Capítulo 16 - Que música é essa?

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Sai da escola tão depressa que Alina nem se deu ao trabalho de vir atrás de mim se explicar. Não conseguia descrever o tamanho da minha decepção com ela, minhas amigas queriam me acompanhar até em casa, mas eu estava tão chateada que só queria ficar sozinha.

     Ao me jogar na cama quando cheguei em casa, fiquei pensando em como Alina conseguiu pegar o meu caderno, já que eu mantinha ele apenas em casa. Jamais esperaria isso dela, ela era uma das minhas melhores amigas e agora tudo tinha sido destruído. 

     Ouvi meu celular vibrar no bolso da mochila e rolei na cama para abrir o zíper e tirar o aparelho de lá. Atendi a chamada que era da Cíntia e levei o telefone na orelha.

— Estou bem chateada. Não sei nem o que dizer… — pronunciei sem forças.

— Quer saber? É até melhor assim, sabe? Fazia tempo que eu sentia ela estranha e afastada de nós, mas nunca imaginei algo assim vindo dela! 

Tipo, ela errou feio e você merece no mínimo uma explicação, ela expôs sua privacidade! — a voz dela estava alta, claramente estaria brava.  

— Que merda! — esbravejei irritada e passei a mão no rosto. — O Cristian nem sabia que eu gostava dele e agora não só ele sabe, mas como a escola inteira! Todo mundo está brincando comigo.

— Não fica assim, Rafa. Não vale a pena amiga, se isso aconteceu vamos dar graças a Deus, pois Ele ouve o que nós não conseguimos ouvir pelas nossas costas — Cintia tentou me tranquilizar, e até que ela tinha razão. — Olha, vai parecer estranho porque eu não curto muito as festas do Ale, mas que tal a gente ir no sábado? Assim você pode tentar se distrair, sei lá. E eu só vou se você for! 

— Não sei não, não quero quero que as pessoas fiquem olhando para mim como uma coitadinha, que foi humilhada pela Sabrina, usada pelo Cristian e traída pela Alina. 

— É só você ignorar, vai deixar de fazer as coisas por causa do que vão pensar de você? — disse e eu mordi os lábios pensativa.

— Ainda estou de castigo pela briga no laboratório. Você vai ter que pedir minha mãe! — rimos. 

— Pode deixar! 

     Após a conversa com Cintia, peguei meus cadernos para estudar na escrivaninha. Tinha um trabalho de literatura para entregar, mas minha cabeça é tão avoada que eu não consigo passar mais de dez minutos sem viajar na maionese. Pisquei várias vezes tentando me concentrar para escrever no word, até uma notificação piscar no canto da tela. Era alguma coisa do Orkut. Desde que meus colegas resgataram a rede social, todo mundo passava horas conversando fiado como se estivessem no twitter. 

     Entrei na comunidade do jornal da escola, onde tinham postado um vídeo e estava escrito um pequeno texto.

           ALÔ FOFOQUEIROS DE PLANTÃO!!! 

SEGUEM ABAIXO O VÍDEO DO SUPOSTO PIVÔ DO TÉRMINO DO MELHOR CASAL DA ESCOLA.

    Sou uma boa curiosa e cliquei para dar uma olhada, mas não acreditei no que estava vendo. Era o vídeo onde eu e Cristian estava nos 

beijando no pátio do colégio.

    Merda!  Exclamei ao imaginar que eles estavam achando que eu era o motivo do término deles. Que calúnia! Eu nem tinha feito nada.

     Cintia tinha razão, era melhor eu ir na festa do Ale. Durante o tempo que eu fiquei quieta, fizeram da minha vida uma novela mexicana, então se eles queriam me tirar da zona de conforto, eles conseguiram. 

[...]

     Às sete e meia da noite, eu ainda estava fazendo o trabalho de literatura. Ouvi passos pelo corredor e minha mãe abriu a porta do quarto dizendo que Yuri tinha chegado. Ele ligou antes perguntando se poderia vir me ver. 

— Deixem a porta aberta! — mamãe mandou, abrindo espaço para Yuri passar, ela lançou um olhar ameaçador antes de sair.

— E aí? — ele exclamou abrindo um sorriso. — Como você está se sentindo? — aproximou, e eu  me levantei da cadeira para lhe dar um abraço. Eu amava os abraços do Yuri, eram aconchegantes e ele estava sempre cheiroso.

— Ah… — afastamos. Passei uma mecha de cabelo para trás da orelha, sem graça. — Estou tentando processar tudo ainda, sabe? Não quero ficar com raiva da Alina, mas a nossa amizade nunca mais será a mesma, entende?  — Yuri passou por mim e sentou na minha cadeira. Ele pegou na minha mão e olhou para mim.

— Isso é verdade! Mas sendo sincero, Rafa, nunca fui com a cara da Alina não, pra mim ela se acha a última coca cola do deserto. Então, não me surpreende. 

— É sério? — sorri com a fala dele. — Você é muito bobo, Yuri — brinquei bagunçando seu cabelo. Ele sorriu e tirou o celular do bolso da bermuda.

— Vou te mostrar umas músicas legais, você pode escutar quando for pra escola — observei ele digitar enquanto conversávamos, até ouvir uma música super alta atrapalhando nós dois.

     Era uma música do filme do rei Leão - Hoje a noite aqui na selva, porém, era uma versão funk.

"Hoje a noite aqui na selva quem dorme é um leão!!" 🎶

— QUEM É O DESOCUPADO QUE LIGOU ISSO UMA HORA DESSAS??? — ouvi os gritos da minha mãe. Eu até sabia quem era. 

•••
Obrigada pela leitura!

Ano Descolado #wattys 2021🥇Where stories live. Discover now