capitulo 7 - A apresentação

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O dia da apresentação chegou. Olhei para minhas mãos e elas estavam trêmulas e suadas. O auditório da escola estava cheio e nós esperávamos na coxia pela nossa vez de subir ao palco. As apresentações de teatro e dança já tinham acontecido e hoje era o dia da música e encerramento do evento.

Lana chegou correndo e ajeitando seu vestido rosa, ela estava muito bonita e maquiada. Os cabelos ondulados caiam pelos ombros nus e o vestido estilo hippie, longo e delicado trazia alças caídas ombro a ombro. Sua amiga Jessica, usava um vestido parecido porem azul, aparentemente elas combinaram as roupas. Geraldo tentou parecer descolado, usando uma calça jeans rasgada e uma camiseta de banda. Eu não estava tão produzido. Como meu objetivo era passar despercebido usei uma calça jeans escura e camiseta preta, dessa forma não tinha como chamar atenção.

Estalei os dedos me sentindo ansioso e Lana pegou minha mão, tentando me acalmar. Tivemos alguns encontros depois daquele beijo, nada muito sério, se fosse dar um nome ao que tínhamos eu podia dizer que estávamos "ficando". Quem eu não tinha encontrado mais depois daquele dia foi Alice. Ela pegou um atestado e ficou alguns dias sem ir para a escola. No dia das apresentações de dança, ela veio somente para se apresentar e sumiu antes que eu pudesse parabenizá-la. E estava respondendo minhas mensagens de forma monossilábica. Resolvi não insistir, por mais que eu sentisse falta dela, era melhor parar de alimentar minha paixão platônica. 

Agradeci Lana e lhe dei um beijo antes de subirmos ao palco. As luzes me cegaram momentaneamente, me fazendo apertar os olhos. Sentei na cadeira ao fundo do palco, peguei o violão e comecei a tocar. As meninas cantavam enquanto Geraldo tocava a bateria.

Nos primeiros acordes recebíamos da plateia um olhar de desconfiança e dúvida. Mas conforme a música ia rolando, o público parecia começar a gostar. Alguns gritos de incentivo e de empolgação começaram a surgir e quando nos demos conta, todos já estavam cantando junto. Depois que a música emplacou o medo, nervosismo e dor de barriga foram sumindo aos poucos e dando lugar a uma excitação muito gostosa.

Meus olhos já estavam se acostumando com as luzes quando eu arrisquei um olhar pra plateia. Vi muitos rostos conhecidos demostrando contentamento e animação e, no meio de todos aqueles rostos, eu a vi. Ela estava linda, usando uma jaqueta de couro e longas argolas na orelha. o cabelo preso em um rabo de cavalo balançava no ritmo da música. O olhar dela se cruzou com o meu e o sorriso dela chegou até os olhos. Ela começou a cantar o refrão junto com as meninas e sem perceber eu já estava sorrindo com ela. Enquanto ela cantava, me olhava fixamente, assim como Lana tinha feito, mas mexendo comigo de uma forma muito mais avassaladora.

Oh Kiss me!

Ela se divertia ao interpretar a musica, me fazendo lembrar das suas brincadeiras quando me obrigava a assistir seus musicais preferidos, jogando a cabeça pra trás com toda sua animação, mas sem perder o contato visual comigo. O que ela estava fazendo? Brincando comigo? Quando a música chegou às frases finais Lana olhou pra mim e sorriu, aquela parte significava algo pra ela. E Alice continuava cantando e olhando pra mim, apagando todo o antigo significado daqueles acordes e confundindo minha mente.

A plateia aplaudiu muito no término da apresentação e saímos felizes do palco, a adrenalina de me apresentar em público pela primeira ainda corria pelo meu corpo e eu tive vontade de repetir a dose, era como andar em uma montanha russa, a sensação valia o medo.

A banda do Bruno seria a última a se apresentar, cantando minha música. Procurei um lugar ao lado do palco para assistir a apresentação, onde eu pudesse ver Alice sem ela me ver. 

