Capítulo Três

Começar do início
                                    

A enorme árvore de Natal no canto da sala, faz uma coisa estranha vibrar em meu peito. Não temos o costume de comemorar o Natal. Nunca me importei muito com essa data e H tampouco. Mas Sofia se importa e nos fez escolher essa coisa gigante e ainda por cima decorar. A bonitinha e minha avó se uniram para dominar o mundo. Rio levianamente. Certo, apenas os pobres homens Maxwell. Olhando em volta, vejo que meu irmão e sua jovem esposa ainda não desceram. Tenho percebido uma leveza em H nunca vista antes. Somos dois solitários, cada um à sua maneira. Ele é mais duro, frio. Eu uso meu sorriso exatamente para manter as pessoas afastadas. Eu sei que é fodido demais para alguém entender. Então, não tentem. Prometi naquele carro, que se eu conseguisse sair vivo, jamais confiaria em ninguém outra vez, especialmente no sexo feminino. Apenas minha avó e meu irmão têm o meu amor e confiança incondicionais. Sofia é uma forte concorrente a ganhar um espaço em meu coração também. Gostei da garota desde que H cometeu a sandice de se casar com ela para saldar uma dívida.

No entanto, meu irmão e a bonitinha parecem estar se entendendo bem agora. Não há mais aquela tensão vibrando entre eles. Meu irmão está até sorrindo, coisa que não me lembro de vê-lo fazendo. Eu deixo minha avó na sala, namorando a árvore de Natal e ando pelo corredor até a cozinha, para cumprimentar Rosa, a governanta da casa. Ela é muito gentil comigo, inclusive cozinha meus pratos preferidos sempre que visito meu irmão. Quando volto alguns minutos depois, Sofia está conversando com vovó e Luciana no sofá e H está perto do bar, tomando uma bebida com Alberto, seu amigo de infância. Bem, nosso amigo, porém, sua relação é mais próxima com H. Ele está namorando a secretária de meu irmão. Me aproximo deles, aproveitando para zoar meu irmão mais velho.

— Fizemos um belo trabalho, hein, H? — Empurro seu ombro com o meu, indicando a árvore à nossa esquerda. Ele meio que grunhe antes de responder:

— Sim, nós fizemos, mano — concorda. — Como foi voltar às suas preciosas rotas intercontinentais? — pergunta e faço careta. Estou me sentindo estranho pra caralho. Tudo foi resolvido com a louca que queria ferrar a companhia e ela retirou a acusação. Em outras palavras: pagamos uma quantia para a garota ficar de bico calado. A vadia, deu, gozou e ainda vem me processar? É o fim do mundo, porra! Enfim, retomei minhas rotas de elite, era para eu estar muito satisfeito. Mas não estou. Me pego constantemente pensando em Pietra. Em nossos voos simples para o interior. Patético pra caralho, eu sei. — O que há, T? Pensei que estaria soltando rojões por seu castigo ter acabado. — Meu irmão enruga a testa, percebendo minha reação.

— Estou animado por voltar ao meu lugar, mano, claro — digo e decido abrir o jogo com meu irmão, não segurando um sorriso lascivo: — É que deixei algo inacabado em Tocantins, se é que me entende... — Mexo as sobrancelhas sugestivamente. — Sei que você me proibiu de ir para as comissárias de bordo. Mas nada me foi dito sobre pilotos...

— Tristan, cara, você está indo para os pilotos agora? Não sabia que tinha mudado de time... — Alberto decide dar uma de engraçadinho.

Bufo, encarando o advogado metido a esperto.

— Rá, rá, rá. Desista de tentar fazer piadas, Albie. — Uso o apelido que detesta para irritá-lo. Rio satisfeito e adiciono indolente: — Você não tem o menor talento para isso, cara.

— Um rabo de saia — H comenta, o tom reprovador. — Deve ser especial para ainda estar se lembrando dela, mano — ironiza meu comportamento livre.

Rolo os olhos, mas acabo rindo porque ele tem razão.

— Eu não peguei essa, mano. Aí reside o problema — admito, frustrado. — As mulheres não resistem a mim, nunca. — H e Alberto bufam com a minha presunção. — Mas essa me escapou nas muitas tentativas que fiz. É tão irritante, dona de si. Quero bater em sua bunda e, em seguida, transar com ela até que não tenha forças para me afrontar mais — ranjo e meu irmão idiota ri, claramente gostando de me ver às voltas com uma garota.

A PROPOSTA - TRISTAN - Série Turbulência (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora