CAPÍTULO XV : RETORNANDO AO SALÃO

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Cidade dos lobos.


— Eu já imaginava que você iria aparecer por aqui. — disse Narcisse, após tomar sua sétima taça de vinho. — Perdeu o sono?

Harmys fechou a porta de uma maneira silenciosa. Ele estava vestindo um roupão de veludo prateado com pequenos fios douradas em torno do colarinho.

— Não tem como dormir com a consciência tranquila depois daquela reunião...

Narcisse deu um leve sorriso e ergueu a sua taça.

— Só você que não tem a consciência tranquila... Todos os outros estão dormindo tranquilamente... — afirmou ele, levantando-se de seu assento.

Narcisse estava embriagado. Ele tropeçava algumas vezes enquanto caminhava em direção a mesa.

— ... aliás, você está fazendo tempestade no copo d'água... nossa reunião foi espetacular... — disse ele, enchendo mais uma taça de vinho.

— Espetacular? Como pode dizer isso Narcisse, acha mesmo que o rei vai aceitar a sua proposta de escravizar os vampiros?

Narcisse deu uma risada amarga e fria. Novamente voltou a tomar o seu vinho.

— E por que não aceitaria? Aquelas criaturas insuportáveis já não têm mais os seus poderes. Você vai fazer de tudo para que isso aconteça, meu caro Harmys.... não se esqueça que me deve muitos favores.

— O fato de estar ao lado do rei aconselhando, não faz você pensar que pode mandar em mim desta maneira.

Narcisse andou em passos largos em direção a Harmys. Ele o empurrou contra a parede e segurou fortemente no seu roupão.

— Seu porco imundo! Se hoje você está ao lado do rei é graças as minhas intervenções...você não é nada, Lorde Harmys! — gritou ele enquanto cuspia. — Se eu não tivesse chantageado o rei, você jamais estaria neste cargo. Agradeça as minhas lábias que conseguiram convencer aquele bastardo a te deixar assumir o maior cargo da coroa.

Narcisse o soltou e voltou novamente para a mesa. Ele encarava Lorde Harmys de uma maneira agressiva. Parecia um cão raivoso prestes a morder a sua vítima.

— Você está a cada dia piorando o seu modo de pensar... garanto que essa ideia não veio da sua cabeça.

Narcisse franziu as sobrancelhas e respirou profundamente.

— Hum..., vejo que me conhece muito bem! Não posso negar de que os irmãos Grimm me ajudaram a pensar sobre os benefícios que iriamos ganhar...

— Eu sabia! — sussurrou Harmys.

— ..., mas fui eu que aprovei esta ideia e propus fielmente para os outros lordes. — concluiu Narcisse.

Harmys caminhou lentamente em direção a Narcisse que já estava sentado em uma cadeira de veludo, apreciando o seu vinho.

— Pensei que você seria mais gentil comigo..., mas depois daquela reunião, já não sei o que pensar...

— Gentil? — perguntou Narcisse franzindo a sua testa. — Você está aqui como um representante do rei e não como membro da minha família.

— Talvez seja assim que você me enxerga, não é mesmo? Apenas um de seus capachos a satisfazer as suas vontades perversas.

Narcisse deixou sua taça sobre a mesa. Ele se levantou e caminhou lentamente em direção a Harmys.

— Você sabe que não é assim! Sempre te protegi dos perigos que rondavam aquele castelo. — disse ele, tocando levemente nos cabelos de Harmys. — Até exigi que você viesse para a Cidade dos Lobos para negociar os assuntos da coroa.

Harmys deu um leve sorriso.

— Mas mesmo assim nos distanciamos depois que você voltou a morar aqui...

— Eu não tive escolha! — interrompeu Narcisse, colocando levemente os seus dedos nos lábios de Harmys. — Arthur ordenou que eu voltasse a morar aqui, para cuidar dos seus negócios..., mas eu nunca me esqueci de você, tanto que te coloquei neste cargo.

— Eu sei! — afirmou Harmys, friamente. — Lorde Perez sempre quis estar no meu lugar. Ele era o preferido do conselho a ocupar este cargo.

— Mas eu consegui convencer o rei e alguns membros do conselho a darem a você esta responsabilidade.

Harmys deu sorriso e franziu as sobrancelhas.

— Você comprou a maioria dos membros, dando a eles dinheiro e joias.

Narcisse tocou levemente na face Harmys.

— E mesmo assim acredita que me afastei de você? Acha mesmo que eu o vejo como capacho dos meus caprichos?

A respiração de Harmys começara a ficar ofegante, principalmente após sentir as mãos de Narcisse deslizar sobre o seu corpo.

— Me diga, pensa mesmo isso de mim? — perguntou ele novamente.

— Não! — afirmou Harmys.

— Que bom! Não vamos deixar que as questões da coroa estraguem os nossos interesses.

As mãos de Narcisse enterraram-se nos emaranhados cabelos dourados de Harmys, fazendo com que seus lábios cruzassem com os dele. Pouco a pouco, começou a despi-lo.

Ele novamente começou a tocá-lo. A princípio ligeiramente, depois com mais força. Harmys sentia os lábios de Narcisse escorregar em direção dos seus ombros. Ele fechou os olhos enquanto escutava a sua respiração sair rapidamente de suas narinas.

Narcisse voltou a beijá-lo e fez com que ele se deitasse nos tapetes de algodão. Suas mãos correram-lhe suavemente até o lombar. Ele começou a massagear os seus ombros e voltou a beija-los. Harmys estava corado e sem fôlego, com o coração a palpitar no peito.

Após algumas horas, eles adormeceram ao lado da lareia. A sala estava fria e gelada. Ambos não conseguiam sentir a temperatura devido ao calor de seus corpos. 


Todos os domingos terá capítulos inéditos deste livro...

Espero por vocês!!

R.S.Ferreira

O Senhor das Águias e os Prisioneiros de NyënWhere stories live. Discover now