Capítulo 11 - Foste Apanhada

583 82 35
                                    

Do outro lado da cidade...

Encontrava-se fechada no seu pequeno apartamento desde que o Sol desapareceu.

O nome dela era Naomi. Uma mulher bonita de vinte anos. Tinha pele negra e tinha ido para a faculdade há cerca de dois anos.

Tinha mudado de cidade desde então, deixando a sua família para trás.

Falava com a sua mãe todos os dias ao telefone para saber como estava a sua família.

Porém neste dia, o Sol não havia nascido e, como Naomi não via ninguém na rua, decidiu ligar à sua mãe para confirmar se ela estaria bem.

Mas, pela primeira vez, a sua mãe não tinha atendido o seu telefonema.

Depois de ter tentado mais de vinte vezes, sem sucesso, Naomi finalmente desistiu. Alguma coisa tinha acontecido aos seus pais.

Tentou usar o seu computador, mas não ligava de maneira nenhuma.

Tal como os outros sobreviventes, a única coisa que ligava era a televisão, mas apenas apresentava estática e um aviso de sem sinal.

Andando no escuro, Naomi estendia as mãos à sua frente para não bater nas paredes e para tentar compreender em que parte da casa estava.

Porém, uma luz forte vinda do exterior iluminou a casa.

A jovem adiantou-se até à varanda para ver qual era a fonte de tamanha luz.

Viu, no fundo da rua, uma luz vermelha e um homem no meio da estrada a olhar fixamente para a mesma.

O homem ia avançando lentamente para a luz, até que houve um grande explosão, que obrigou Naomi a fechar os olhos com toda a sua força.

Quando abriu, o que apenas restava, era um ligeiro fumo que saía do piso onde o homem estava a pisar, antes de subitamente desaparecer.

Muitas perguntas se formavam na cabeça da jovem mulher naquele momento.

Porém antes de poder parar para pensar nisso, ela sentiu um enorme ardor nos olhos.

Naomi lembrou-se da garrafa de água que tinha deixado na mesa da sala. Correu tentando manter os olhos abertos, apesar de aguados, e agarrou a garrafa, espremendo a água para os seus olhos.

O ardor acalmou, no entanto continuou.

Naomi coçou os olhos desesperada e após chorar com tanto ardor acabou por passar.

No entanto, apesar de não se notar muito, Naomi reparou que estava a ver pior.

Aquela luz era tão agressiva e de certa forma, paranormal, que de um momento para o outro uma pessoa passava a ver pior.

Naomi tentava recuperar daquela cena quando ouviu passos na rua e a porta de entrada do seu prédio a abrir e a fechar.

Naomi foi à varanda de novo, porém não conseguiu ver nenhum movimento, por mais pequeno que fosse.

Isso significava que aquela pessoa tinha entrado no prédio.

Poucos minutos depois, ouviu passos no corredor. Naomi foi à cozinha rapidamente e tirou de lá uma faca.

Os passos pararam do lado de fora da porta. Mas uns longos segundos de ansiedade depois, ouviu-se uma batida não muito forte na porta.

Naomi ficou num canto à espera que, aquela pessoa, criatura ou qualquer outra coisa fosse embora.

Mas não ia... Ficou do lado de fora por muito tempo apenas a bater na porta.

Quando ganhou coragem, a jovem ergueu a faca e dirigiu-se à porta.

Pegou na chave e rodou, destravando a porta. Logo após, rodou a maçaneta devagar e olhou lá para fora.

Apanhou um susto e caiu para trás quando ouviu uma voz:

— Naomi, finalmente! - exclamou a pessoa que estava do outro lado.

Naomi levantou-se rapidamente reconhecendo a voz.

— Kevin! Que susto! Porque não falaste nada? - perguntou a jovem abrindo completamente a porta para o seu vizinho.

— Oh... Foi por isso que demoraste tanto? Pensei que me tinhas visto da varanda a vir para cá. - respondeu ele.

— Entra - disse Naomi.

Kevin entrou e fechou a porta de seguida.

— Já ligaste à tua mãe? - perguntou Kevin.

— Sim, não atendeu. - respondeu Naomi com uma cara triste.

— Ela também? - perguntou Kevin - As pessoas andam a desaparecer e outras a ser apanhadas aos poucos.

— O que queres dizer? - perguntou Naomi.

— A minha família toda desapareceu e a minha irmã apanhada. - respondeu ele.

— Apanhada? O que queres dizer? - perguntou Naomi.

— Sem ofensa, mas não quero falar disso agora. - respondeu ele.

— Eu compreendo. - disse Naomi - Isto tudo deu-me sede. Vou só beber água.

Naomi moveu-se para a cozinha, enquanto Kevin se sentou no sofá.

Pegou num copo, ligou a torneira e encheu o copo, não reparando na coloração que a água apresentava.

Kevin foi a correr até à cozinha.

— Eu ouvi uma torneira? - ele perguntou preocupado.

Naomi virou-se bebendo a água que tinha colocado no copo.

— Sim, eu disse que ia beber água. - respondeu.

— Tu não reparaste na cor da água? Eu sei que está escuro mas dá para reparar que está diferente. - respondeu Kevin.

Naomi olhou com atenção e viu que a água estava negra.

Kevin tirou uma pistola do bolso e apontou a Naomi.

— Tu foste apanhada também. - disse ele com uma lágrima no canto do olho.

O Dia em que o Sol não voltou [CONCLUÍDO] Where stories live. Discover now