Immersion •Jikook Version•

Chapter 11

Em algum lugar daquela ilha Jungkook estava machucado, o rapaz sabia que provavelmente Jimin já tinha entrado em desespero e isso lhe causava aflição. Uma torção em seu tornozelo havia feito que ele parasse sua jornada na metade do caminho, após saltar de uma árvore a procura de algumas frutas maduras, ele havia pisado em falso e torcido o pé. De início havia pensado que poderia seguir em frente sem nenhum dano, mas após uns passos viu o quão dolorido e cansado estava. Um dia longo onde ele só conseguiu caçar dois animais pequenos em uma armadilha que tinha feito, a espera foi longa mas houve êxito.

Havia pego algumas frutas e raízes que encontrou pelo caminho, tinha improvisado uma sacola com sua camisa que agora estava amarrada ao lado de seu quadril, carregando as coisas que iriam alimentá-los.

Jungkook queria voltar para Jimin, não  parava de pensar no beijo deles e em todos os sentimentos que tinha começado a sentir pelo outro. Sua pele formigava só de pensar nos lábios doces de Jimin e em suas carícias suaves contra a sua pele. Todo o calor que emanava de Tomlinson só fazia Jungkook clamar por mais.

A única coisa que o motivava a seguir em frente era ele, ele precisava voltar por Jimin. E no momento já imaginava o quão perdido e preocupado ele estaria, Jungkook não voltou naquela tarde como o prometido, ele tinha falhado. Agora somente a esperança de que Jimin o esperaria era o que movia Jungkook, mesmo com a dor e o peso da culpa, ele ainda estava lá por ele.

Algum tempo caminhando por aquela vasta mata e Jungkook se sentia perdido, tudo era tão igual que o deixava confuso, ele sabia como voltar, havia prestado muita atenção ao caminhar pela natureza, mas dor e o cansaço tomou conta de seu corpo e ele não conseguia se lembrar.

Só sentia medo.

Medo de perder Jimin, de não conseguir encontrá-lo.

Caminhou durante um bom tempo até sentir os ossos doerem, sabia que precisava voltar mas no momento era algo impossível a tentar. Ele somente se encostou em uma árvore e deixou os animais enrolados em sua camisa, longe da terra que poderia sujá-los. A garrafa de água estava quase no fim, durante sua caminhada viu grandes paisagens que teria certeza que Jimin amaria, inclusive um pequeno rio, onde pôde encher a garrafa e se lavar.

Ele se impressionou com toda a beleza do local, sabia o quão grande tudo aquilo podia ser, ele só queria poder compartilhar a vista com alguém. E esse alguém estava perdido do outro lado da ilha, sozinho e com fome.

Jungkook tentou descansar a mente dos pensamentos agitados sobre Jimin, seu corpo estava tenso mas ele conseguiu adormecer um pouco.

Havia sonhado com Jimin, eles estavam novamente no navio, todos os casais dançavam juntos em uma música calma e o jovem estava sozinho em um canto, observando tudo enquanto sua mente mergulhava em pensamentos que Jungkook não conseguia descobrir.

Ele se aproximou de Jimin, seus olhos indo para camiseta branca que ele usava, o primeiro botão estava aberto e deixava sua clavícula exposta, livre para a mente de Jungkook vagar por sua pele.

— Me permite essa dança? — Jungkook sorriu, sua mão estava estendida a frente do Park, que o encarava com seus olhos brilhantes.

— Claro.

O mais alto enlaçou seus dedos aos de Jimin, o calor de sua pele fez Jungkook se arrepiar, o mínimo toque de Jimin o deixava em combustão.

A música ressoava calma em seus ouvidos, Jungkook conduzia Jimin que seguia os passos calmos do homem gentil. Com os peitos grudados e seus rostos próximos, Jungkook pensou o quão precioso era aquele momento. Um de seus braços deslizou pelo quadril de Jimin e o apertou levemente contra seu corpo.

