Capítulo 30

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Yonarra narrando

Rodrigo acordou bem antes de mim, nem mesmo percebi a sua saída. Só depois que meu alarme tocou pela segunda vez que notei a sua ausência. Me desesperei para me arrumar e conseguir pegar o ônibus a tempo porque não ouvi o primeiro alarme. Dormi tão bem apesar das circunstâncias de ontem a noite que podia jurar que foi a melhor noite de sono que já tive há bastante tempo. 

Fico parada no ponto com um sorriso bobo e descansada. Pego o meu celular e me assusto com a mensagem que leio... Charles. 

Lucifer69? Esse nome não é estranho, mesmo sendo esquisito. 

Forcei para lembrar enquanto avistava o ônibus chegando, já estou virando uma passageira fiel, que até o motorista me cumprimentou com um bom dia e um sorriso. Respondo, devolvendo um sorriso.

Consigo me sentar, não estava lotado a condução. Fico perto da janela e de repente, lembro-me desse nome nojento. Uma vez lembro que alguém me enviou uma mensagem com esse nome de usuário no meu site privado. Então era o Charles...

Esse homem literalmente é um insano.

Me sinto enjoada só de pensar nele. Olho pela câmera do celular para conferir o meu rosto. Mesmo atrasada fiz um milagre nos hematomas com maquiagem, não quero assustar ninguém no trabalho e tampouco dá motivo para ser despedida.

Respiro fundo e ajeito o cabelo que estava pra lá de horroroso. Um coque tão mal feito que doía só de olhar. Vou tentando ajeita-lo para ficar no mínimo decente.

Depois de tanto insistir, desisto. Respiro fundo e olho de relance para as pessoas que já começavam a se aglomerar no corredor e foi então que notei seus olhos esverdeados me encarando.

Podia jurar que meu coração parou por alguns milésimos de segundos ao vê-lo.

Me mantive firme e virei o olhar, ainda estava envergonhada por tudo e naquele momento não era ideal fingir normalidade entre a gente, porque ainda não estava bem comigo mesma e por mais que eu sinta algo por ele, não quero ter um homem na minha vida romanticamente.

A viagem inteira até o meu ponto ele ficou me olhando, às vezes nossos olhares se encontravam, mas eu logo tratava de desviar. Não é jogo, tampouco charminho, simplesmente sei que se eu der um passo em falso tudo desmorona e todo esse curto período sozinha vai por água abaixo, mesmo que tenha sido dias sombrios e depressivos.

Justamente nesse ônibus tínhamos que se encontrar, aliás o que ele está fazendo aqui?

Percebo que seu traje era totalmente diferente do que costumava usar para trabalhar na oficina. Ele estava bem arrumado com roupas sociais, mesmo de um jeito simples. De fato, ele é um colírio para uma manhã fria. Deixaria qualquer mulher com pensamentos maliciosos e com o corpo quente apenas de imaginar o que esconde de baixo dessas roupas nem um pouco a sua cara.

***

Desço rapidamente a fim de sentir o vento gelado fazer um milagre no meu corpo que estava para lá de febril, não por causa de algum sintoma de resfriado, mas por causa dele.


Ando rapidamente sentindo o calor permanecer no meu corpo, mesmo com a temperatura do dia amena. Antes que eu chegasse na esquina, sem olhar para trás um minuto sequer, sinto minha mão ser puxada.

Oh Céus.

Não queria ser tocada, ainda mais por um homem. Ainda algumas cenas avulsas passava pela minha mente sendo enforcada por eles e agredida pelo meu pai e ex padrasto.

Duas de mimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora