Chapter 18

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O resto dos dias naquele hospital foram deprimentes, Jimin não conseguia encontrar Jungkook em lugar algum, sempre que via alguma das enfermeiras perguntava sobre o encaracolado, ele sabia o quão persistente estava sendo e por mais que aquilo fosse incômodo para as mulheres, Jimin não desistiu até conseguir o número de telefone de Jungkook e anotá-lo em um pequeno pedaço de papel. Agora tudo que sobrava era a coragem para mandar uma mensagem ao rapaz que havia salvado sua vida.

As coisas com Seulgi estavam estranhas e por mais que a garota quisesse reatar o antigo noivado, Jimin não estava disposto a tentar um novo estágio de sua vida ao lado dela. Então quando Seulgi chegou cedo naquele dia, Tomlinson estava disposto a realmente dizer o que sentia sobre essa situação.

— Bom dia, Chimmy. – Seulgi entrou, seu cabelo estava amarrado num rabo de cavalo frouxo e um casaco pendia em sua mão direita, o sorriso que um dia Jimin tanto amou agora não tinha efeito algum em sua vida.

— Oi, Seulgi. – Jimin disse ao se ajeitar na cama, sabia que havia demorado para tomar alguma atitude sobre aquilo tudo que vinha acontecendo com ele e Seulgi mas agora se sentia pronto. – Precisamos conversar. – Seulgi assentiu e Jimin prosseguiu, pela primeira vez em sua existência se sentia confiante em tomar a decisão certa. – Nós não podemos voltar. – Seulgi olhou em choque, Jimin viu o desconforto da garota assim que ela trocou o peso da perna, ainda encarando o rapaz. – Sabe, quando eu estive naquela ilha eu pude rever toda a minha vida, vi que não tinha obrigações a ninguém e que eu não estava preso a nada. Jungkook me ensinou tanto, ele me mostrou muitas coisas, um mundo novo. – Jimin sorriu, sabia o quão ingrato e injusto tinha sido com Jungkook em sua antiga conversa, tudo que queria agora era terminar aquilo ter uma conversa com Jeon.

— Eu entendo... Mas o que isso tem a ver com a gente?

— Que agora eu sinto que suas migalhas não são mais suficientes, que eu preciso de um amor que seja completo. E eu encontrei isso.

— O que você quer dizer com isso? – Seulgi o olhou com confusão.

— Que nós não podemos continuar com isso, no fim de tudo, terminar comigo fez muito bem para a minha vida. – Jimin sorriu, não sentia nenhum tipo de ódio ou rancor por Seulgi, porque de alguma forma, o término foi um modo de ser livre da mesmice que seu pai queria que se tornasse, e agora tudo que ele almejava era seguir seus sonhos. – Eu agradeço por ter feito isso, e agradeço por ter vindo aqui me visitar.

Seulgi olhou ao redor antes fitar Jimin uma última vez e deixar um sorriso pequeno tomar seus lábios.

— Eu realmente queria que a gente desse certo, Jimin. – Um olhar melancólico tomou conta do rosto fino de Seulgi, após isso ela se retirou do quarto. Não tinha o que dizer naquela situação e nem como reagir, assim como da primeira vez, só podiam seguir suas vidas.

O tempo passou e Jimin havia recebido alta, ainda não tinha criado coragem para enviar alguma mensagem a Jungkook, o medo de uma resposta que não o agradasse era o que o impedia, ficava o tempo todo olhando para tela do celular, imaginando o que escreveria para se desculpar.

Não sabia lidar com os sentimentos confusos que abalavam o peito, queria saber como Jungkook estava e onde estava, ele teria voltado a sua vida normal no cruzeiro?

Agora no táxi a caminho para casa tudo que podia pensar era chegar em casa e encontrar Whiskies e Suhee, tomar um bom banho e aproveitar do seu tempo com a senhora que tanto amava. Após tanto tempo no hospital se sentia descansado e disposto o suficiente para voltar a sua rotina. Se é que teria uma rotina quando voltasse para casa.

Tinha ficado tanto tempo fora que nem sabia o que deveria fazer primeiro, sua mãe disse que auxiliaria em tudo enquanto o rapaz ajeitava sua vida, pagaria as contas enquanto procurava um emprego e daria todo apoio emocional que Jimin precisasse. O que até soava engraçado, já que o único apoio que Jimin precisava era o de Jungkook.

Subiu os lances de escada até o andar de seu apartamento, parou pensativo em frente em sua porta e de Suhee e sorriu ao tocar a campainha esperando que a senhora o atendesse. A porta foi aberta e Jimin foi envolvido pelos braços de Suhee que resmungava o quão preocupada com o rapaz ela ficou após saber do desaparecimento.

— Meu pequeno, Jimin. Como eu senti sua falta! Eu e Whiskies ficamos tão preocupados, achei que nunca mais voltaria.

— Também senti sua falta, Suhee. – Disse Jimin no aperto de seu abraço, seus braços rodeando Suhee, que cheirava a biscoitos e perfume floral.

