CAPÍTULO IV : A CIDADE DOS LOBOS

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                                                Cidade dos Lobos (Cem milhas de Zatüron).



A carruagem real seguia em viagem para a cidade dos lobos conforme as ordens do rei. Lorde Harmys degustava uvas frescas enquanto observava da janela de sua carruagem, as grandes árvores que cercavam a cidadela. Elas pertenciam a casa Leineckers que administrava conforme as ordens de seu antigo rei. Pedro não interviu nas ordens de Arthur, já que os Leineckers governavam aquelas terras com o apoio de alguns nobres poderosos.

Lorde Harmys atravessou os estábulos que estavam ao lado do castelo Floriano. Ele desceu de sua carruagem e avistou diversos estandartes pregados na parede. O pano era todo aveludado, com o desenho de um lobo preso por uma espada que atravessava o rabo. Suas cores eram vivas. O pano era inteiro marsala com um verde esmeralda que retocava a pele do lobo.

Os estandartes se movimentavam com a força dos ventos. O céu estava nublado. Parecia que uma forte tempestade estava se aproximando.

Um homem de cabelos negros aproximou-se de Lorde Harmys. Ele aparentava ter uns trinta e quatro anos de idade e usava uma longa túnica negra que arrastava no chão. Suas mangas e seu colarinho eram todo detalhados em listras vermelhas. Um broche de ouro estava pregado sobre o seu peito. Ele era redondo e dentro dele havia uma pequena imagem de uma labareda que estava fixada sobre as bordas.

— Lorde Harmys, há quanto tempo não o vejo!

— Estou aqui para falar com Lorde Narcisse. — disse ele friamente.

— Vejo que está aqui em nome da coroa! Infelizmente...não posso acreditar que sua majestade não teve a coragem de vir aqui para conversar com Narcisse pessoalmente. — disse o rapaz com um tom de ironia.

— Esse tipo de assunto não cabe a você, Sr. Richard Grimm. — disse Lorde Harmys, dando um leve sorriso sarcástico. — Deixe que a coroa decida quem irá conversar com Lorde Narcisse.

— Claro! Sou apenas um mero sacerdote a serviço dos Deuses. Não cabe a mim, muito menos aos meus irmãos, decidir a vontade do nosso rei. — disse ele, curvando-se levemente.

Lorde Harmys entrou no castelo todo feito de pedras rochosas. O ar estava pesado com o odor dos incensos. Diversas tochas iluminavam o estreito caminho. Ao chegar no salão principal, percebeu que havia diversos quadros pendurados em suas paredes e alguns estandartes que se movimentavam levemente com a ajuda da brisa que vinham das janelas.

Uma enorme mesa com cadeiras refinadas estava próxima a lareira que brilhava devido as labaredas que estralavam repentinamente sobre a madeira ressequida. O chão estava adornado de tapetes Caënses com o símbolo da flor-de-lis desenhado em suas bordas.

— Aguarde um instante, vou chamar Lorde Narcisse. — disse um dos guardas que acompanhara até o salão.

Após alguns minutos de espera, uma mulher refinada apareceu em sua frente, arrastando o seu longo vestido vermelho com bordas brancas pregadas em suas pontas. Ela usava um colar de rubi como adorno. Seus cabelos negros estavam presos com pequenas faixas de ouro maciço.

— Lady Úrsula! — exclamou enquanto beijava levemente a sua mão.

— Veio falar com o meu marido, Lorde Harmys? — perguntou ela enquanto franzia as sobrancelhas.

— Estou aqui em nome do rei que governa sobre o trono da justiça...

— ... infelizmente o meu marido não se encontra! — disse Úrsula, antes mesmo que Lorde Harmys terminasse o discurso. — Ele saiu para caçar com Harry, nosso filho mais velho.

— Então cheguei em uma hora inapropriada! Sabe quando ele regressará?

— Hoje mesmo ele estará jantando conosco. — disse ela. — Meu marido gosta de caçar alces pela floresta e trazer sua carne para o jantar. Típico de um Leineckers querer imitar o símbolo de sua casa.

Lorde Harmys frangiu suas sobrancelhas arqueadas.

— Então esperarei para o banquete. Adoro comer carne de alces. — disse ele enquanto servia vinho em sua taça.

— Já pedi para os meus criados levarem a sua bagagem para os seus aposentos. — retrucou Úrsula enquanto segurava no encosto da cadeira. — Agora... com sua licença... tenho que cuidar de Charles, o meu filho mais novo.

— Algo de errado com ele? — perguntou Lorde Harmys, enquanto bebia o vinho.

— Nada demais! Apenas está um pouco febril. — disse Úrsula, esfregando as suas mão. — Com licença, fique à vontade.

Úrsula deu as costas para Harmys e caminhou em direção ao quarto do filho. 


Todos os domingos terá capítulos inéditos deste livro...

Espero por vocês!!

R.S.Ferreira

O Senhor das Águias e os Prisioneiros de NyënWhere stories live. Discover now