Ciúmes?

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Me endireito na cama, meu braço ainda está preso nos dedos de Julio que o segura com força. Levanto uma das sobrancelhas e ele me olha com inocência, sem dizer nada. Todo esse silêncio me incomoda, e o seu olhar fixo sobre mim também, na posição incomoda que estou e com milhares de pensamentos rodando pela minha cabeça dizendo que sou uma tonta por ter vindo aqui. Eu deveria ter deixado as coisas como estavam! E claro que esses pensamos tinham razão! Eu não deveria ter me metido na relação dele com a Clara! Por que eu vim enfrentar o Julio? Ele não tem dever nenhum de me contar tudo o que acontece na vida dele. Eu devia ter ficado em casa dormindo, comendo doritos e assistindo filmes, esperando que o dia de amanhã chegue logo, porque é feriado. Por isso eu me odeio, por não pensar duas vezes antes de fazer algo.

-Julio, me solta.

A boca dele se torna uma linha reta e suspira pesadamente,

-Não - Diz. – Não vai embora, por favor.

Sua voz está um pouco entrecortada e áspera, deve ser por causa da gripe. E como sempre, nunca consigo manter a minha compostura. Rolo os olhos e em menos de dois segundos estou deitada ao seu lado. Seus olhos parecem desorientados, sem luz, sem aquele brilho especial que sempre vejo em suas pupilas. Tem olheiras marcadas, o corpo está fraco e ele respira lentamente, como se fosse muito difícil para ele inalar oxigênio, suas mãos estão ásperas e um pouco secas, mas ela ainda tenta sorrir. Me olha e eu baixo o olhar porque ainda estou irritada pela minha pouca força de vontade e por ele e minha melhor amiga.

Sinto seus braços timidamente envolverem minha cintura. Fico dura como uma pedra, fechando os olhos com força, tentando parecer forte. Sua respiração tranquila bate contra meu ouvido, me fazendo sentir um pouco de cócegas e escalafrios ao mesmo tempo, sua mão acaricia meu cabelo e ele molha seus lábios a cada segundo, me fazendo ficar nervosa.

-Senti muito a sua falta nesses últimos dias - Confessa.

Inalo e exalo exageradamente, soltando um suspiro. Odeio que ele sempre tenta solucionar as coisas com palavras bonitas e confissões estranhas!

Mesmo que, pensando bem, eu também senti a falta dele.

Escuto como seu celular começa a vibrar na mesinha ao lado da cama. Julio não se mexe, porque sabe que se ele atender ou algo assim vou continuar brava com ele. Ele se aproxima ainda mais de mim, enterrando sua cabeça em meu pescoço.

-Atende - digo em seu ouvido.

-Não - Responde imediatamente. Faço uma careta.

-Você acha que eu estou brava por causa da Clara?

Julio estremece ao me ouvir. Me separo um pouco dele, querendo ver sua cara. Quando consigo ver seu rosto, ele esconde um sorriso. Dou um soco em seu ombro e ele reclama. Solto uma risada e me viro, ficando de costas para ele.

-Você está dizendo que eu estou com ciúmes? – Pergunto de novo me sentando na cama. Ele se vira com o rosto pressionado no travesseiro, sufocando uma risada. – Merda, Julio!

Começo a rir e desço da cama. Ele escuta meus passos que estão se dirigindo para a porta de saída, então em um movimento rápido, ele se coloca na minha frente, me dá um pequeno empurrão e caio em cima da cama. Quando abro os olhos, vejo o rosto de Julio a centímetros do meu, em cima de mim, com os cotovelos ao meu lado para não apoiar todo seu peso em cima de mim. Olho para ele fixamente, mantendo meu olhar ameaçante e entediante, mas por dentro estou completamente nervosa.

- Talvez você esteja realmente com ciúmes – Murmura. – Quem sabe.

- É sério? Isso é sério? – Digo. Ele assente com a cabeça, brincalhão. Eu rio e tento escapar. Ele pesa um pouco mais sobre mim, me deixando sem escapatória. – Peña, eu não estou brava por causa da Clara. Só me incomodou você ter me ignorado por estar com ela, por se esquecer de mim...- Me interrompe colocando seu dedo indicador em meus lábios, em sinal de silêncio.