A senhora deu espaço para que Jimin adentrasse no pequeno apartamento, Whiskies se encontrava deitado no sofá enquanto olhava pro nada e lambia a pata felpuda.

Jimin correu até o gato, que ao vê-lo pulou em seu colo e começou a miar.

— Está tudo bem, amiguinho. Eu disse que voltaria. – Jimin pegou o gato e o apertou contra si, um miado fora ouvido e o felino começou a se remexer em seu peito, incomodado com tanto contato. – Já entendi, nada de muito afeto.

— Então me conte, meu querido, o que foi que aconteceu? – A senhora se sentou no sofá coberto por uma capa florida e cheia de almofadas vermelhas ao redor, a bandeja sendo depositada sobre a mesa de centro.

Suhee tinha sumido pelo corredor e voltado com uma bandeja de biscoitos e duas xícaras de chá.

— Foram dias difíceis, Suhee. Mas você nem imagina o quão esclarecedor foi para mim... – Jimin contou os detalhes dos seus dias na ilha, disse como se apaixonou por Jungkook e o quão confuso estava com a própria vida, provou dos biscoitos que a senhora havia lhe oferecido e a deixou digerir tudo que tinha contado.

— Então você e esse tal de Jungkook estão apaixonados?

— Sim.

— E basicamente não estão juntos porque você estava confuso sobre tudo que sentia sobre ele?

— Uhum. – Jimin assentiu com a boca cheia de biscoito.

— E agora que tem certeza não sabe mais o que fazer?

— Exatamente. – Bebeu um gole do chá, Suhee sempre tinha os melhores conselhos, e no momento tudo que precisava era se sentir em casa.

— Chim, vou lhe dizer uma coisa. As vezes o amor nos surpreende, e não é porque é uma experiência nova para você quer dizer que você tenha que rejeitá-la, ou até seus sentimentos. – Suhee disse, agora desligando a tv e deixando o controle ao seu lado no sofá. – Se você ama esse rapaz você precisa ir atrás dele, não importa o tempo que passaram juntos ou quanto tempo vão ficar juntos, só aproveite. Só vivemos uma vez. – Ela se levantou e tirou os farelos de biscoito da camisa, pegando a bandeja vazia e a levando em direção ao balcão que dividia a sala da cozinha. – Aproveite a chance que você tem antes de perdê-lo, ele me parece um ótimo rapaz.

Jimin sorriu, Jungkook era mesmo uma boa pessoa, e ter todo esse redemoinho de sentimentos só fazia acreditar que queria ainda mais estar perto dele.

— Eu acho que vou fazer isso, muito obrigado, Suhee. Você tem os melhores conselhos! – Jimin disse ao se levantar e dar mais um abraço na senhora. – Eu preciso ir agora, você poderia me ajudar a levar as coisas do Whiskies pra casa?

— Claro que sim, querido. – Jimin pegou o gato no colo, as patas indo até a camisa do rapaz e cravando as unhas no tecido. Adentraram o apartamento, Suhee segurava a cama de Whiskies e Jimin as tigelas de ração.

Jimin já estava acomodado em seu apartamento, um cansaço dominava seu corpo. Aquela era a primeira noite de sua volta e tudo que ele queria fazer era seguir suas vontades, por isso quando ligou seu notebook se inscreveu em um curso de artes, todo o clima da aula condizia com tudo que queria em suas pinturas, a professora do curso, Jungwoo, parecia simpática expondo os trabalhos de seus alunos em algumas fotografias. Jimin teve uma sensação estranha ao fitar o rosto da mulher um pouco mais velha que si.

Algo como reconhecimento.

Mesmo em seu estado de déjà-vu, Jimin se inscreveu no curso. Estava pronto para seguir seu sonho, por mais que não desse certo ele pelo menos teria tentado. Algo que não tinha feito em muito tempo em sua vida.

A noite passou tão lentamente e Jimin nem conseguia pregar os olhos por um segundo, sua mente estava cheia de pertubação, pensamentos sobre Jungkook vinham a tona a todo segundo.

Agora encarava a tela do celular, o contato de Jungkook estava salvo.

Sempre que chegava a digitar uma mensagem a Jungkook, Jimin exitava e apagava a mensagem. Digitou rapidamente depois de uns minutos e enviou um pequeno texto "Oi, Jungkook... Aqui é o Jimin, será que podemos sair para conversar?" Algo simples e não muito exigente, Jimin sabia o quão sensível sua relação com Jungkook estava, só esperava uma resposta para que pudessem se acertar.

Mas quando acordou no outro dia e viu que nenhuma resposta estava no chat de Jungkook, Jimin entendeu que não seria tão fácil reatar contato com o encaracolado. E as mesmas incertezas sobrevoaram sua mente.

Será que Jungkook queria mesmo rever Jimin?

Do outro lado da cidade Jungkook fazia de tudo para procurar um novo sentido para sua vida. Ele sabia que voltar para o cruzeiro não seria uma opção, não com os pensamentos e lembranças sobre Jimin. Ele queria eliminar Jimin de sua essência, fazê-lo desaparecer de seus pensamentos e de seu coração.