Dançavam como se fossem feitos para isso, seus corpos seguiam um ritmo único, mantinha-os juntos não só na dança, como também na alma. Os olhos verdes de Jungkook guardavam todas as feições de Jimin, admirando cada detalhe do outro como se fosse a última vez.

Pareciam um só, ligados por dois corações desconhecidos que já tinham intimidade, não existia Seulgi e nem a tempestade. Estavam vivendo um amor sem tragédias; somente Jimin, Jungkook e nada mais.

Jungkook encostou sua testa na de Jimin e tocou seu nariz, a respiração de Park estava suave e seu corpo macio trazia Jungkook uma sensação desconhecida.

Nenhum coração partido poderia impedi-los, nenhuma alma corrompida iria separá-los. Juntaram os lábios quando a música terminou, somente um toque suave havia se iniciado, Jimin abraçava o corpo de Jungkook. O céu presenciava o novo amor deles, os dedos de Jimin enroscados nos fios de Jungkook enquanto aprofundavam o beijo, o corpo de Jungkook fervia com o toque de Jimin em sua nuca, seus lábios deslizavam profundamente em algo novo e único.

A música havia acabado e um sorriso pintava os lábios de ambos. Jimin apertava os ombros de Jungkook enquanto o outro puxava o quadril de Jimin.

— Preciso te mostrar algo, vem comigo. — Jungkook disse a Jimin, que sorriu e assim caminhou junto a Jungkook até onde ele indicava.

Os dedos enlaçados enquanto corriam pelo navio, ambos com o coração acelerado, Jeon guiava o rapaz e o outro sorria abertamente. Jungkook o levou para o convés, onde o céu pintava muitas estrelas junto a lua cheia. Jimin olhava admirado para o céu, seu rosto estava ainda mais lindo do que no dia que Jungkook havia o conhecido.

— Você gosta? — Jungkook perguntou, nada roubava sua atenção como o rosto encantado de Jimin, nem mesmo o céu acima deles.

— Sim, o céu é uma das minhas coisas favoritas.

— Das minhas também. É tudo tão infinito, não sabemos onde começa nem onde termina, mas sempre está lá, nunca nos abandona. — Jungkook sorriu, suas mãos agora se apoiando na grade do navio.

— Como você é poético. — Jimin riu baixo, seu braço estava encostado no de Jungkook.

— Você acha? — Jungkook se virou para Jimin, que agora o olhava atenciosamente.

Jimin somente assentiu, seus dedos agora se direcionavam as mãos de Jungkook, deslizando por suas veias e acariciando a ponta de seus dedos.

— Espero que você seja como meu céu, Jimin. — Jungkook enlaçou seus dedos com os de Jimin. — Esteja sempre aqui para mim. Por nós. — Estava frente a frente a Jimin, levou sua mão livre as maçãs de seu rosto acariciando-as lentamente.

— E eu vou, Jungkook. Mas você precisa acordar.

— O que?  — Jungkook o olhava confuso.

— Acorde, Jungkook! — Jimin havia gritado e agora balançava seus ombros fortemente.

Em um sobressalto Jungkook acordou, seu rosto suava frio e sua respiração estava descompassada. Olhou para o lado e viu que suas coisas ainda estavam no mesmo local, ainda estava claro e ele não adormeceu muito tempo afinal.

Ele se levantou, seu pé ainda doía mas estava melhor que antes, sabia o que tinha que fazer agora, iria voltar para Jimin antes de anoitecer. Pela personalidade de Jimin, Jungkook imaginava que ele estaria inquieto com a sua falta e provavelmente já estava descrente que Jungkook voltaria.

Ele se levantou com cuidado e pegou suas coisas, determinação corria por suas veias e ele não iria desistir. Não sabia se tinha sido o sonho ou se foi o beijo que havia mudado tudo, mas seu peito carregava um sentimento novo. Esperança.

Esperança de que tudo ocorreria bem e de que Jimin seria a pessoa que pudesse carregar o seu amor.

