Não tive mais notícias de Victor depois daquele dia. Talvez seja melhor assim. Não quis perguntar a mãe dele como ele estava, pois tenho medo só de saber e me sentir culpada e com isso ter outra recaída, trazendo-o de volta para a minha vida, que nesse momento está uma montanha russa e só tem espaço para mim.

Também não recebi nenhuma mensagem de Rodrigo ou uma ligação depois que ele me levou na joalheria. Ele simplesmente desapareceu. Não quis mandar mensagem, ele deve está ocupado e mesmo que não tivesse, não há nada mais que ele possa fazer por mim. Eu o agradeci muito por tudo que fez e também fiquei chateada por ele vender drogas a Zoe, mas ao mesmo tempo, em um pequeno momento de delírio, entendi que era o trabalho dele, então isso tudo ainda é confuso para mim e eu estou correndo de confusão. 

Quanto ao Daniel, realmente não sei o que aconteceu. A última coisa que ele disse para mim foi que iria cuidar da Zoe. Como? Não sei. Tampouco tenho notícias da família Collins ou do nojento do Charles e por um lado bem egoísta, não queria saber. Só espero que o Daniel cumpra com o quê disse sobre a Zoe. Não deu para explicar com detalhes o que eu sabia por causa da chegada inesperada do Charles o que me fez pensar que talvez ele tenha seguido o Daniel, porque não era possível que ele tenha encontrado a gente por coincidência. Isso é malandro e não dá ponto sem nó!

Balanço a cabeça agoniada com os meus pensamentos. Já era quatro da manhã e logo terei que ir para o serviço. Mesmo pegando apenas um ônibus, ainda assim, preciso ir mais cedo para não correr o risco de chegar em cima da hora.

Fecho os olhos, forçando o sono. Conto até cem, passo o pé de um lado para o outro no colchão como costumava fazer quando criança e de repente começo a sentir o sono chegando...

***

Já estava quase na hora de fecharmos. Faltava apenas meia hora, hoje ainda era quinta feira, então Paula e Luana estava animada porque amanhã já era o último dia de trabalho. Elas tinham bastante planos para o final de semana, diferente de mim que provavelmente iria ler e ficar naquele  cafofo.

Tinha fechado bastante vendas hoje, bati a minha meta do dia. Pelo menos cada vendedora tem que vender algo até dá cinco mil, as vezes é difícil, mas aqui só entra pessoas com desejo de gastar sem nem mesmo olhar o preço.

— Vamos beber uma hoje? — Chamou Luana, com os olhos brilhando.

Paula dá de ombros. Ricardo parecia desanimado. Descobri através de Luana que Ricardo e Paula se pegam, fica nesse vai e vem. Ela é apaixonada, ele desapegado, mas parece gostar dela. Vivi implicando um com o outro o dia todo, é exaustivo só de observar.

— Não posso. — Diz Ricardo, alertando que já tinha um encontro hoje.

— Encontro com quem? — Paula pergunta fuzilando-o.

— Com a minha irmã. Prometi levar ela ao cinema. — Se explica imediatamente. Sorrio. Esses dois.

— Vamos, Yonara. — Pede, fazendo biquinho e segurando o meu braço. Luana era bem insistente, não muito diferente de mim.

— Eu não disse que não iria. — Digo e ela sorrir animada. — Mas não posso demorar muito. — Aviso de antemão.

Estava cansada, meus pés estão sofrendo nesse sapato e por não está conseguindo dormir direito, me sinto cada dia mais cansada, fora a viagem que tenho que fazer andando de ônibus.

Duas de mimOnde as histórias ganham vida. Descobre agora