CAPÍTULO XIII: DESCENDO ATÉ A MASMORRA

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Cidade dos lobos.


Richard arrastava a sua longa capa negra pelos corredores do castelo. Seus passos eram largos e silentes. Akeelah acompanhava o seu dono e olhava para o fogo que ardia nas tochas que estavam pregadas na parede.

Ao se aproximar do final do corredor, Richard abriu uma velha porta de madeira. O ranger das dobradiças fizeram com que Akeelah se assustasse. Ambos avistaram uma escada de pedras rochosas que descia em direção a masmorra.

Ao descer os degraus estreitos, Richard segurava consigo uma tocha negra feita de aço. Ele havia retirado da parede antes mesmo de continuar o seu caminho. Akeelah andava atrás de seu dono, cheirando cada canto após lamber o seu focinho. Enquanto eles desciam, podia-se ouvir os gritos que ressoavam no interior do castelo. O chicote estralava de uma maneira brusca. Parecia que alguém estava sendo torturado ou sendo punido pelos seus crimes.

Ao terminar de descer as escadas, Richard continuou sua caminhada em direção as celas. De repente, um pequeno sussurro fez com que ele se virasse rapidamente. Akeelah olhou para trás e correu em direção a escuridão. Ela havia desaparecido completamente.

Richard pegou a sua tocha e iluminou em direção de Akeelah. Ela estava lambendo as mãos de Edmundo que caminhava lentamente ao encontro de seu irmão.

— Andando de madrugada nas masmorras, meu irmão? — perguntou ele, franzindo as sobrancelhas. — Deveria sentir um pouco de compaixão com sua vida. É perigoso andar por aqui a estas horas, algum criminoso poderia estar solto e aparecer de surpresa.

Richard deu um leve sorriso.

— Não tenho medo da escuridão, muito menos de criminosos perdidos pela noite. Sei muito bem que aqui é muito mais seguro do que com os lordes lá em cima.

— A propósito, como foi a reunião com a cabeça do rei? — perguntou Edmundo coçando uma das orelhas de Akeelah.

— Foi a mesma coisa de sempre! — afirmou Richard. — Lorde Harmys é um cagão, só sabe obedecer às ordens daquele bastardo real. Mas ele terá que convencer o rei a respeitar as condições de Narcisse.

— Condições de Narcisse? Ora, por favor meu irmão, sabemos muito bem quem foi o autor destas ideias.

Richard franziu as sobrancelhas.

— Posso ter influenciado Narcisse, mas foi ele que escolheu em aceitar os meus conselhos. Logo iremos ver todos os vampiros serem escravizados, inclusive a família deles.

Edmundo deu um sorriso desdenhoso. Ele tocou levemente em seus cabelos e voltou a olhar para a loba. Akeelah estava sentada, agitando a sua cauda de maneira prazerosa.

— E você, meu irmão? O que faz aqui nas masmorras? — perguntou Richard, com um olhar longo e gelado.

— Eu estava averiguando os prisioneiros, principalmente o senhor Martinho, que será executado logo pela manhã.

— Senhor Martinho... é aquele camponês que você encontrou na floresta?

Edmundo congelou o seu olhar. Seu rosto mudou de aparência e sua respiração acelerava a cada instante.

— Ele mesmo! Encontrei aquele tolo orando por Ilumar no meio da floresta. Ele estava de joelhos, olhando para o céu..., mas amanhã mesmo sua sentença será cumprida. Mandei chamar a sua esposa e seus filhos para assistirem à execução.

Richard estendeu a sua mão, como se estivesse interrompendo a fala de seu irmão.

— Faça isso depois que lorde Harmys partir. Não queremos encrenca com um rei que é completamente aguiano.

O Senhor das Águias e os Prisioneiros de NyënWhere stories live. Discover now