- Eu nunca te ignoraria, Isa. Nunca. E se você pensou isso de mim, dá pra ver que não me conhece. Eu nunca deixaria de lado as pessoas que realmente me importam. – Suspira. - Clara é uma amiga. Talvez ela esteja muito obcecada por mim ou simplesmente é muito sociável, ela é uma garota legal e eu gosto de falar com ela. Mas prefiro mil vezes você. Faz quanto tempo que eu conheço a Clara? Menos de uma semana? Eu não me interesso por ela, do mesmo jeito que me interesso por você. Você é uma das pessoas mais importantes para mim.

De repente uma pergunta se formula em minha cabeça.

- E como eu posso saber que eu sou importante para você? – Sussurro. – Você não demonstrou isso nesses últimos dias.

Ele lambe os lábios e franze o cenho. Acredito nunca fizeram essa pergunta para ele. "Como eu posso saber que sou importante para você?"; já sei que ele não vai saber responder. Ele fica por alguns segundos olhando para o nada, e depois seu olhar pousa em mim. Ele morde seu lábio inferior e se levanta. Eu o imito e ele fica de costas para mim.

- Porquê....você simplesmente é. Não...quero dizer, como você acha que eu posso demonstrar isso? Acredito que já fiz isso muitas vezes. – Diz rápido, e sua voz, a cada palavra que pronuncia, vai ficando mais suave e baixa.

De um momento a outro meus olhos se cristalizam. Sinto como sua oz está confusa, até mesmo brava. Ele está irritado. Não gosta que façam esse tipo de pergunta. Julio é confuso. Ele realmente me confunde muito e isso me frustra.

- Tá, desculpa. – Murmuro. – Não estou acostumada com alguém se preocupando por mim.

E essa é a última gota d'água. Tenho uma vontade imensa de chorar, vontade de me jogar da janela e milhares de lembranças preenchem minha mente. Momentos horríveis que eu acreditei que já tinha esquecido, começam a serem projetadas em minha mente como um filme de terror. Olho para baixo e me viro, abrindo a porta do quarto bruscamente, corro pelas escadas e sinto os passos de Julio atrás de mim. Corro ainda mais rápido, e para a minha sorte, a porta que dá para a rua está aberta. Escapo dali, correndo para a minha casa, mas minhas pernas não aguentam mais e meu coração está batendo muito forte. Consigo chegar em no parque e me sento em u banco. O parque está deserto. E de novo me invade um sentimento que, há muito tempo, eu não sentia; solidão. Estou sozinha? Sim, porque eu me sinto assim.

Uma silhueta se senta ao meu lado. Me olha fixamente, mas eu continuo com a cabeça baixa. Seu braço passa pelos meus ombros e assusto.

Quando me abraça, percebo que claramente é Julio, pelo característico perfume que descansa sobre sua pele. Meu lábio tremo e tento segurar as lágrimas.

- Você é importante para mim, Isa. Entenda isso por favor. Eu me importo muito com você e não quero que você faça isso novamente. Eu não suportaria te perder e menos ainda que você fique brava comigo por algo tão estúpido.

- Tá...sim, está bem – Digo em um sussurro.

- Eu gosto muito de você.

Franzo os lábios e me deixo levar novamente por seus maravilhosos abraços.

- Eu também.

Ficamos na mesma posição por um minuto e é incrivelmente prazeroso. Sério, os braços de Julio são meu melhor remédio. Se separa de mim e sorri.

- Mas você vai me deixar ir no meu encontro com a Clara?

Por que ele sempre tem que estragar o momento?

- Por que você está perguntando para mim? Isso não é da minha conta.

Ele abre a boca, como se estivesse ofendido. Coloca uma mão em seu peito e segura a risada.

- Então não te interessa com quem eu saio?

- Não. Por que eu me interessaria? Não sou sua mãe.

- Mas é minha melhor amiga.

- E o que uma coisa tem a ver com a outra? – Rio.

- Bom...

- Sim você pode sair com ela, tonto. – Digo a ele e continuo rindo. Me abraça e me apoia em seu peito. Imagino Julio e Clara como namorados. Sacudo a cabeça e tento tirar esse pensamento de minha mente. Sinto os lábios de Julio pressionando minha bochecha e tento me esquecer do mundo.

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Oioi, primeiramente eu queria pedir desculpas por se tiver algum errinho, eu queria pq queria postar esse capítulo hoje, foi literalmente do nada. E por favor comentem pra eu saber oq vcs estão achando ❤

Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant