Capítulo 11- Nx zero

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Fomos levados para a diretoria, junto com a metade da turma, onde todos ficamos enfiados naquela sala minúscula, trocando olhares engraçados por terem nos ferrado em coletivo.

O diretor deu um sermão gigantesco em todos nós e nos deu uma advertência. Ele disse que a próxima briga em que toda classe se enfiasse, iríamos ser suspensos.

Ele dispensou todos e só sobrou eu e Cristian, que éramos os únicos sentados nas cadeiras de frente para eles.

Cristian permanecia desleixado, como se não se importasse, enquanto eu estava roendo as unhas por medo da reação da minha mãe quando chegasse em casa. Ela iria me matar.

— Agora vocês podem me explicar o que estavam fazendo naquela sala deitados no chão?— o diretor Rodrigues perguntou passando os dedos pelas pálpebras, como se tivesse com dor de cabeça.

— A culpa foi toda minha — ele disse sério. — Eu tirei ela da sala e a levei para o laboratório porque queria conversar, mas as coisas saíram fora de controle...

— E aí vocês decidiram se deitar um com o outro dentro da sala?!! — perguntou o diretor irritado.

— O quê???!!! — exclamei assustada. Eu e Cristian nos entre olhamos.

— NÃO!!! - gritamos juntos.

— Não é nada disso que o senhor está imaginando — afirmei inquieta. Deus me livre se isso parar nos ouvidos dos meus pais.

Então que diabos vocês estavam fazendo lá um em cima do outro?!

— Tecnicamente, ela estava em cima de mim! — Cristian aponta o dedo pra mim, que o encaro quase querendo o matar.

— Mas não é bem assim, diretor— expliquei. Voltando a olha ló. — Estávamos brigando, e acabamos caindo bem na hora que o professor de biologia apareceu, foi só isso.

— E por quê estavam brigando?

— Bem... acontece que a Sabrina...

— Coisas de final de semana! — Cristian foi mais rápido me interrompendo. — Não é nada demais. Podemos ir?

O diretor falou mais algumas abobrinhas e nos dispensou. Sai apressada dali, não queria ficar no mesmo lugar que o Cris nem mais um minuto.

                            [...]

Como esperado, minha mãe falou até babar na minha orelha quando recebeu a ligação da escola. Geralmente ela era a casca grossa, ao contrário do meu pai que era super de boa.

—Rafaela Lobato!! Eu espero que a senhorita não tenha passado dos limites por causa dessa advertência! — ela disse brava usando sua touca de cetim na cabeça.

— Aí mãe, também não precisa me tratar como criança, eu já tenho dezessete anos! — falei abrindo a porta da geladeira pra pegar algo para comer.

Meu irmão Fabiano me puxou pra trás, e invadiu a geladeira na minha frente.

— Ei!! — resmunguei.

— Vocês podem ter trinta anos que o chinelo ainda vai esquentar nessa casa! — mamãe falou enquanto o Fabiano pegou meu danoninho, se virando para mim sorrindo.

— Aposto que foi pega com um carinha no cantinho do colégio! — ele diz provocando.

Lhe dou um beliscão que o faz pular e soltar um grito.

— Sua atrevida!!! — ele fala e vira o danoninho todo na boca dele me fazendo pirar.

— OH MÃE!!! — grito irritada e tento pegar da mão dele que sai correndo subindo as escadas da sala. — FABIANO!!!!

— RAFAELA!!! — minha mãe me repreende e passa por mim indo fazer o almoço.

Droga.

Entro no quarto batendo a porta.

— ISSO MESMO, QUEBRA!!! — ouvi minha mãe gritar la de baixo.

Bufo e vou até o guardar roupa pegar minhas coisas pra tomar um banho.

Mas ouço o meu irmão ligando o som no maior volume de Nx zero - Razões e emoções.

Ano Descolado #wattys 2021🥇Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora