Aquela Conversa

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A garota do all star azul me abraçou.
No meio do corredor com carteiras em volta, com pessoas gritando, no meio de um caos. E ter sentido seus braços em volta de mim fez tudo em volta quebrar.
Viraram cacos jogados em volta de nós. Existia apenas eu e ela. Eu, ela e nossos tênis. O preto e o azul. Como se formássemos o céu no chão empoeirado. Faltando as estrelas porque elas gostavam de brincar no rosto dela e nos meus olhos.
Segurei em sua cintura e fiz com que seus pés saíssem do chão. Ela estava feliz, parecendo brilhar de tanta confiança. Sua liderança nata dando frutos, sua raiva extravasando, seu poder tomando conta de tudo. Quando a devolvi ao chão ainda sentia o desejo de beija-la. De derruba-la no chão e beija-la. De gira-la no ar e beija-la. De aperta-la contra a parede e beija-la. Não fiz nenhuma das opções.
— Veio me apoiar? – Perguntou como se precisasse de mais apoio.
— Como organizou tudo isso? – questionei tentando entender como perdi todos os detalhes.
— Não queria que vocês levassem a culpa, por confraternizar com as ideias loucas de Rose Weasley...
Seu rosto enrubesceu e eu senti vontade de tocar suas bochechas. Estava quase o fazendo. Quando seu nome foi chamado de vários lados. Ela acenou encorajando todos os alunos que participavam daquilo.
— Você está bem? – Ela se aproximou de meu rosto, me fazendo sentir um calor exagerado em várias partes de meu corpo. Peito, pescoço, rosto.
Minha cabeça automaticamente volta-se para baixo. Estou novamente olhando seu tênis azul, cheio de vida. Exatamente como ela. Como Rose.
—Estou bem... – Falo entre as respirações profundas. Sou um pouco esquisito tentando me acalmar. – Mas... Será... que podemos conversar?
Seus olhos piscavam atentamente me analisando. Quando o sorriso voltou aos seus lábios eu desconfiei de sua resposta.
— Claro...
Estávamos nos afastando quando escutamos a voz energética da diretora Mcgonagall. Sua varinha fez um leve movimento e em segundos todas as carteiras estavam de volta a seus devidos lugares. A poeira desapareceu. A garota do all star azul estava encrencada.
— Rose está com grandes problemas. – Albus disse colocando uma mão em meu ombro. – A mãe dela vai ter um leve ataque do miocárdio. Nosso tio George vai ficar orgulhoso, você sabe que ele e o irmão gêmeo dele boicotaram o...
Enquanto meu melhor amigo falava sobre lembranças familiares eu só conseguia avistar a garota, o tênis,  ambos menos coloridos. Eu precisava muito falar com ela.
Deixei meu amigo falando sozinho e segui para a diretoria. Fiquei esperando por pelo menos três horas. Quando Rose saiu de lá com os pais, um de cada lado não parecia arrependida ou disposta a desistir. Debatia com ambos.
Me avistou e correu até mim.
— Precisamos terminar aquela conversa. – Falei apertando minhas próprias mãos.
Aquela conversa. Seria muito diferente de todas.

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