A trilha começou a ficar íngreme e seu tornozelo passou a doer, estava muito mais lento do que antes mas sentia que estava no local certo pois a paisagem não era incomum.  Levou algum tempo mas logo havia encontrado a caverna onde eles estavam abrigados, mas por seu azar Jimin não estava lá. Seu peito apertou em uma agonia profunda.

O que podia ter acontecido? Jimin tinha saído para buscar água ou para procurar Jungkook?

Deixou as coisas que havia encontrado na caverna e tentou ser o mais rápido para chegar a cachoeira, esperava encontrar Jimin lá, a ponta de esperança crescia em seu peito. Tentou ignorar a dor em seu tornozelo enquanto corria, mas quando chegou lá e não avistou Jimin, seu corpo desabou ao chão.

Algumas pedrinhas incomodavam seus joelhos, apoiava suas mãos acima de suas coxas enquanto observava tudo desmotivado. Seu peito doía e seus olhos pesavam. Ele não podia desistir agora, tinha que ir procurar Jimin.

Se levantou meio cambaleante e começou uma busca difícil para encontrá-lo, rodeou todo o acampamento umas duas vezes e se arriscou a caminhar novamente ao redor da cachoeira, quando não teve resultados ele resolveu ir em direção a praia. Não sabia para onde seguir, seu corpo estava cansado e seu pé doía. Uma longa jornada que no fim tinha sido desperdiçada porque Jimin não estava mais lá.

Quando seus pés começaram a afundar na areia Jungkook olhou para frente e viu o mar, lindo e agressivo como sempre, as ondas quebravam na praia e algumas gaivotas voavam ao redor. Procurou Jimin em meio aquela paisagem e não havia visto nada, caminhou até próximo do mar e seu olhar seguiu até alguns coqueiros dali, avistou uma pequena figura encostada numa árvore.

E pela primeira vez Jungkook respirou em alívio, seu coração se acalmou e seu corpo estava finalmente em calma. Ele havia o encontrado, e pela forma que estava encostado na árvore ele estava adormecido.

Jungkook correu com certa dificuldade até o rapaz sentado e se ajoelhou em sua frente, seus olhos enchiam em lágrimas que ele se negava em derramar.

— Jimin! — O rapaz acordou rapidamente, por um breve segundo viu o terror em seus olhos e em seguida uma onda de calma. Jimin levou uma de suas mãos ao rosto de Jungkook e tocou levemente sua bochecha.

— Você está mesmo aqui? Você voltou? — Sua voz transmitia certa fragilidade, Jungkook sentiu seu peito apertar ao ter a imagem de um Jimin sozinho no meio daquela vastidão.

— Sim, Chim. Me perdoa, eu acabei me perdendo e... —  Jungkook foi interrompido ao ter os braços de Jimin ao redor de seu pescoço, apertando tão fortemente que Jungkook tinha certeza que podiam ser um só.

Lágrimas passaram a deslizar por seu rosto, molhando o pescoço e a camisa de Jimin. Alguns soluços cortavam sua garganta, Park afastou-se minimamente e fitou a profundidade verde escura dos olhos de Jungkook. Não havia mais nenhuma dúvida ali, ambos sabiam o que realmente importava.

Jimin grudou suas bocas em certa rapidez, os braços de Jimin agora tocavam o peito nu e livre de pelos que o rapaz havia admirado antes. Jungkook entreabriu os lábios e Jimin gemeu em reposta, adentrando a língua por sua boca. O calor do corpo de Jungkook deixava Jimin inerte, seus lábios se moviam em um ritmo cheio de rispidez e saudade, transmitindo toda aquela agonia que haviam passado um longe do outro.

Jungkook sugou o lábio inferior do outro e mordiscou esse levemente, um suspiro escapou pela boca de Jimin ao abrir os olhos e fitar o rosto avermelhado pelo choro de Jungkook. Park levou ambas suas mãos ao rosto de Jungkook e limpou as lágrimas de suas bochechas.

