A gente só se encontra para impedir o apocalipse.

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- Ai, ai, ai.- Choramingou, vendo a impaciência crescer no rosto do mais velho. - Apenas uma vez, Mavis, uma única vez, você não pode ficar quieta?

- Isso dói!

- Não seja tão fresca!- Replicou, ainda concentrado em limpar os ferimentos no rosto da loira, que não parava de o contrair por conta da dor. - Não... não deveria ter deixado Diego lá.

- Ele vai ficar bem.- Disse desdenhoso. - Como você é insensível...- Ignorou por completo a provocação. - Está bem, você não vai precisar de pontos.- Um filme da luta de May e Axel passou na cabeça de Cinco. - Você lutou bem.- Sibilou pensativo. Mavis se alertou, fazendo logo uma careta. - Vai me mandar sair do seu caminho também? Só porquê eu sei lutar? Sabe o quanto aquilo foi estúpido, não sabe?- Disparou tirando as mãos do mais velho de seu rosto.

- Não vou discutir isso com você.

- Ah, claro... você fala isso quando eu tenho razão.

- Está sendo infantil.- Declarou, levantando e se afastando da de olhos mel. - Ela pode não ter para onde ir.

- Isso soa como um problema dela.- Negou com a cabeça, exausta para discussões. - Certo, eu vou tomar um banho.- O garoto deu de ombros, querendo mesmo acabar com aquela conversa passiva-agressiva.

Luther e Eliott estavam apagados nas poltronas, os adolescentes já haviam os encontrados assim. Concluíram que os homens estavam drogados e não valia o custo saber mais. Entrou no banheiro já com uma muda de roupas, e se demorou bastante lá. Querendo que a água levasse todos os seus problemas e contradições.

Fechar os olhos foi o bastante para lembrar do episódio da dança, o que ela estava pensando? Não era como Lila, não ia se envolver com o alvo. Mas por outro lado havia sido um concelho direto de Handler.

Aqueles olhos verdes eram capazes de tirar qualquer raciocínio lógico da loira, e ela já havia percebido isso. Algo nele a enchia de fascínio, a atraindo e seduzindo com aquele jeito arrogante.

Mas também ia além, ela estava encantada pelo que Cinco fez pela família, pelo que ele podia fazer. Uma amargura quase cruel rasgou o seu peito. Sabia que levava o nome Hargreeves, mas era imunda o suficiente para não honra-lo.

Apoiou a cabeça na parede, deixando que a água que escorria no chuveiro a molhasse e de alguma forma, buscou ser absorvida de seus pecados. Ela era uma peça da Comissão, estava em terreno inimigo e não podia deixar os delírios adolescentes lhe subirem a cabeça.

Não era, e nunca seria, parte da Umbrella Academy.

E isso doeu mais que tudo em seu ser.

Um misto de agonia e ansiedade a possuiu, de forma que quando ouviu Diego voltando, se enxugou o mais depressa possível e se vestiu com rapidez. Saiu do banheiro e foi de encontro com o latino que parecia perdido em pensamentos. - Pai...- O chamou como chamara outras vezes.

Aquele era um pedido de socorro, ela não era nada mais que uma jovem garota suplicando por colo. Era engraçado como a sensação pareceu familiar, sendo que nunca necessitou daqueles atos de afeição – ou era o que pensava –.

Os olhos castanhos a encararam com confusão e preocupação. Mavis sentiu que podia estar nas mais profundas águas, Diego pularia e a salvaria. Não seria como as outras vezes em que ela se via gritando pelo seu nome e não ganhava resposta.

Quando deu por si, estava jogada nos braços do latino, o rosto enterrado em seu peito. Mordeu os lábios com força, querendo não soluçar de choro. Mas tudo foi por água à baixo quando o sentiu afagar seus cabelos.

Under My Umbrella - 1963(REESCREVENDO)Where stories live. Discover now