Se acomodar em seu apartamento não foi algo difícil, estar em casa era algo bom, descansar, ter refeições diárias e usar o banheiro era incrível, mas algo ainda faltava. Dentro do seu peito ele sabia o quão confuso tudo isso seria, mesmo com toda sua vida saindo dos trilhos e se tornando algo disfuncional, ele teria que aprender a lidar com a dor.

Eliminar Jimin de cada parte de seu ser.

Começando por seu emprego, não poderia levantar todos os dias e ver os mesmos lugares que Jimin costumava estar, presenciar todos os casais felizes ao seu redor seria algo tóxico para sua sanidade.

Quando pediu demissão o chefe de Jungkook ficou relutante a aceitar que o rapaz deixaria o cargo, afinal era um de seus funcionários favoritos e não queria abrir mão de Jeon. Após muita persistência Jungkook conseguiu se livrar do trabalho.

Passava o tempo vendo tv e aproveitando a própria melancolia, nunca tinha sido alguém dramático mas o que se passava dentro de si tinha o levado para o fundo do poço. Não era nem eufemismo dizer, se tinha algo mais fundo que um poço, era onde Jungkook estava.

Ter um apartamento sozinho não era uma das melhores coisas no momento, quando estava no navio vivia constantemente com companhia, o café da manhã e todas as outras refeições eram sincronizadas ao dos outros funcionários. Nunca tinha tempo para estar sozinho ou lamentar da própria vida amorosa, mas parado ali no meio de sua sala, assistindo uma comédia romântica qualquer ele pôde perceber o quão vazia sua existência se tornava sem Jimin ao seu lado.

Os dias na ilha eram repletos de felicidade e experiências novas, ter Tomlinson como companhia motivava Jungkook a continuar, a conversa era boa e a rotina era incerta, algo que costumava desejar durante sua vida.

Começou a se lembrar das noites ao lado de Jimin, uma em especial; quando Jimin teve um pesadelo e acordou tremendo, suor escorria por seu rosto, o mesmo levava uma expressão assustada.

— Chim? – Jungkook perguntou, a voz rouca eventualmente pelo sono.

— Nossa, desculpa te acordar. Eu tive um pesadelo.

— Está tudo bem. Você quer contar?

— Sonhei que eu caía novamente do navio, só que dessa vez você não me salvava... A água começava a me levar para baixo aos poucos e eu tentava me debater mas não conseguia me mexer, minha voz não saía e era tudo tão gelado. Do nada ficou escuro, você nunca apareceu. – Jimin engoliu em seco, o pesadelo acontecia frequentemente em suas noites e pertubava sua mente.

— Calma, Jimin. Foi só um sonho ruim, ok? – Os dedos de Jungkook tocaram os fios que caíam pelo rosto de Jimin, tirando a franja de sua testa. – Não importa quantas vezes você caísse, eu estaria lá para te salvar. Sempre. Não teria uma noite que eu pensaria duas vezes antes de pular naquela água.

— Você promete? – A voz de Jimin estremeceu, Jungkook não podia ver a cor dos olhos do outro, somente o brilho de suas pupilas.

— Prometo. E sabe por quê?

— Por que?

— Porque foi a melhor coisa que eu já fiz na minha vida.

— Pular naquela água fria? – Jimin riu baixo, suas mãos indo a encontro das de Jungkook.

— Sim, porque se não fosse por isso eu não teria você aqui hoje comigo, independente das circunstâncias.

Um suspiro escapou pelos lábios de Jimin, Jungkook sorriu ao perceber um sorriso estampado em seu rosto, seus braços tomaram o corpo contra si enquanto seu rosto se encaixava no espaço do pescoço de Jimin. Um silêncio confortável tomando conta da noite, Jimin se apertando nos braços de Jungkook, se protegendo de todos os pesadelos que pudessem vir em seguida.

E mesmo que chegassem ele não teria medo, estar ao lado de Jeon causava tanta segurança que nem pensava nas possibilidades ao redor. E assim adormeceu, com os pensamentos ruins longe de sua mente e o corpo aquecido pelos braços de Jungkook.

Foi com essa lembrança que a primeira lágrima escapou pelos olhos de Jungkook, não percebeu que estava chorando até sair do transe, a tv começando a tocar uma trilha sonora dando fim ao filme. Seu celular vibrou ao seu lado, uma mensagem de um número desconhecido. Desbloqueou a tela e viu o pequeno texto de Jimin, seu peito palpitou em esperança.

O sentimento durou pouco ao se lembrar de que Jimin estava noivo agora. Ele iria se casar. Com esse sentimento amargo ele bloqueou o celular novamente, ignorando o texto. Precisava apagar Jimin do seu sistema, ele logo estaria casado e Jungkook seguiria em frente.

Afinal tudo que menos queria era destruir o casamento de alguém, mesmo que essa pessoa tivesse roubado o amor de sua vida.

Capítulo sem revisão
Tô doente galerinha, perdão pelo atraso e por qualquer erro.

Immersion •Jikook Version•Where stories live. Discover now