— Obrigado por voltar. — Estava tão perdido em Jungkook que nem percebeu que o rapaz estava encaixado entre suas pernas, tão próximo como nunca esteve.

— Eu disse que voltaria. — Jungkook sorriu abertamente e depositou um leve selar na ponta do nariz de Jimin. — E ainda tive uma ótima recepção. — O rosto de Jimin avermelhou com as palavras ditas por Jungkook. O outro puxou Jimin contra si e envolveu seu quadril em seus braços, era o abraço mais desajeitado e íntimo que ambos já tiveram.

— Você está bem? — Jimin levou suas mãos aos ombros de Jungkook e fitou todo o corpo, ele parecia bem somente um pouco cansado.

— Estou bem, só com o pé dolorido e um pouco cansado.

— Vem, vamos pra casa. — Jimin se soltou do abraço aconchegante de Jungkook e se levantou, virou-se para o outro e o ajudou a se levantar, Jungkook aceitou a ajuda e abraçou os ombros de Jimin.

— Espera um pouco.

— Que foi?

— Olha só... — Jungkook apontou para o mar e depois olhou para algumas rochas longe dali. — Podemos ficar um pouco aqui.

— Sim, nós podemos. — Jimin sorriu e envolveu a cintura de Jungkook em um abraço, caminharam lado a lado em direção as rochas.

— Eu trouxe algumas frutas, raízes e uns animais que cacei.

— Animais? Quais? — Jimin perguntou, a tranquilidade em que se abraçavam e caminhavam por aquela praia até parecia que não estavam perdidos no meio do nada.

— Não sei bem o que são... — Jungkook sussurrou. — E eu odiei fazer isso, mas foi necessário. Mas não quero mais comentar sobre. — Jeon passou a frente de Jimin e subiu em uma rocha, estendeu a mão a Jimin que a segurou fortemente se apoiando para subir.

Subiram nas rochas e se sentaram, olhavam em direção ao mar com certa admiração. Sabiam que tudo havia mudado, que nada seria o mesmo. Jimin sabia.

— Sonhei com você. — Jungkook disse, seus olhos ainda grudados nas ondas que quebravam em alguns corais.

— Sério?

— Uhum... — Jungkook encostou sua cabeça no ombro livre de Jimin.

— E como foi?

— Nós estávamos no navio e dançamos agarradinhos. — Jungkook riu baixo, suas bochechas coraram e ele fechou os olhos, estava se sentindo uma adolescente apaixonada no meio daquilo.

— Dançando agarradinho, hein? — Jimin riu baixo, ele esticou sua mão para Jungkook e ele enlaçou seus dedos ao do rapaz.

— Sim, e você dançava extremamente bem.

— Se tivéssemos música eu poderia te mostrar que não. — Jimin sorriu, se tinha uma coisa que com certeza ele não era, era um bom dançarino. — Eu pisaria nos seus pés a todo momento.

— Acho que aceitaria bem a dor, só para ficar agarradinho a você.

Jimin sorriu, seus olhos se fechando por um momento. Se lhe dissessem há algum tempo que ele estaria daquela forma com seu instrutor de férias ele com certeza negaria. Mas ali, sentado ao lado de Jungkook e podendo sentir seu coração martelar seu peito, ele sabia o quão certo aquilo podia ser.

Seria destino? Coincidência ou sorte? Ele não sabia, mas algo que não tinha dúvidas era de que mesmo que pudesse escolher um outro lugar para estar, ele não estaria.


Reapareci galerinha... E aí? Como vocês tem lidado com a quarentena? Eu já tive duas crises, mas é necessário!

"Aproveitei" pra iniciar a escrita de uma série de época que logo vai ser disponibilizada aqui e pra tentar sair do bloqueio que estou com a minha história principal. Enquanto não sai, aproveitem Immersion e minha twoshot jikook, The Center of My Universe.

Por favor, fiquem saudáveis, lavem as mãos e fiquem em casa se têm essa possibilidade.