Capítulo 7 - O Encontro

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Kate a narrar...

Depois daqueles acontecimentos, eu e a Jessie decidimos que íamos sair daquela casa.

Não nos parecia segura, não só por haver um cadáver, mas também por ele ter desaparecido mesmo à nossa frente.

Havia uma mochila no quarto da criança. Pegamos nela e enfiamos os recursos que nos pareciam úteis lá dentro.

Quem vai ter de levar a mochila sou eu.

Saímos da casa e fomos saltando a cerca da vizinhança. Até que começamos a ouvir barulho de uma estrutura a cair... A umas ruas de distância.

Seguimos o som e acabamos por ver uma luz ao fundo. Para nós era uma luz forte, pois não víamos luz há um bom tempo.

Ao nos aproximar-mos mais vimos que alguma coisa grande estava em chamas. Era uma casa... Estava uma casa a arder.

Avançamos naquela direção, para vermos ainda mais de perto.

Ficamos exatamente na entrada da casa da frente, aquela casa em chamas.

Na frente da casa tinha uma bandeira com um Sol desenhado em ambos os lados.

Ambas nos assustamos ao ver aquilo. O que aquilo poderia significar?

Ficamos meio paralisadas, mas mexemo-nos logo quando sentimos alguém a tocar-nos no ombro.

Viramo-nos com medo de ser alguma criatura estranha, mas era um homem com um cabelo castanho meio longo.

- Não fiquem cá fora. - disse ele - Venham...

Dito isto ele dirigiu-nos até à casa onde ele estava.

Ele tinha cara de estar nos seus vinte anos. O seu cabelo deixava-o com um ar selvagem, que até se podia chamar de atraente...

Trancou a porta, após todos entrarmos.

- O que vos deu para andarem sozinhas lá fora? - perguntou ele.

Eu fui a primeira a falar.

- Estava um cadáver na primeira casa onde entrámos... Não nos sentimos muito confortáveis lá. - respondi.

Ele suspirou.

- Depois das coisas que eu vi hoje, a minha vontade de sair lá para fora é nula. - ele disse - Não viram nada de estranho?

Eu e a Jessie olhamos uma para outra.

- Bem... Aquele cadáver que te falamos... - começou a Jessie.

- Não nos chames de loucas ao ouvir isto, por favor. - interrompi.

Ele olhou para mim e riu.

- Eu próprio vos ia pedir isso quando fosse contar o que me aconteceu. - respondeu ele.

Eu sorri ao ouvir aquilo. A Jessie também se deve ter sentido mais à vontade, pois sorriu de volta também.

- Continuando... - disse a Jessie - O cadáver desapareceu, depois de um clarão de luz.

Ele coçou a cabeça.

- Eu sei que disse que ia acreditar, mas isso é meio inacreditável. Porém, depois do que eu vi, já não acho nada impossível. - ele respondeu.

- O que é que te aconteceu? - perguntou a Jessie.

- Eu estava sem rede, mas recebi uma mensagem de um amigo de infância meu. Eu respondi, mas achei aquilo tudo muito estranho e acabei por vir para esta casa. Depois ouvi um assobio e vi uma criança vestida de preto a queimar a minha casa, enquanto rezava. - ele disse - Tantas perguntas que eu tenho. Eu só tenho a certeza que este sítio, agora, está cheio de malucos.

- Nós ainda não vimos ninguém, além de ti. - disse.

- Sorte a vossa. - ele respondeu virando as costas e sentando-se no sofá.

Pegou no comando da televisão e ligou-a. Começou a dar estática.

- A televisão é a única coisa eletrónica que se liga. De resto, nem luzes, nem micro-ondas, nem torradeira, nada se liga. - ele disse.

- Isso poderá significar alguma coisa? - perguntou a Jessie.

- Não sei. Mas parece improvável, não tem canais, apenas esta estática interminável. - ele respondeu.

Eu andei até ao sofá e sentei-me ao lado dele.

- Como te chamas? - perguntei.

- Tommy - ele respondeu - E vocês?

- Eu sou a Kate e ela é a Jessie - respondi apontando para a Jessie.

- Onde vocês estavam quando isto aconteceu? - ele perguntou.

- Isto? - disse a Jessie.

- Caso não tenham reparado, o Sol desapareceu. - ele riu.

- Bem, nós estávamos na rua. - respondi.

Ele virou a cabeça para mim.

- Na rua? - ele perguntou.

- Sim. Nós tínhamos ido a uma festa e devemos ter bebido demasiado. Fomos também com uma amiga, mas ela não estava connosco. Deve ter ficado na festa. - eu disse.

- Ou isso, ou desapareceu. - respondeu o Tommy.

A Jessie colocou uma cara séria.

- O que queres dizer com isso? - ela perguntou.

- A razão pela qual vocês ainda não viram ninguém. Pelo que vejo, a maioria das pessoas desapareceu.

O Dia em que o Sol não voltou [CONCLUÍDO] Where stories live. Discover now