No trabalho, Dinesh ganhou destaque no setor de contabilidade e os seus colegas gostavam da sua presença agradável. Por onde passava, o jovem cumprimentava todos e sempre contava alguma piada no horário de intervalo. O seu principal papel, além de ajudar diretamente a empresa, é fazer todos no ambiente de trabalho se sentirem confortáveis o suficiente para terem um bom rendimento diário. Mesmo trabalhando na empresa do pai, ele não usava nenhum benefício ou sequer citou o nível de parentesco. Na verdade, os seus colegas descobriram por um boato externo o qual vazou meses após a contratação dele. Ainda assim, Dinesh pediu para que todos o tratassem como um funcionário comum.

Em seus momentos sozinho, vagava pela cidade com uma caixa de cigarros no bolso. O seu péssimo hábito de fumar acabou se intensificando com a ausência de Shanti, mas ela o fez prometer lidar com o vício quando estivessem juntos novamente. Enquanto isso, aproveitava para divagar sua mente em pensamentos distantes a cada tragada no cigarro.

Certo dia, voltando para casa no meio da madrugada, encontrou o seu irmão sentado no degrau da entrada. Então, o rapaz jogou o cigarro na lixeira ao lado e se aproximou.

— Está tudo bem, Kiran?

Bhaya? O que faz a essa hora?

— Apenas dando uma volta, mas esse não é o assunto em questão. Você está bem?

— Estou sim, é que... Eu tive um pesadelo...

— Pesadelo? — questiona sentando-se ao lado dele. — Que pesadelo?

— Eu sonhei sobre aqueles dias com o Aseem, onde ele falava que eu não deveria ter existido. No final, acabei acreditando em suas palavras e, misteriosamente, me vi morrendo no sonho...

— Entendo... Que horrível.

— Você acha que ele estava certo? — Kiran pergunta virando o rosto em direção ao irmão. — Sobre que eu não devia existir...

— Claro que não! Aquele velho tinha um parafuso à menos, não ligue para o que ele te disse naquela época. Você está nesse mundo com um propósito, então não deveria alimentar esses pensamentos.

— Mas, ele...

— Sem "mas", não quero ouvir lamentações. Kiran, você é uma pessoa forte e nenhum comentário idiota de um velho louco mudará a sua essência. E como eu te disse, há um propósito para você nesse mundo.

— E qual é?

— Eu não sei. Cabe à você descobrir sozinho. — dizia dando nos ombros, olhando o horizonte. — Mas tenho um palpite.

— Diga-me.

— Você veio para trazer alegria e esperança na vida das pessoas.

— O que? Mas eu não sei como fazer isso!

— Não me questione, ora!

Dinesh puxava a bochecha do irmão, vendo-o fazer careta.

— P-Para...

— Quando eu era uma pessoa violenta, não conseguia ver um motivo para melhorar. — comenta soltando a bochecha dele. — Mas você sempre vinha correndo em minha direção e sorrindo, como se eu fosse alguém importante em sua vida. Isso me fez repensar em meus erros e desejar ser um herói para você.

— Você é Dinesh, sempre será.

O rapaz abria um leve sorriso focando os seus olhos negros na Lua.

— Fico feliz, bhai.

— Bem, se você diz que eu trago alegria para as pessoas, irei acreditar mas estou curioso agora. Qual o seu propósito no mundo, Dinesh? Você já o encontrou?

O filho perfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora