Meu Salvador

280 33 4
                                    

Meu despertador toca e o sol que ilumina Buenos Aires atinge meu rosto, fazendo meus olhos se abrirem. Bocejo e fecho a janela que está totalmente aberta, congelando meu corpo. Tomo um banho e visto uma jeans preta, meu all star e um suéter que minha mãe comprou há poucas semanas. Escuto o choro de um bebe. Letícia, minha meia-irmã.

Corro até seu quarto e vejo ela com os olhos fechados, chorando sentada no berço. Eu a pego em meu colo e se acalma um pouco. Sorrio lembrando das palavras de Julio, que eu tenho que sorrir mais. Depois de alguns minutos, ela dorme em meus braços. Admiro sua beleza: seus cabelos escuros e pele pálida. Deixo ela no berço e desço para o primeiro piso, onde minha mãe está falando no telefone. Está gritando, furiosa. Claramente está falando com meu pai. Aperto os lábios, desconfortável e silenciosamente pego uma maçã. Agarro minha mochila e digo adeus ao namorado de minha mãe que está no sofá bebendo um copo de suco

O vento gelado bagunça meu cabelo e meus lábios começam a tremer. Será que vou conseguir enfrentar as pessoas que me maltratam no colégio? Não sei. As vezes sou tão tímida que escondo tudo e tento pensar em outra coisa antes de responder outra pessoa e me defender. Não sei como me defender. Tenho medo, pânico. O que vai acontecer se faço algo e eles ficarem mais fortes? Eu sairia mais machucada do que o normal. Prefiro deixar tudo como está, mas já estou cansada dessa rotina.

Por estar tão concentrada em meus pensamentos não percebo que já estou na porta do meu colégio. Engulo em seco, nervosa, e caminho até meu armário, o abro e suspiro aliviada por não ter nenhum bilhete me ameaçando dentro dele. Pego meu livro de química e o coloco em minha mochila. Caminho pelo corredor e me encontro com minha única amiga, Clara. Ela sorri para mim e caminhamos juntas até nossa sala.

-Hoje vão chegar alunos novos. – Diz. Olho para ela sem interesse no assunto, se são novos sempre se juntam com o grupo dos "populares" e eles fazem uma lavagem cerebral, não é novidade. Clara é uma das populares, ninguém consegue acreditar que ela é minha amiga, pois ela é líder de torcida, é bonita, tem uma das melhores notas, seu namorado é um dos jogadores de futebol mais importantes e bom, eu não sou ninguém nessa escola.

-Legal- Respondo me sentando na última carteira. Ela se senta ao meu lado e conversa um pouco com a líder das líderes de torcida. Reviro meus olhos e tento prestar atenção na professora que acabou de entrar na sala.

Depois de uma hora e meia de uma aula chata sobre reações químicas e modelos atômicos, tocam o sinal para o horário do almoço. O relógio marca as uma e meia e todos correm até a cafeteria para conseguir a melhor mesa e poder comprar os deliciosos sanduíches que as cozinheiras fazem. Eu pego a maçã que não tive a oportunidade de comer de manhã, dou uma mordida enquanto vejo como Clara pressiona as teclas de seu celular sem tirar os olhos da tela.

Mordo meu lábio, com medo, esperando alguma coisa acontecer. Não vejo o grupo de líderes de torcida nem os de jogadores de futebol que sempre me machucam. Será que eles ainda estão em aula? Ou simplesmente se cansaram de me fazer sofrer? Escolho a primeira opção. Todo dia é a mesma coisa e eu já estou acostumada. Estou surpreendida por ainda não ter sentindo nenhum liquido gelado em meu cabelo, ou que um pedaço de pizza acerte minha cara.

- Quer que eu compre alguma coisa para você? – Pergunta Clara se levantando da mesa. Olho para ela e nego com a cabeça, não estou com fome.

-Sério que você não quer nada? – Repete, eu nego – Você não comeu nada.

-Comi uma maçã, não se preocupe- Respondo com uma careta.

Clara assente e vai para a fila com o dinheiro para pagar. Sinto como uma bola quica no chão e como todo mundo fica quieto, observando um pouco intimidados aos reis da escola. Me viro lentamente e vejo como arrancam o almoço de um menino com óculos, ele só se dedica a olhar como pegam seu sanduiche e saem em busca de mais. Eles puxam o cabelo de uma garota loira e mexem a mesa fazendo com que o almoço colida com seu rosto. Olho para baixo, esperando minha vez.

-Oh, Isabela, querida- Mãos femininas tocam meus ombros com uma força brutal que quase me faz gritar. - O que você trouxe de almoço para gente?

-Nada- Digo baixo

-Nada??- Grita com sua voz extremamente irritante.

Sinto como um líquido gelado e pedaços de gelo picado caem sobre minha cabeça, molhando minha roupa. Sacudo a cabeça tremendo de frio

A garota sacode meu cabelo e sinto um chute em meu braço esquerdo, logo depois uma bola em minhas costas. Com a dor até a alma, caio no chão, indefesa.

-Deixem ela, agora.

Uma voz masculina ressoa na cafeteria. É de um garoto. Conheço essa voz.

Todos ficam em silêncio, espantados. O grupo de líderes de torcida e o de futebol viram os olhos, e escuto como aumentam a velocidade dos passos até as mesas.

A dor aumenta quando tento abrir os olhos. Estremeço no chão ao sentir uma mão sobre minha bochecha. Acaricia meu cabelo úmido e seus fortes braços seguram meu corpo. Olho para meu salvador. É ele.

༶•┈┈⛧┈♛♛┈⛧┈┈•༶༶•┈┈⛧┈♛

Capítulo um pouco mais pesado, mas prometo que o próxima vai ser um pouco mais leve kkkk

Comentem o que acharam❤

Abraços Grátis - Isulio (Adaptada)Where stories live. Discover now