— Boa noite, Colégio Alfa!! É uma honra estarmos nos apresentando aqui para vocês. — Sobre um forte aplauso, Bruno ia apresentando a banda ao público. — Essa música que iremos tocar é uma música de amor, escrito por um aluno aqui da escola para uma aluna também aqui da escola.

Houve gritos de animação na plateia. Meu estômago revirou, mas felizmente ele parou por aí e começou a cantar. No início Alice parecia desinteressada e distraída, mas conforme a música era cantada os olhos dela e das outras garotas começaram a brilhar. Bruno tinha razão quando disse que as garotas iriam gostar da música, mas eu só estava interessado na reação de uma delas. Eles tinham feito uma superprodução com luzes e a letra da música no telão, com tradução e tudo. Era estranho ouvir minha música sendo tocada por outra pessoa. E mais estranho ainda foi ouvir meus colegas de classe cantando o refrão depois de ouvir a música só uma vez.

Um misto de sensações tomou conta de mim. Alegria, excitação e emoção eram alguns deles. Alice secou os olhos no final da musica - ela tinha chorado ouvindo minha música?!

"Imagina se Alice soubesse que a canção era pra ela." — consegui ouvir nitidamente a voz irritante de Bruno me acusar mentalmente.

A professora encerrou o evento e foi difícil descer do palco com a muvuca que tinha se formado. Muitas pessoas comentavam sobre a música da banda do Bruno, e a maioria delas, principalmente meninas, queriam chegar até eles para cumprimenta-los. Eu saí seguido de perto por Lana e quando chegamos ao corredor ela pulou no meu pescoço e me beijou.

— Foi muito emocionante me apresentar com você! — ela disse animada.

— Eu também gostei! — respondi sorrindo.

Os alunos já estavam se dispersando e nós continuamos andando lentamente de mãos dadas pelo corredor.

— Parabéns pela apresentação Eduardo.

Eu me virei e olhei pra ela. Alice estava ali, bem atrás de nós. Seu rosto estava impassível. Não dava pra descobrir o que ela estava pensando.

— Valeu, Alice. Foi bem legal mesmo. — Respondi meio sem jeito.

— E aquela música do Bruno? Ele que escreveu? — ela olhou profundamente nos meus olhos, esperando minha resposta.

— É... Então, Alice. Não sei. — Respondi coçando a cabeça e procurando desviar o olhar.

Ela também desviou o olhar de mim para Lana e depois para nossas mãos.

— Lana, você está namorando com o meu amigo? E ele nem me contou? — Antes que algum de nós pudesse responder ela continuou. — Vamos marcar um encontro juntos, vocês dois, eu e talvez... O Bruno. Ele escreveu uma música tão linda... Gostaria de conversar mais com ele. — Ela finalizou, olhando pra mim ironicamente.

— O Bruno? Ele tem 16 anos! — Respondi indignado.

— Não vejo nenhum problema nisso. — ela respondeu antes de virar as costas e sair.

Eu tive que respirar fundo algumas vezes para me acalmar. Lana observou tudo em silêncio e quando voltamos a andar ela perguntou.

— O que há entre você e Alice?

— Nada! Somos amigos. Mas estamos meio brigados no momento. — Respondi sério.

— Não pareceu isso... — Lana falou cruzando os braços e parando na saída da escola.

— Eu... não tenho nada com ela! — respondi mais alto do que esperava e Lana apertou os olhos, em um ato de reprovação, virando as costas em seguida e saindo.

— Lana... — tentei chama-la em um fio de voz.

— Boa noite Eduardo. — ela respondeu já distante.

No caminho até minha casa, segui alimentando minha raiva e frustração pelo desfecho dessa noite. Alice me provocando? Lana com ciúme por causa dela? O que significava tudo aquilo? Parando em frente ao meu portão, vi as luzes acesas na casa ao lado e decidi que precisava conversar com Alice. Antes que eu pudesse mudar de ideia, toquei a campainha da casa dela.

Hello meus amigos e leitores queridos!!! Essa autora que vos fala esta ansiosa para saber o que estão achando dessa história. Estou simplesmente amando os comentários que tenho recebido, aqui e no watsapp e fico muito feliz com todos eles. Obrigada!!!

Beijos 

Katleen Xavier 

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