, mas vira-se e beija o rei, abraçando-o logo em seguida.

-Tenho certeza que vou entender quando for mais velha -Lúcia comenta em voz baixa para os irmãos.

-Eu sou mais velho e não acho que eu quero entender -Edmundo diz, mas Pedro levanta a sobrancelha, olhando na direção de Amirah, que dá um sorriso triste ao garoto. Afinal, ele poderia voltar dali a séculos e eles nunca mais se veriam. Lúcia dá uma risadinha, mas fica quieta quando Susana chega perto deles.

Absorvendo o máximo que podem antes de ir embora, os quatro olham para a tão amada Nárnia, tentando guardar na memória tudo aquilo. Com um último sorriso, Edmundo vai para perto da árvore que vai levá-los para casa e vai embora, sendo seguido pelos dois mais velhos. Lúcia faz menção de seguir, mas para e olha Aslam. O Leão lança um olhar de consolo para ela, o que encoraja a menina a seguir os irmãos.

Logo, eles se veem na estação em que foram levados para Nárnia pela segunda, e para Susana e Pedro, e última vez. Os quatro ficam parados, olhando nostalgicamente para o nada, até o trem chegar e o menino que tentara flertar com Susana em uma banca falar:

-Você não vem, Phyllis?

Os Pevensie ficam parados entreolhando-se por alguns instantes, mas logo pegam as suas coisas e vão para o trem. O silêncio é quebrado por Edmundo, que pergunta:

-Vocês sabem se tem como voltar? -os três ficam olhando confusos para ele -Eu deixei a minha lanterna nova em Nárnia -eles começam a rir e descobrem que vai ficar tudo bem, mesmo que a volta para a terra mágica que Lúcia descobriu atrás do guarda-roupa não esteja tão próxima. Eles estariam juntos e Nárnia segura, sendo cuidada por monarcas incríveis. Tudo ficaria bem.

As Crônicas de Nárnia: A princesa calormana [Em Revisão]Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt